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Aborto. Crime sim! Imperdoável, não!

Autora: Giseti Marques

F alar sobre aborto para alguns que ainda não tem conhecimento suficiente é um assunto polêmico. “A escolha de abortar pertence exclusivamente à mulher”, é o que dizem as pessoas que acreditam ser justo esse “direito”. Contudo, sabemos que essa prática afetará sua vida e a de muitas outras pessoas.

Tenho uma amiga que já cometeu abortos. Quando converso com ela a esse respeito noto que se envergonha, pois talvez se sinta menor do que qualquer outro indivíduo, mesmo já tendo dado à luz ao número de abortos cometidos. Ela me relatou que quando olha para seus filhos só pede a Deus que sejam os mesmos que rejeitou no passado.

É verdade é que cada caso é um caso e as pessoas reagem de forma diferente às mesmas condições ou problemas, mas existe uma semelhança na maioria dos casos das mulheres que cometeram aborto: é doloroso em todos os aspectos, principalmente no emocional, onde relatam que fica um vazio de proporções gigantescas.

Além de ter que viverem com essa dor, que nós sabemos ser maior na consciência do que no próprio “coração”, essas mulheres são vítimas da falta de caridade que a maioria ainda carrega, ou seja, a discriminação.

Elas têm de suportar o peso dos olhares reprovadores, o sarcasmo de alguns, a maledicência de outros e o puritanismo de muitos. Então, diante desse contexto façamos o seguinte pergunta: será preciso Jesus vir novamente a Terra e reafirmar que “aquele dentre vós que nunca pecou atire-lhe a primeira pedra?” (João – cap. 8, v. 7).

O ser humano parece que luta pela mesma causa, entretanto, em caminhos totalmente opostos. Quando não é o radicalismo extremo é a liberdade demasiada.

O Espiritismo nos esclarece que devemos nos amar e também nos instruir para não cairmos nesses extremos perigosos e falíveis.

Aborto é crime, como nos diz “O Livro dos Espíritos” na questão 358, mas ele não nos diz em momento algum que a pessoa que cometeu esse crime está vitimada ao “inferno eterno”. O Evangelho nos ensina que “fora da Caridade não há salvação”, “que façamos aos outros, o que queríamos que os outros nos fizessem”, e tantos outros ensinamentos que nos chamam a atenção para uma realidade universal. Somos filhos do mesmo pai; de um pai de amor, de caridade, portanto, iguais e com a mesma necessidade de evoluir.

A Doutrina Espírita, ainda através de um dos seus pilares que é a Lei de Causa e Efeito, nos afirma que receberemos de acordo com as nossas obras, ou seja, a causa dos nossos sofrimentos é de origem pessoal, não divina. Uma mulher que desrespeita a lei divina através da interrupção voluntária da encarnação de um espírito terá, sim, de ressarcir sua falta. No entanto, sermos juízes e condenarmos essas filhas de Deus nos faz incorrermos em uma falta muito grave que também teremos que reparar.

A mulher que luta e consegue vencer seus problemas sem precisar recorrer ao aborto é uma heroína, que mesmo contra uma sociedade de valores deturpados deixa o amor lhe falar mais alto e consegue exteriorizar toda sua plenitude através de um ser que lhe acompanhará em mais uma existência. Ela coloca toda sua força na fé que lhe consubstancia a vida e traz para perto de si um indivíduo que com certeza será a maior prova de amor verdadeiro em nosso planeta – o amor de mãe.

Mas e tu, mulher, amiga, irmã que não suportou e sucumbiu! Quero me dirigir com especial carinho às essas mulheres que cometeram o aborto, que se sentem menores, que ficam envergonhadas, que lutam contra o monstro da culpa e da discriminação. Todavia, acreditam que podem levantar-se e lutam para vencer essas adversidades, pois sabem que acima de tudo são seres amados por Deus e confiam que podem recomeçar e dar a volta por cima, tendo a certeza que difícil é, mas impossível jamais. Só está derrotado aquele que não acredita que pode recomeçar.

O Espiritismo nos elucida ainda que temos um leque de oportunidades e que nunca devemos desistir de tentar vencer a nós mesmos, as nossas imperfeições, as nossas dificuldades. Que se unirmo-nos a Deus seremos fortes e nada nos afetará, pois nos sentiremos amparados pela divina providência.  O importante é não deixar o remorso ou a condenação nossa e dos outros vencerem as nossas forças e dar o primeiro passo, tendo em vista que somos vítimas de nossa ignorância ou do nosso conhecimento mal direcionado.

Pedro, na 1º epístola – cap. 4 , vers. 8 –, nos ensina que “o amor cobre a multidão de pecados,” e só mesmo o amor pode concretizar nossos sonhos de felicidade nos tornando seres melhores e conscientes.

Jesus, em João – cap.8, vers. 8 a 11 –, falando com a mulher adúltera, pergunta: “Mulher onde estão eles? Ninguém te condenou?”. Ela responde: “Ninguém senhor.” E Jesus lhe diz: “Eu também não te condeno: vai, e doravante não peques mais”.

Com essa sugestão do Cristo vamos procurar fazer a nossa parte; erguer quem fraquejou e se formos nós que fraquejarmos não vamos “pecar” mais. A mensagem do Consolador Prometido por Jesus é simples, se bem compreendida: o erro de hoje é a vitória de amanhã se soubermos aprender e reaprender sempre, afinal, todos estamos destinados à evolução. Entretanto, o tempo para que isso aconteça só depende de nós.

Fala MEU! Edição 81, ano 2010

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