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Meu amigo obsessor

Autor: Rafael Teixeira

Convivendo no meio espírita, vemos muitos estudos, artigos, palestras e livros falando sobre obsessão e influência de maus espíritos. Sempre acentuando que temos que estar atentos (vigiai e orai) e nos mantermos com saúde espiritual para não sermos alvo destes espíritos.

Apesar de todo bom conselho que estes alertas representam, acabam por gerar certa mentalidade, como consequência, que cabe aos estudiosos espíritas desmistificar. Muitas pessoas partidárias do espiritismo ou em contato com a doutrina acabam enxergando (talvez por medo, talvez por crenas anteriores católicas e protestantes) um mundo dualista, onde permanece a eterna guerra entre o bem e mal. Como se existissem os espíritos bons e elevados, que nos auxiliam, e os maus que por algum motivo estranho se dedicam a obsediar pessoas inocentes. Como se os espíritas ainda tivessem fechados na crena antiga de que existe o Diabo contra Deus, demônios contra anjos, mau contra bom. A mesma crena limitada apenas trocando o nome dos personagens. Em vez de dizer demônios, dizem espíritos inferiores, porém pensado do mesmo modo. Os Espíritos da codificação, entretanto, vieram nos ensinar que não existe o mal essencialmente. Aquilo que chamamos de mal não é o oposto do bem  a verdadeira regra do universo  é apenas um processo psico-social pelo qual passam os espíritos em seu processo evolutivo para se afinar com a regra do universo, ou seja, o bem. Não existe dualidade. Os espíritos ignorantes que pelas circunstâncias atuais ou por uma imposição externa (social ou moral) fazem o bem, não são melhores que seus irmãos que em circunstâncias diversas fazem o mal, se estão ambos no mesmo grau evolutivo, no mesmo grau de ignorância. Muitas vezes um espírito numa existência em que só faz o mal acaba evoluindo muito, aprendendo com as dores que suas ações lhe trazem, enquanto outros que fazem o bem (ou acreditam fazer) têm sua mentalidade tão fechada, crendo que sua postura no caminho do bem já é suficiente, que permanece estacionaria, sem evoluir. É preciso acabar com esta briga entre o bem e o mal rivais que não passam de crianças e olhar para o verdadeiro bem adulto que os aguarda no caminho para a evolução.

Os processos de obsessão não são uma vitória do mal, mas antes fazem parte do processo de aprendizagem do universo. Não é à toa que estes acontecem e não existem vítimas nessas situações. Para ilustrar o que digo vou dar dois exemplos de processos deste tipo pelos quais passei. Apesar de não ser médium as vezes sou alvo de influências negativas como qualquer outra pessoa pode ser. Num primeiro caso que me ocorreu, posso ilustrar que esses ataques não são fortuitos, sendo que muitas vezes a causa deles foi o próprio obsediado com suas condutas e seus atos.

Logo pequeno comecei a sofrer de uma situação desconfortável. Depois de dormir, sentia como se já tivesse acordado, como se meu espírito já tivesse retornado ao corpo, mas não conseguia movê-lo, ficava como que paralisado na cama tentando acordar direito desesperadamente e isso as vezes durava minutos. Depois de algum tempo isto parou. Porém, depois de já mais velho e ter estudado sobre o espiritismo com maior compreensão do mundo espiritual isto, esta situação, voltou a ocorrer, mas com um agravante: depois de algumas vezes comeou a aparecer um espírito que, se aproveitando de minha paralisia, me atacava. Causando não uma dor física, mas uma espécie de agonia sensível que me deixava mais desesperado para acordar. Depois de isso acontecer algumas vezes resolvi fazer algo. Então certo dia, nesta situação, tentei manter a calma e rezei para que conseguisse me mover, conversar com o espírito. Foi isso me concedido e eu consegui me levantar. Disse a ele então que sabia que tinha cometido muitos erros em outras encarnações e que sabia que ele tinha motivos para estar me atacando. Que embora, pela minha situação atual eu não lembrar do que lhe fiz, que estava arrependido e tentava melhorar nesta vida. Então lhe pedi perdão e lhe dei um abraço. Depois disso ter ocorrido acordei e ele nunca mais apareceu. E eu também nunca mais tive o problema de não acordar direito.

Num outro caso mais recente eu estava em um dia timo, com o pensamento elevado, sem preocupações, tanto que me espantei de sofrer uma obsessão, já que ao meu ver, não tinha dado abertura para isso. Estava em um dia muito bom e a noite em casa sofri repentinamente um estranho abatimento físico, uma tontura, e fui pedir ajuda de minha mãe que é terapeuta. Por minha mãe ser também médium, logo percebeu que se tratava de influência espiritual. Uma entidade que eu tinha pego de uma amiga minha. Decidimos então fazer um evangelho para resolver a situação. Depois da prece o mentor de minha mãe, que se comunica com ela disse que o ataque do espírito já tinha sido neutralizado e que ele assistiria a leitura do evangelho conosco. Eu abri o livro e minha mãe leu uma parte que falava sobre o esquecimento do passado e sobre resignação perante o passado, provavelmente tema sobre o qual o nosso convidado precisava ouvir. Depois de terminada a reunião, todos foram embora e fiquei pensando que naquela tarde, algum tempo antes do abatimento físico eu tinha ficado uma hora no telefone com minha namorada falando justamente sobre o tema que caiu no evangelho. E durante este tempo o espírito já estava me acompanhando, tentando me influenciar, e teve que ouvir tudo. Isso me fez perceber como essa situação de obsessão pode ser uma oportunidade de aprendizado para o espírito. O quanto nós podemos ensinar para os nossos acompanhantes com nossas próprias vidas. O obsessor ao acompanhar alguém se coloca na posição de observador dela, e um observador sempre pode aprender muito compartilhando as experiências dos outros para o seu próprio proveito. Mesmo que por nossas fraquezas não consigamos dar o exemplo para eles nas situações difíceis (algo pelo qual nós devemos nos esforçar) ainda sim podemos apenas sofrendo nossas próprias  provas e aprendizados normalmente, com algumas falhas, já passar algum aprendizado para quem nos acompanha. Afinal, se a vida é aprendizado, alguém que usa seu tempo para observar e acompanhar a vida alheia, se coloca, mesmo que involuntariamente, na posição de aprendiz.

Que bela prova da justiça e da sabedoria divina! Mesmo na situação indesejável mais temida pelos espíritas, Deus mostra suas leis. Mais uma vez vemos que não devemos maldizer a ordem das coisas pois sempre sairmos ganhando no final. Aliás, vale lembrar que nós também aprendemos muito com os processos obsessivos, além deles serem constantemente o meio de nos provar a existência do outro lado, que relutamos em acreditar. Por mais que nos apareça qualquer mal, o espírita deve abrir a mente e raciocinar, pois logo verá que só o bem existe e que por todos os lados pode enxergar irmão.

Fala MEU! Edição 65, ano 2008

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