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Aplausos na casa espírita

Autor: Marciano Medeiros

Alguns confrades afirmam que as pessoas frequentadoras das reuniões públicas são proibidas de aplaudir um orador, sob a alegação de que ele pode ficar vaidoso. No inicio do século vinte existiu um divulgador do pensamento Espírita, o major Manuel Vianna de Carvalho, quando ele terminava suas conferências, os ouvintes não só aplaudiam como em muitas oportunidades atiravam flores aos seus pés. Vianna de Carvalho desencarnou em 1926, até hoje não me consta de que ele tenha ficado vaidoso, por causa dos aplausos que recebeu.

Pessoalmente desconfio de certos Espíritas que não sentem raiva, nunca falaram nome feio, condenam novelas e são escravos do medo de desagradar, criando verdadeiros personagens, totalmente fictícios. São puritanos de plantão e que me fazem citar o Espírito André Luiz no livro, “Missionários da Luz”. Você tomar um aperitivo despretensioso, a boa refeição e uma aproximação afetiva respeitosa, não são desregramentos espirituais.

Da mesma maneira essa invenção de que alguém fica vaidoso, não tem sentido lógico, ou a pessoa é vaidosa ou não é. Quando André Luiz regressou à sua casa e superou os laços da inferioridade egoísta, recebeu bela homenagem da Colônia Nosso Lar, sem que isso tenha impedido seu amadurecimento mental. Os dirigentes da referida Colônia não foram proibir o título de cidadania espiritual, ofertado ao humilde amigo desencarnado, que tem sido verdadeiro repórter do além-túmulo.

Acredito na possibilidade de alguns desses trabalhadores puritanos, terem vivido naqueles mosteiros Medievais, retratados no livro do escritor Umberto Eco, “O Nome da Rosa”. As manifestações de alegria, eram reprimidas como forças do demônio, ali existiam proibições fanáticas e sem o menor sentido. Sugiro aos leitores, que assistam pelo menos ao filme baseado no texto de Umberto Eco, para que possam tirar suas conclusões.

Se a moda da repressão pegar nas casas Espíritas, as pessoas serão impedidas aplaudir quando realmente gostarem e num futuro breve, certo dirigente dirá: É terminantemente proibido nessa casa Espírita de sorrir, pois tal gesto pode quebrar a harmonia do ambiente. Ninguém tira harmonia com um aplauso sincero e sim com os pensamentos limitados e preconceituosos. A meu ver tal atitude repressora não tem base doutrinária, reflete um conservadorismo antiquado, responsável pelo afastamento de mais de uma pessoa dos nossos encontros. Querem transformar essas reuniões em verdadeiros cemitérios de mortos vivos, sem a menor manifestação de calor humano. Na realidade a vaidade é do dirigente que não admite que outro alguém e não ele seja aplaudido. Qual o problema de reconhecer espontaneamente o mérito de alguém?

Pessoalmente acho que não deve existir obrigatoriedade de aplausos ou não aplausos, mais se ocasionalmente isso acontecer, o público deve ser respeitado em sua manifestação de carinho pelo orador. Pois Raul Teixeira conta que foi fazer uma palestra e quando terminou, a plateia ficou muda e começou a aplaudir sem que as palmas das mãos batessem uma na outra, eram aplausos fluídicos. O dono da reunião se levantou e disse: Esse eu permito que aplaudam. Reflitamos sobre isso lembrando o que escreveu Joanna de Angelis: Quando nos conhecemos não tememos nem o elogio e nem a crítica. Vamos aprender a receber estímulos com naturalidade, sorrindo, agradecendo e transferindo para a Doutrina, sempre. Quem achar que estou falando besteira, sugiro que no primeiro encontro, peça a opinião de Divaldo Franco sobre o tema. Então ficaremos felizes ao saber que um colega faz bom trabalho, não apenas aplaudindo de vez em quando, bem como pedindo a Jesus que mantenha o confrade no roteiro do equilíbrio e da paz.

Fala MEU! Edição 73, ano 2009

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