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Estamos falando de… Amor

Autor: Thiago Rosa

A palavra amor parece modismo. Afinal, é amor aqui, lá ou acolá. É muito fácil ouvirmos amor em diversas bocas, exaltados de diversas formas no dia-a-dia. E todo mundo parece amar infinitamente. Afinal, o verbo amar parece ser uma coisa, antes de tudo, bonita, meiguinha. Ou simplesmente parece que o sentido do amar é um movimento da moda atual. Será que amar então não passa de modismo, como um brinco, uma roupa ou um tênis que vislumbramos na vitrine?

Vamos falar então simplesmente do AMOR. Aliás, este assunto me faz relembrar um certo dia, alguns anos atrás, quando a mocidade que faço parte, mais conhecida como MECAL (Mocidade Espírita Caminho da Luz), foi formular um evento onde o tema central escolhido foi: “Estamos falando de amor”. E foi baseado na forma mais singela e simples que até então tinha ouvido a ligação da palavra amor com alguma situação. Lembro que um certo dia, uma senhora ao adentrar na casa espírita questionou a um grupo de pessoas que ali estudavam no salão sobre do que se tratava o assunto. O orador, atual tesoureiro da USE Regional São Paulo, senhor Osmar, que nem deve lembrar do fato, respondeu de forma sutil: “Estamos falando de AMOR”.

Mas então Amor. O que seria o amor?

Sabemos nós que os homens conhecem muitos amores: materno, filial, conjugal, fraterno, platônico, da pátria, divino, e por aí vai. E com esta coleção de amores talvez ignorem sobre o verdadeiro amor propriamente dito, e que não precisa de complementos. Podemos ver que este monte de formas amorosas, individual a cada pessoa, é o que dá origens a verdadeiros sofrimentos. Muitos até parecem que irão resolver os problemas minúsculos da vida, e ocorre em muitas vezes o contrário, realmente a complicam mais do que parece estar complicada.

O amor em muitas vezes é utilizado como desculpa de nossas falhas. Este amor simples a que dizemos banalmente como falamos um palavrão qualquer, em meio a atitudes que nem percebemos direito, é o mesmo amor que serve de alicerce para nos aliviar as costas. Quantos não falam: “Fiz em nome do amor”.

Coitado do amor isso sim, que leva seu nome em vão entre as labaredas da paixão ou mesmo na ira de uma situação desastrosa. Os amores conjugais, por exemplo, respondem em grande parte pelos divórcios, isso quando não causa tragédias domésticas, muitas vezes estampadas nas manchetes vivas e violentas do jornal. Esse mesmo tipo de amor consegue criar histórias que muitas vezes acabam no necrotério através de dois crimes comuns conhecidos como o assassínio e o suicídio. Cria-se dramas passionais ou delitos por amor.

Amor fraternal é o mesmo que une uma família e ao mesmo tempo resulta em brigas entre irmãos que se conhecem desde pequenos e são criados sob o mesmo teto da educação. Existe o amor da pátria que se diz responsável pelas guerras entre muitas nações, crises internacionais, econômicas e inclusive a fome. É o mesmo amor capaz de criar armas de destruição em massa e derramar o sangue na Terra que deveria ser cultivada através do suor e auxílio ao próximo.

Sem podermos esquecer do amor divino. O grande responsável pelas cruzadas, perseguição e até a famosa inquisição onde, em nome da salvação, as pessoas eram queimadas vivas na fogueira. Isso sem esquecer a grande Noite de São Bartolomeu que derramou sangue até banhar os pés e calcanhares de quem continuava de pé. Aliás, é o mesmo amor divino responsável pela tristeza que está estampada no Oriente Médio. Enquanto as pessoas rezam, o fuzil permanece pendurado no ombro como uma bíblia de guerra. Estas ideias a qual definimos “amor”, certamente são desastrosas.

Quando se ama nada constitui esforço, sofrimento ou sacrifício. Por isso é tão clara a palavra do grande instrutor da humanidade que, depois de muito haver falado e exemplificado o verdadeiro amor, deixou a grande mensagem aos seus discípulos: “Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros, como vos ameis”. Aí estava a grande diferença entre este amor e os demais amores. Seu amor, estendido pelo mandamento, está no modo de como “amar”. Deus é amor, portanto, o verdadeiro amor é uno com o verdadeiro Deus.

Este verdadeiro sentimento em tudo palpita, pois em essência, é a mesma vida universal que anima a infinita criação. É assim que podemos sentir sua essência na estrela que pontua o céu, na flor que desabrocha, no sorriso encantado de uma criança, nos pingos da chuva que limpam o céu ou mesmo na música que soa na vitrola da natureza.

O amor é tão rico de carinho e de bênçãos que jamais diminui de intensidade e nem se exalta ou reclama, já que é fonte de compreensão, educação das emoções, do comportamento e da vida. Como disse o espírito Fenélon em O Evangelho Segundo o Espiritismo, o amor deve se manifestar pela caridade, humildade, paciência, devotamento, abnegação e sacrifício.

Nosso amor ainda é tão egoísta que chega a responder pela grande desigualdade social espalhada pelo planeta afora.Quando soubermos realmente amarmos uns aos outros, sem nada em troca, simplesmente amar; quando o orgulho e o egoísmo deixarem de ser os sentimentos predominantes na Terra, todo homem de boa vontade achará uma ocupação adequada as suas aptidões e que lhe garanta a uma vivência digna.

Conforme Ermance Dufaux, a legítima obra do Cristo constitui de pessoas que aprenderam a se amar. Que nos valerá erguer paredes, escrever livros, distribuir gêneros, instituir pactos, se não aprendemos a perdoar, a aceitar críticas, a gostar dos diferentes, a tecer relações com os antipáticos, a gostar de se relacionar? A obra de Jesus, em verdade, estabelece-se no reino íntimo do coração e projeta-se nos benefícios da convivência pacífica e educativa. Sem isso, existem apenas movimento e treino emocional para o futuro.

Então o que é o amor?

É o sentimento por excelência; e os sentimentos são os instintos elevados a altura de acordo com sua evolução. Em seu ponto de partida o homem tem apenas instintos; avançado e corrompido têm apenas sensações; mais instruído e purificado tem sentimentos, onde o seu ponto alto é o amor. O espírito deve ser cultivado como um campo onde toda a riqueza futura depende do presente. Desde os mais elevados aos mais humildes, a centelha deste fogo sagrado, permanece em seu coração. Amar é ser leal, probo, consciencioso, para fazer aos outros o que deseja para si mesmo.

Fala MEU! Edição 43, ano 2006

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