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Drogas: O problema não é só seu, é de família

Autor: Rodrigo Prado

Segundo as respostas dos espíritos superiores a Allan Kardec nas obras da codificação, o objetivo da encarnação é o desenvolvimento e elevação moral de cada espírito, que criado por Deus simples e ignorante, vem ocupar aqui no planeta Terra ou em outro dos milhões existentes no universo, um corpo de carne, para que através da vida de relação, do convívio primeiramente em família e posteriormente em sociedade, possa se conhecer e evoluir, e um dia atingir o grau máximo de sua evolução, que será sua felicidade suprema, felicidade essa que todos nós somos atraídos irresistivelmente a atingir. Para os espíritos ainda inferiores, a felicidade está nos bens materiais e nos prazeres, coisas essas passageiras, mas conforme avançam moralmente, conseguem sarar dessa “miopia”, focando como disse Jesus “no verdadeiro tesouro, que a traça não rói, que a ferrugem não corrói e que os ladrões não podem desenterrar e roubar”.

Com essa breve introdução, podemos prever milhões de pormenores que irão acontecer durante a vida de um espírito, nas suas encarnações, e que por piores que sejam suas experiências, nada será perdido na sua formação, pois tudo foi importante e no final, atingirá a tão desejada evolução. Porém, como diz um velho ditado: “todos os caminhos levam a Roma”, uns mais curtos, outros mais longos, e é normal que queiramos escolher o mais bonito, com menos espinhos, e quem sabe até o mais rápido, porém, diante de uma bifurcação da vida, estamos preparados para a escolha certa? Estamos conscientes de tudo o que nos espera em cada um dos caminhos?

Bem, como resposta a essa pergunta, alguns podem dizer que existem duas respostas: sim ou não, porém podemos pensar que as respostas podem ser as mais diversas e complexas, assim como complexo cada um de nós é.

Como escrito no começo, o convívio familiar é o primeiro meio que o espírito encontra para evoluir, que mais uma vez segundo os espíritos, a família é a célula principal da sociedade, ou seja, o primeiro grupo e o mais importante da qual participamos, e que a sociedade nada mais é do que o reflexo dos membros de cada família. Se tivermos famílias equilibradas, teremos uma sociedade saudável, justa, compreensiva, amoroso, etc., porém se a família estiver doente e desequilibrada, a sociedade estará da mesma forma, pois fazendo uma analogia com uma casa, se a base não estiver bem feita, a casa trinca todinha, podendo vir a desmoronar. Coincidência ou não, atualmente temos visto as sociedades, não só brasileira, mas como de diversos países, desmoronarem por conta das muitas dificuldades que vêm sofrendo, problemas que não são de agora, mas que nos acompanham já há muito tempo, e um desses problemas, são as drogas, que estão presentes em nossas vidas há milhares de anos, seja nos selvagens para a cura de doenças ou nos rituais religiosos, seja no Egito antigo, que atualmente cientistas encontraram vestígios de cocaína em algumas múmias, e nos nossos dias as drogas são encontradas nas prateleiras das milhares de farmácias, nos bares e padarias em forma de bebidas e cigarros, nas baladas nas mais diversas formas, nas festas de aniversário em forma de narguilé, ou ainda nas “bocas ou pingueiras” dos narcotraficantes espalhadas por todo o país.

Família e dependência química, dois assuntos que não combinam em nada, pois enquanto o primeiro é o meio para o espírito evoluir e rumar à felicidade, o outro é só desgraça, embora vendido num pacote bem bonito e com a promessa de felicidade fácil e rápida. Mas longe disso, pois o caminho das drogas é só escuridão, choro e ranger de dentes, uma rota que faz o espírito se afastar mais e mais de sua evolução e da real felicidade.

Mas se família e droga não combinam, por que a droga está tão presente dentro da família? Reflita: quem nunca foi no bar ou padaria comprar cigarro, cerveja, ou pinga, pros pais, tios ou avós quando era criança ou ainda faz isso? Quem nunca parou com o pai no boteco e enquanto você tomava o seu refrigerante, ele tomava um trago daquela água que passarinho não bebe, e quando te via olhando, falava pra olhar para o outro lado ou que aquilo era só água? Quem não teve ou tem ainda um barzinho na sala de casa, e que muitas vezes brincou com as bebidas quando os pais não estavam? Quem não teve ou tem praticamente uma farmácia dentro de casa, onde ao menor problema, um pai ou mãe, corre pra pegar um remedinho que resolva o mal estar num passe de mágica?

Pois é, e quem brinca com fogo pode se queimar ou fazer xixi na cama… e como toda ação tem sua reação, hoje vemos claramente as consequências desses atos que pareciam inofensivos, mas estão aí infelizmente, na minha família e talvez na sua, e com certeza na de outras milhares de pessoas, onde hoje a droga tem ganhado muitas batalhas, e dia após dia, famílias e mais famílias, caem por nok-out, ao golpe em cheio na cara, quando constatado que um dos familiares se tornou um dependente químico, e assim não só ele adoece, mas também a família inteira (desenvolve a codependência), que vê seu “chão cair” e não sabe o que fazer, pois até então achava que fazia tudo certo e não imaginava que um ente querido fosse um dia “mexer com essas coisas de droga”.

Droga não é ruim

Toda vez que alguém nos chamou a atenção, ou nos bateu, ou nos pôs de castigo, por conta de alguma atitude nossa, mas sem nos explicar o que fazíamos de errado, será que entendemos o problema, e simplesmente deixamos de fazer aquilo? Ou continuamos fazendo às escondidas? É muito comum ouvirmos a frase: Não use droga porque é ruim! E essa frase vem para muitos como um desafio, seria quase como dizer: Não pense num elefante branco com bolinhas rosa! Será que você conseguiu não pensar nisso? Pois é, e será que muita gente não experimentou drogas para ver se era ruim mesmo? E pasmem… muitos, mas muitos mesmo vão conferir pra saber qual o barato que dá o tal bagulho.

Mas será que na vida vamos ter que fazer tudo ou experimentar de tudo para saber o que é bom ou não? Já dizia o apóstolo Paulo: “Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém”. Frase essa que cai muito bem nessa questão das drogas. Será que o jovem terá que experimentar bebida, cigarro, maconha, loló, cola, esmalte, cocaína, narguile, etc, etc, etc, para saber se tudo isso realmente é ruim? Voltando à Paulo, podemos fazer tudo o que quisermos, e até mesmo não fazermos nada, porém isso irá acarretar, no início, consequências que podem ser boas, gostosas, prazerosas, empolgantes, gerando emoção e adrenalina pura, tão ao gosto da juventude. Mas é necessário olhar mais pra frente, pro futuro, para saber o que isso poderá me ajudar ou prejudicar. Quem experimentou droga por exemplo, pode ter gostado ou não. Se não gostou, o que pra ele será muita sorte, pode então nunca mais provar outro tipo, agora se não está vigilante, pode provar outras drogas até achar uma que goste, ou ficar viciado já na primeira vez que provou, mesmo que não tenha gostado, mas passará a usar a tal substância, pois o organismo passou a depender daquilo, como depende de água para sobreviver.

Para alguns daqueles que usaram e gostaram, poderão não fazer mais uso, pois embora o prazer, num momento de lucidez, muito provavelmente intuídos pelo anjo da guarda, caem em si, e percebem a enrascada que estão se metendo e pulam fora, nunca mais provando novamente; agora terão aqueles, que mesmo amparados pelos espíritos protetores, continuarão usando pelo prazer e barato da sensação, se dirão os “bambambans” e coisa e tal, que param a hora que quiserem. Porém se enganam, pois do uso experimental, passam para o abuso e finalmente para a dependência.

Segundo a psicóloga Marcelina Oliveira “uma pessoa pode vir usar droga porque geralmente quer preencher algum espaço vazio em sua vida e que nem sabe explicar. E muitos podem ter sido os fatores que influenciaram na vida da pessoa, gerando esse tal vazio interior, um exemplo pode ser uma gravidez inesperada, que os pais transformam em indesejada, em algo que julgam ser ruim, porém, essa rejeição ao filho, poderá afetar na formação psicológica da criança já no útero materno. Então o ideal é que os pais desejem a gravidez e se preparem para isso, assim como devem se preparar para saber cuidar do filho depois que ele nascer”.

Dependente químico

Droga é toda e qualquer substância, natural ou sintética que, introduzida no organismo, modifica suas funções. Quem faz uso de droga, de tal forma que dependa dela, é um dependente químico – para facilitar usaremos a abreviação DQ -, e não dizemos aqui uma pessoa que usa, por exemplo, um remédio para pressão arterial, ou para controlar qualquer outro tipo de doença, pois neste caso trata-se de uma questão de resgatar a saúde e manter a vida, situação totalmente oposta no caso do DQ, que caminha para a morte.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a dependência química como uma doença. Isso mesmo que você está lendo, o DQ não é um vagabundo, safado, cara de pau, e tantos outros adjetivos depreciativos que tanto ouvimos falar ou que até mesmo nós utilizamos, ele é um doente, desenvolveu a doença da dependência, que não tem cura, mas tratamento, e que deverá ser feito o resto da vida. Ao olhar a dependência sobre esse ângulo, muda-se completamente a forma como se vê o dependente, ele passa ser um doente, assim como uma pessoa que tem câncer, e um dos sintomas da dependência é a negação, onde a pessoa se nega a achar que é dependente e que precisa de ajuda, é como se ela perdesse a razão, subtraída pelas drogas. E se um irmão, pai, mãe, filho, filha, ou tio nosso tem um câncer, todos ficaremos preocupados e comovidos com o problema dele e iremos querer ajudar no que for possível, e com certeza na cabeça de ninguém vai passar a ideia de querer colocar esse doente pra fora de casa, ou achar que ele tem câncer por que é um sem vergonha, e desta forma, se o DQ é um doente, por que tratá-lo diferente? Por que não dar a ele a mesma atenção que qualquer outro doente teria? Talvez alguns dirão que no caso da dependência é diferente, pois o DQ ficou doente porque quis, já que ao usar a droga assumiu o risco, caindo nas ma lhas da lei de causa e efeito; mas será que é simples assim? Uma questão que aos poucos vem se tomando consciência, é da influência da mídia, principalmente quando o assunto é droga, bastando lembrar que até poucos anos atrás era permitido fazer propaganda de cigarro, e ao proibir-se isso, ocorreu o que se esperava, a maioria dos fumantes continuaram fumando, mas reduziu-se o número de novos fumantes, principalmente adolescentes e jovens. Mas muito há o que avançar nessa área, pois o número de propagandas de remédios e bebidas alcoólicas são muito grande, e a repercussão disso pode ser vista facilmente, onde o Brasil ocupa o primeiro lugar no mundo de países que mais se consome remédios por automedicação. No caso do álcool, a situação é muito mais grave, já que a bebida está sempre associada a coisas legais, focando principalmente a juventude, e assim as propagandas trazem temas como: amizade, festas, sexo, curtição, praia, mulheres e homens sarados, artistas famosos, e ampliando a influência, as empresas de bebidas promovem eventos diversos, como por exemplo, o SkolBeats e até promoverão a Copa de 2014 no Brasil. Mas não param nisso, elas trabalham, de forma estratégica outros valores para influenciar ainda mais as pessoas, como conceitos: “não seja quadrado, tome essa que desce redondo” ou “tome uma da Boa”. Vende-se então uma imagem de que com aquilo você será feliz, popular, seus problemas irão acabar, mas não é isso o que ocorre, não é isso que se vê nos grupos de tratamentos, não é isso que se vê nas baladas ou nas festas de final de semana, não é isso que “vejo na minha” família e em muitas outras, tragédias e mais tragédias. Com tudo isso, percebe-se que o DQ foi influenciado em suas escolhas, tem a sua cota de responsabilidade por ser um viciado, mas têm também todos que para isso contribuíram, e a parte podre da mídia tem o dedo, ou melhor, um de seus tentáculos nisso. Nesse mundo que nos encontramos quem está limpo de pecados e pode atirar a primeira pedra? Quantas vezes não erramos, e mergulhados no sofrimento, sempre surgiu alguma boa alma que estendeu as mãos e nos amparou?  Logo, amparar o DQ, além de caridoso, se torna um sinal de inteligência, pois ninguém consegue ser feliz realmente vendo ou sabendo que um dos seus está doente, e se pode ajudar e não o faz, o futuro o reservará ainda mais sofrimentos, decorrentes de sentimentos de culpa e remorso, que mesmo tardios, serão trazidos pela consciência.

Para saber um pouco mais dessa doença da negação que é a dependência, nada melhor como conhecer os cinco estágios classificados pela ciência:

  • PRÉ CONTEMPLAÇÃO: Onde o DQ nega que precisa mudar. A negação faz parte da doença e por isso é difícil ele aceitar que é um dependente e precisa de ajuda.
  • CONTEMPLAÇÃO: O DQ tem consciência, mas ainda rejeita mudar, tem desejo, mas sem atitude.
  • PREPARAÇÃO: Quer mudar e está decidido, reconhece o problema, mas não sabe ainda como mudar. Tem medo de não conseguir, falta informação.
  • AÇÃO: Engaja-se em ações específicas para alcançar a mudança. Estar num tratamento nesse momento é fundamental, pois sozinho é muito difícil.
  • MANUTENÇÃO: Já mudou e procura manter o novo padrão de comportamento.

Co-dependente

O termo codependência não é muito conhecido pela sociedade, mas está totalmente relacionado à questão da dependência química. Segundo o site Anti Drogas, “codependência é uma doença emocional que foi ‘diagnosticada’ nos Estados Unidos por volta das décadas de 70 e 80, em uma clínica para dependentes químicos, através do atendimento a seus familiares… Os codependentes são aqueles que vivem em função do(s) outro(os), fazendo destes a razão de sua felicidade e bem estar. São pessoas que têm baixa auto-estima e intenso sentimento de culpa. Vivem tentando ‘ajudar’ outras pessoas, esquecendo, na maior parte do tempo, de viver a própria vida, entre outras atitudes de auto-anulação…. A codependência também pode ser fatal, causando morte por depressão, suicídio, assassinato, câncer e outros…”.

Complementando essa visão, a psicóloga Oliveira diz que “a família precisa se desligar emocionalmente do DQ. A mãe, pai, esposa, irmãos, precisam cada um cuidar de si também e não só do DQ, cada um precisa viver a sua vida, e se anular pelo DQ não vai ajudá-lo, só criará mais problemas”.

Mas se é difícil para o DQ assumir que precisa de tratamento, para a família, se torna ainda mais complicado, pois para ela quem tem problema é o DQ e não ela, e essa mudança de paradigma vai exigir um esforço, principalmente para romper com o orgulho – sentimento que os espíritos afirmaram ser, junto com o egoísmo, a causa de todos os males da humanidade – e assim a família perceber também que está doente, que precisa se tratar, pois desenvolveu a codependência.

Kátia Teixeira, Psicóloga Clínica e Especialista em Dependência Química diz que “é muito comum os familiares se perguntarem: ‘Por que foi acontecer isso comigo?’ ou ‘Que Deus é esse que deixa eu passar por essa situação, sempre fui uma boa pessoa na juventude, para ter agora um filho drogado?’, mas a essas perguntas eu respondo: – E por que não comigo? É preciso que a família deixe o personagem de coitadinho e traga a tona o seu guerreiro, mudando assim a visão sobre essa situação, para poder realmente ajudar. Em outras palavras, é preciso resignificar”.

O drama familiar

“Eu odeio sexta-feira, pois é quando meu marido sai pra se drogar e só volta na segunda-feira à noite após o serviço”. “Ele está fazendo mal pra mim, não estou vivendo mais, pois ele não está nem aí, mas eu preciso mudar e pensar em mim”. “Meu marido é alcoólatra e minhas filhas fazem questão de serem grosseiras com ele, rejeitando-o por causa disso”. “Na minha família o vício está se repetindo, minha filha está bebendo, meu marido era alcoólatra e meu sogro também foi”. “Que porcaria de vida!!! Por que meu filho foi usar drogas? Olha o que ele está fazendo comigo!”.  “Por que minha mãe não me leva pra passear ou vai nas reuniões da escola como fazem as mães dos meus amiguinhos.”

As frases acima são trechos dos relatos de várias famílias, que sofrem no momento por conta de um ou mais familiares (pai, mãe, marido, esposa, filhos, netos, sobrinhos, avô) que se encontram nas drogas. A leitura atenta dos trechos permite perceber o quanto é grande o sofrimento e o desespero do familiar, nos trazendo um choque com essa triste realidade, que infelizmente não está restrito a poucos, já que a maioria dos lares brasileiros tem problema com a dependência química.

Exatamente por desconhecer ou não aceitar que o DQ é um doente, e que também ela, a família, precisa de tratamento, é que vemos hoje um baixíssimo número de DQs recuperados, e segundo a Assistente Social, Terapeuta Familiar e Especialista em Dependência Química, Jocimara Salles, “apenas 20% dos dependentes conseguem se recuperar infelizmente, isso devido à falta de autoconhecimento, pois o DQ não se conhece, e outro agravante em alguns casos é falta de recursos de muitos tratamentos, onde por exemplo, é difícil conseguir uma internação de desintoxicação para os casos mais graves, questão importante para o doente conseguir iniciar o tratamento”.

Mas um dos principais motivos ainda da não recuperação do dependente “está relacionado à família, já que 70% dos dependentes que se recuperaram, a família também participou do tratamento, ou seja, tratou a sua codependência, isto é, assumindo a sua cota de responsabilidade e mudando a sua forma de agir, participação essa fundamental no tratamento do DQ”, afirma a Psicóloga Teixeira, e complementa que “para isso deve ser escolhido um lugar adequado para o tratamento, e também a família deve sempre lembrar que um dos sintomas da doença da dependência, é a negação, e por isso ela precisa ajudar o DQ, que na grande maioria das vezes não vai querer procurar um tratamento por si só, e quando a família consegue levá-lo pelo menos uma vez no tratamento, é possível através de uma entrevista motivacional, derrubar os preconceitos e a negação do DQ”.

Uma mudança de postura, em conjunto com novas atitudes, será o grande diferencial para mudar esse triste panorama das famílias brasileiras, aliás, das famílias do mundo inteiro, e a ela, a família, como dito acima, cabe esse grande papel social na recuperação do DQ. É preciso arregaçar as mangas e tomar as decisões corretas, pois falar mal, bater, ou botar o DQ pra fora de casa não irá resolver, pelo contrário, costuma agravar ainda mais a situação. Logo, não só a participação de toda a família no tratamento, mas também a dos demais parentes, amigos, e da sociedade como um todo, será capaz de provocar mudanças e reverter esse triste quadro social, pois segundo Salles, “cerca de 90% das famílias tem problemas de dependência química, considerando drogas lícitas ou ilícitas, sendo esse um dos principais motivos que me levou a atuar nessa área, associado também a questão de que meu marido foi um dependente, vivendo na prática essa problemática e hoje tendo muita bagagem para ajudar quem está nessa mesma situação, afirmando assim para que jamais a família perca a esperança, sentimento que parece não mais terem quando chegam, mas que através do tratamento aqui no DQ Luz, é possível motivar a família, dando-a esperança com técnica”.

Realidade ou ilusão?

Quem são os DQs? Talvez você que lê essa matéria, ou talvez seja seu pai ou sua mãe, seu irmão ou irmã, avós, tios, primos, amigos, pois eles são muitos. Mas o que pensam e sentem essas pessoas? Importam-se consigo ou com aqueles que os amam? Sofrem ou vivem alheios à realidade?

Ivan Araújo tem 31 anos, é dependente desde os 22 anos em cocaína e álcool. Na hora que se droga tem experiências únicas: “Sinto um grande prazer, fico em êxtase. Essas sensações eram ainda melhores no início, quando comecei a usar, sentia-me um super-homem, com a certeza de que podia resolver as coisas de uma forma melhor. Eu era vendedor e, por curiosidade, devido a ver os outros vendedores que também usavam e vendiam super bem, resolvi experimentar e gostei. A cocaína é como uma mulher sensual, onde no começo é paixão e prazer, com mil promessas de um futuro muito prazeroso, mas depois…”. Fazendo uma pausa aqui no depoimento do Ivan, e esse é realmente o nome dele, o mesmo não quis mudá-lo com o objetivo de preservar a sua imagem, o que lhe parabenizo por essa grande atitude que é vencer seu orgulho, aliás, uma exemplificação do quinto passo de NA (Narcóticos Anônimos): “Admitamos perante Deus, perante nós mesmos e perante outro ser humano, a natureza exata de nossas falhas”. Continuando, Ivan relata ainda que no começo do uso não teve reações ruins, “era tudo muito bom, mas com os anos, a quantidade inicial da droga não me era mais os suficientes tiveram que aumentar a frequência do uso e depois a quantidade das doses, e com isso vieram os traumas, com as perdas e as sequelas, onde meu raciocínio ficou lento, perdi meu emprego, carro, moto, namorada, amigos, e fiz minha família sofrer, desenvolvendo ainda uma depressão que me tira a vontade de viver. Atualmente depois do uso, fico com remorso, sinto culpa, e me acho um fraco por não conseguir controlar a vontade de usar. Há dois meses quando tive uma recaída, fiquei com muita raiva de mim e cansado de tanto fazer as outras pessoas sofrerem, tentei o suicídio por overdose, mas como continuei ainda vivo, cortei os pulsos e o pescoço, perdi muito sangue, mas não morri.”

Felizmente Ivan não conseguiu o suicídio embora sua persistência, e não há dúvidas de que o poder Superior – como é chamada a divindade nos grupos que utilizam Os Doze Passos, teve fundamental intervenção naquele momento para que ele não viesse morrer, pois do contrário, como explicar uma pessoa escapar de uma overdose, ou seja, estar com o organismo super comprometido naquele momento, e depois cortar pulsos e pescoço, perder muito sangue e mesmo assim continuar vivo? Para nós espíritas, que chamamos esse poder Superior de Deus, ou de seus auxiliares, os Espíritos Superiores, lemos na literatura espírita, diversos casos onde quando Deus permite, os espíritos superiores então intervêm na vida de nós encarnados, tentando anular ou amenizar os efeitos de nossas atitudes, que num momento de desespero, tomamos achando ser a melhor opção, e assim conseguimos escapar com vida de uma situação onde a ciência material não sabe explicar como, já que tantas pessoas morrem todo dia por situações menos graves. O espírito Luiz Sérgio, em suas dezenas de livros abordando a questão de dependência, narrou vários exemplos dessas intervenções, onde na hora de uma overdose, o anjo da guarda do dependente, em conjunto com outros espíritos elevados, agem naquele momento tentando cortar o efeito nocivo da droga que com certeza levaria o encarnado a óbito, mas fazem isso porque aquela não era hora ainda da pessoa morrer, e por misericórdia Divina obtêm essa permissão para tal interferência, pois se isso não fosse feito, a vida da pessoa iria desgraçar ainda mais, onde ao acordar do outro lado da vida, além de viciado, iria acumular a culpa de ser um suicida, tendo seus sofrimentos multiplicados por mil, tamanha a encrenca que irá enfrentar. Mas narra ainda o espírito Luiz Sérgio que infelizmente nem sempre uma intervenção é bem sucedida, pois a dosagem da droga é tão alta que por mais que tente ajudar, o DQ acaba desencarnando.

Perguntado se achava que conseguirá manter a abstinência, Ivan responde que “Só por hoje! Sim por hoje estou limpo e isso é o que importa o amanhã, só amanhã poderei dizer”.

Talvez o leitor não tenha percebido a profundidade da fala do Ivan “Só por hoje!”, mas nesta frase está incutida toda uma gama de valores morais que vai sendo trabalhada visando fortalecer o DQ, que passa a viver assim: “Só por hoje, vou procurar viver unicamente o dia presente. Só por hoje vou estar feliz. Só por hoje, vou tentar ajustar-me à realidade e não tentar adaptar tudo aos meus próprios desejos. Só por hoje, vou tentar fortalecer o meu espírito; estudarei e vou aprender alguma coisa útil. Só por hoje, vou exercitar a minha alma de três maneiras: vou fazer um favor a alguém sem que se note e, se alguém se aperceber disso, esse fato não conta; vou fazer pelo menos duas coisas que não me apetece só por exercício; não vou mostrar a ninguém os meus sentimentos de dor, poderei estar magoado, mas não revelarei a minha dor. Só por hoje, vou ser agradável; vou apresentar-me aos outros da melhor maneira possível: vou vestir-me bem, falar baixo, agir delicadamente, não fará críticas, não vou ter nada de negativo que dizer aos outros, não vou tentar melhorar nem controlar ninguém, exceto a mim próprio. Só por hoje, vou ter um programa; pode ser que eu não o siga a rigor, mas vou tentar; vou evitar duas pragas: a pressa e a indecisão. Só por hoje, vou ter uma meia hora tranquila só para mim e descansar e durante essa meia hora, em determinado momento, vou procurar ter uma melhor perspectiva da minha vida. Só por hoje não vou ter medo, muito em especial não vou ter medo de apreciar a beleza e de acreditar que aquilo que eu der ao mundo, o mundo me devolverá”.

Mas será que isso dá realmente resultado? Que funciona? Quem pode nos responder isso é o André Luiz, e não estou falando aqui daquele autor espiritual que escreveu tantos livros pelas mãos de Chico Xavier, cabendo a ressalva que aquele espírito, como ele mesmo narra, morreu por suicídio involuntário, por conta de vícios que possuía. Mas voltando ao André Luiz encarnado, ele tem 45 anos e é um ex-dependente – ou como dito no linguajar técnico, um dependente em recuperação, pois essa doença não tem cura, mas é controlada se a pessoa parar de fazer uso -, e diz que começou com as drogas “numa escola pública técnica, pois lá havia vários grupos, e me identifiquei com um, e nele comecei a usar maconha aos 16 anos. Só aos 24, quando fui internado pela primeira vez por conta da cocaína injetada na veia, percebi que era um dependente e não tinha mais controle sobre mim mesmo e com isso vieram as perdas, onde perdi carro, moto, dinheiro que daria pra comprar uma casa; houve também a separação da noiva, e a pior das perdas foi o meu caráter. Fui dependente químico até os 32 anos, mas depois vieram as trocas por coisas que dessem o mesmo prazer, como por exemplo o jogo e o sexo por internet. Ao longo do tempo tive várias recaídas, tendo sido internado três vezes e também tentei o suicídio três vezes. Felizmente hoje a dependência está controlada, porém sequelas ficaram, como a hepatite C no fígado, a hipertensão, o raciocínio lento e alguns outros problemas de saúde que as vezes aparecem. Hoje vejo que realmente me amo. Com essa mudança de vida, consegui recuperar o que perdi e que não valorizava, como o trabalho, família, amor da mãe e da esposa. Aos dependentes digo para que sejam diferentes, que fiquem com os pés no chão, pois com as drogas é como se subíssemos no muro, e pra descer é muito difícil, pois vive-se numa ilusão, e é isso, a droga é uma grande ilusão, desistam dela e acreditem na vida e naqueles que vos amam”.

Religião e a dependência além-túmulo

A palavra religião, em seu sentido original, vem do latim religare, que significa religar-se ou ligar novamente a Deus, com o Poder Superior, o que nos remete à fé que cada um de nós tem. E por falar em fé, e esse assunto a cada dia que passa parece estar mais na “moda”, a tal ponto que existem hoje estudos científicos comprovando que devido a fé as pessoas entram em certos estados íntimos capazes de modificar seu humor, seu estado mental, e até a provocar mudanças físicas, como curas. Então se percebe mais uma vez que religião e ciência estão muito próximas uma da outra, o que já nos dizia Kardec ao afirmar que o espiritismo deve caminhar lado a lado com a ciência, pois uma complementa a outra, uma explica o fato, e a outra o comprova. Pegando esse gancho, a psicóloga Teixeira afirma que “a religião é fundamental no tratamento do DQ e familiares, e sem essa associação, tratamento e religião, é quase impossível a recuperação, independente de qual seja a religião, pois se trabalha o Poder Superior, que pode ser Deus, Jeová, ou qualquer outra entidade em que a pessoa acredite. No caso do Espiritismo, a doutrina traz a consciência de evolução e, através da lei de causa e efeito, mostra que somos responsáveis pelos nossos atos, estejamos encarnados ou desencarnados, assim o DQ amplia sua visão de vida, e sabe que tentar resolver o problema, por exemplo, cometendo o suicídio, não irá lhe ajudar, mas pelo contrário, passará a ter mais um problema, maior que a dependência”.

Cada religião tem seus propósitos, mas no geral, todas visam a melhora do ser humano, dando lhe esperança, para que possa se superar, somando ainda a crença de que o Poder Superior poderá interceder na vida dessa pessoa, onde alguns acreditam que terão seus problemas resolvidos, e outros acreditam que receberão força moral e física para suportarem as dificuldades e assim superá-las com seus próprios esforços. No caso da dependência química, onde muitas vezes o DQ já não tem mais esperança, a religião entra em sua vida para dar-lhe a força que faltava, a esperança de que o Poder Superior irá lhe ajudar por isso a religião nesse processo de recuperação é tão importante.

Ainda sobre o aspecto religioso, o espiritismo trouxe uma das suas principais revelações que foi a reencarnação, que resumidamente é a possibilidade do espírito nascer várias vezes, a cada vez usando um corpo diferente e numa época diferente, visando com isso a evolução moral do espírito, já que é impossível a uma pessoa aprender tudo o que é necessário para se tornar um homem de bem numa única vida, em 50, 70 ou 90 anos. Porém, as reencarnações não são instantâneas, morre e já nasce logo em seguida num outro corpo. Existe um intervalo entre cada reencarnação, que pode levar de horas a muitos anos, e isso porque a verdadeira vida é a espiritual. A reencarnação um dia deixará de ser obrigatória àquele espírito que já atingiu um grande grau evolutivo. Nesse período entre as reencarnações, chamado de erraticidade, o espírito pode usar o seu tempo como achar melhor. Os mais atentos o usarão para reverem seus familiares e amigos que retornaram antes deles, e outras dezenas de espíritos afins que ficaram pelo plano espiritual enquanto ele estava encarnado, e também usaram o tempo para aprender, repassar algumas passagens da sua última vida, fazer novos planejamentos, trabalhar pelo socorro e amparo dos que aqui ficaram, ou daqueles que também desencarnaram, mas que diferentemente deles, estão a vagar, pelo mundo dos vivos ou no plano espiritual inferior, totalmente desequilibrados, muitos sem nem saber que desencarnaram, outros sem saber o que devem fazer nessa “nova” vida, e outros ainda se comprazendo em fazer o mal contra os encarnados, mas como a justiça de Deus é justa, não passam despercebidas suas ações, que se somam e, com isso, os deixando-os ainda mais desequilibrados, o que aumenta ainda mais seus sofrimentos morais.

A única religião que estuda a fundo essa questão da vida espiritual é o espiritismo, o que tem permitido ampliar o tratamento aos DQs, pois quem ignora a vida espiritual, acha que ao morrer a pessoa deixou de existir, e tudo acabou, porém não é isso que ocorre, fato que o espiritismo comprova filosoficamente, moralmente, e para os São Tomes, que só acreditam no que veem, comprova também através de provas científicas, que hoje somam aos milhares, comprovando então que existe vida após a morte.

Desta forma, um DQ quando morre, quem morre é só o seu corpo físico, pois ele, pessoa, é um espírito, que continua vivinho da silva, do mesmo jeito que era enquanto vivo, ou melhor, enquanto encarnado, continua com as mesmas qualidades e os mesmos defeitos. Logo, se era dependente químico, ele continuará dependente, pois ninguém vira santo ao desencarnar, não há milagres, e assim o DQ continuará sentido a necessidade de usar drogas, que, aliás, enquanto desencarnado, essa necessidade é ainda maior, pois desencarnado utiliza um corpo chamado Perispírito, que é feito de uma matéria muito mais sutil que o corpo físico, por isso enquanto encarnado a maioria da população não consegue ver os espíritos. E esse “novo” corpo, por ser mais sutil, o espírito sente muito mais as energias, que antes eram filtradas ou bloqueadas pelo corpo físico, e por isso os efeitos do uso ou da abstinência são muito mais fortes, e então ele ficará totalmente transtornado, “louco” por usar novamente as drogas que usava enquanto encarnado, porém como fazer isso, como beber, fumar, cheirar, se picar, se o corpo agora é diferente? As drogas são substâncias materiais, que estão no plano físico, e ele, o DQ desencarnado, está num plano espiritual, que tem outra constituição, muito mais sutil, e assim se um espírito tentar pegar uma garrafa para beber, sua mão irá atravessá-la sem que consiga manuseá-la, e se dará o mesmo com qualquer outro objeto material que tentar pegar. Para se drogar, o espírito do DQ irá aprender com o tempo, que ele terá que se aproximar de um encarnado e quando esse for usar alguma droga, ele o envolverá e assim conseguirá absorver a energia da droga, que está sendo consumida pelo encarnado, é como se o encarnado fosse o copo que ele usa para beber, uma piteira pra ele fumar, um cachimbo pra ele queimar a pedra. Qualquer semelhança disso com a figura de um vampiro, não é coincidência, é a mais pura realidade, onde o espírito do DQ desencarnado fica sugando as energias do DQ encarnado, ação essa que é nociva, pois a pessoa vai enfraquecendo, adoecendo, e nos últimos estágios virando um caso de possessão ou a pessoa vindo a óbito. Como é possível perceber, nenhum DQ encarnado está desacompanhado, sempre há junto dele um ou mais espíritos de DQs que ficam ali a sugar-lhe, dividindo o consumo da droga, e até por isso ele passa a aumentar a dose de consumo, pois não mais consome só por si, mas as vezes por muito, mas ainda dentro desta triste realidade, uma questão que o DQ não imagina é que ao desencarnar, se ele não conseguir entrar para algum grupo de outros DQs desencarnados, ele terá que influenciar alguma pessoa a usar droga, para assim tornar-se o seu dono. É isso mesmo, ele terá que fazer alguém se viciar, pois como os outros DQs já “têm donos”, não conseguirá se aproximar deles, tendo então que recorrer a essa que julga ser a sua única opção, e infelizmente se afunda ainda mais num mar de lamas e dores, e para tal intento, se aproximará então de crianças e adolescentes, tentando com todas as suas forças influenciá-los a usar droga, já que nessa idade é mais fácil essa influência (basta ver o quadro com a idade inicial do consumo de drogas). Quando a criança, o adolescente, ou ainda o jovem não foi preparado moralmente pela família, não foi feito um trabalho de prevenção, estão muito mais sujeitos às influências negativas do meio.

Ao vislumbrar esse panorama espiritual, milhares de perguntas virão à cabeça de um leigo nesse assunto, mas o fato é real, comprovado nos milhares de centros espíritas, aonde através dos trabalhos mediúnicos, os espíritos vêm relatar seus sofrimentos, suas angústias, ou ainda cobrar e tirar satisfação do porque estamos interferindo em seus “trabalhos”, pois além dos espíritos de DQs, há também outro grupo de espíritos quem nem sempre são DQs, mas que estão diretamente envolvidos na questão das drogas, são os narcotraficantes, que depois desencarnarem, muitos ainda continuam do lá de lá fazendo as mesmas coisas, trabalhando pelo incentivo do consumo e distribuição das drogas. Um exemplo disso, sito mais um tratamento para DQs, que é o Projeto Lírios, que assim como no DQ Luz, o tratamento ocorre de forma multidisciplinar, com grupo de acolhimento para os recém-chegados, grupo para os DQs, grupo para os Codependentes, e acompanhamento clínico, onde assim visa tratar os encarnados, e embora ambos os tratamentos ocorram em centros espíritas, o enfoque nele não é espírita, pois visa atender pessoas de várias outras religiões, e como dito acima, trabalha-se o Poder Superior; bem, mas no caso do Projeto Lírios, em paralelo ao tratamento, ocorre uma assistência espiritual, sessão que é restrita, só trabalhadores do centro participam, e cujo objetivo é trabalhar o lado espiritual da dependência, tratando os espíritos dos DQs desencarnados, e também como dito acima, tratando os espíritos dos traficantes de drogas, que comumente vêm cobrar e ameaçar o grupo, porque entendem que estão sendo prejudicados em seus ideais de continuarem na divulgação e distribuição das drogas, trabalhos esses feitos pelos traficantes ainda encarnados, mas que são amplamente orientados por eles. O fato é que as ameaças são constantes, o que é um bom sinal não só para esse grupo, mas para todos os outros grupos espíritas que realizam esse tipo de atividade espiritual voltada exclusivamente para a questão das drogas, pois se tem gente, ou melhor, espíritos incomodados, é porque a assistência tem dado resultados, e por semana dezenas de espíritos são ajudados, esclarecidos, religando-se novamente a Deus, ao perceberem que jamais serão felizes se prejudicando e prejudicando outras pessoas, e com isso também são ajudados os DQs encarnados, que sem saberem o porque, passam muitas vezes a se sentirem mais leves, a sentirem menos pressão, com menor vontade de usar drogas, pois o espírito viciado que o acompanhava não o acompanha mais, porém outro pode vir ocupar o seu lugar – pois doente aqui, doente do outro lado -, se o DQ não ficar vigilante em seus pensamentos e atitudes.  Se voltar a usar drogas, já era, novos acompanhantes terá, ou ainda, ao frequentar lugares onde há outros drogados, algum espírito poderá se aproximar dele, e tentará influenciá-lo a todo custo a usar drogas e com isso ter uma recaída. Fazendo uma paródia: Diga-me por onde sua mente ou seu corpo andam e te direi quem te acompanha!

A melhora

A melhor arma contra as drogas ainda é e continuará sendo a prevenção, educar a criança desde cedo sobre esse assunto, não poupando esforços para isso, a começar por dar sempre bons exemplos, com hábitos saudáveis de alimentação, higiene, e principalmente não usar ou evitar fazer uso na frente das crianças de bebida, fumo, remédios, pois as crianças são como um gravadorzinho vão registrando tudo o que veem para mais tarde repetir boa parte desses comportamentos.

Dentro da educação, enfatizar bem a questão do nunca experimentar para a criança e o jovem, pois não dá pra saber quem tem predisposição para a doença dependência química, a única forma de saber é testando, ou seja, usando, só que se você tiver a predisposição, já era, se tornará um dependente, desenvolvendo essa doença que não tem cura. A conversa deve ser franca entre pais e filhos, e se um filho perguntar aos pais se eles já experimentaram ou fizeram uso de drogas, antes de responderem a isso, se aprofundem na questão, perguntem de volta do por que ele quer saber isso, perceba o quanto ele conhece do assunto, pergunte qual a opinião dele sobre isso, pois é comum os filhos ouvirem sobre drogas fora de casa, que um amigo ou amigo do amigo, está usando droga e querem se aprofundar nisso. Agora quanto à pergunta se os pais já usaram drogas, caso isso seja um fato, cada família terá que ver qual o estado emocional do filho, idade adequada, e às vezes até procurar a ajuda de um psicólogo, por exemplo, para então poder avaliar se é conveniente ou não contar, e mais do que isso, como usar isso a favor para prevenir o filho para que ele nunca experimente droga.

Quem deixa de usar drogas não está curado, a pessoa controla a doença, mas para isso não poderá nunca mais usar a sua droga de eleição (droga preferida) ou qualquer outro tipo, pois uma droga serve de gatilho para outra, por exemplo, quem parou de fumar, ao tomar uma cervejinha ou um gole de café, logo sente uma vontade incontrolável de fumar, porque essas duas substâncias químicas funcionam como gatilho, um estimulante, disparando no corpo uma série de reações químicas, que estimulam a vontade do consumo da droga preferida. O mesmo se dá com a cocaína, crack, maconha, heroína, etc, onde se engana quem é viciado em cocaína que se ele ao invés de cheirar, fumar um “baseado”, será melhor. Que nada, pois a maconha nesse caso funcionará também como gatilho, estimulando-o a querer a cocaína na sequência, o que será quase impossível resistir, pois é uma dependência química e psicológica, no caso da cocaína, e a pessoa se torna praticamente um robô, sem vontade própria quando drogada, sem contar ainda a influência espiritual dos desencarnados viciados. Então para não recair, a pessoa deve eliminar literalmente qualquer tipo de droga (reler acima o conceito de droga) da sua vida, pois do contrário não há solução. Outra coisa a mudar em seus hábitos, são as amizades e lugares frequentados, pois esses também funcionam como gatilhos, levando o dependente a se drogar, seja pela questão psicológica ou energética da influência do local, ou pela influência do tal “amigo” que te oferece droga, ou ainda pela influência espiritual dos espíritos de viciados, que estão nos lugares onde há DQs ou que acompanham os DQs encarnados, e intuem o dependente com pensamentos do tipo: “a só um pouquinho não vai fazer mal; só mais essa vez, é a última vez eu prometo; só por hoje vou usar; terei muitas vidas, paro na próxima”, e sem perceber a tal influência o dependente diz isso para si mesmo e se permite drogar mais uma vez.

O que esperar do futuro?

Os mais pessimistas podem achar que vive-se hoje uma situação sem volta, que está tudo fora do controle, porém o espírita que compreende alguns dos atributos de Deus, sabe que a situação não está fora do controle Dele, mas do controle do homem, talvez esteja sim, e por isso tantos problemas juntos, nesse período conturbado de transição que se passa no planeta, mas que ao olhar para história da humanidade, onde em várias épocas a humanidade passou por momentos tão críticos que todos pensavam que não teria saída; que dizer do período negro vivido na idade média, que os livros de história e também os livros espíritas tanto narram diversos episódios trágicos, que ainda hoje, através da lei da reencarnação, espíritos existem que passam por dificuldades em consequência das atitudes transloucadas do passado.

Quando preciso, Deus através dos espíritos superiores atua mais diretamente sobre a humanidade, e por isso de tempos em tempos veem-se mudanças, que podem vir através de desencarnes coletivos, por catástrofes, acidentes, doenças, ou ainda o reencarne de seres mais elevados no meio da humanidade ainda inferior, para poder adiantar a evolução moral desses seres ainda atrasados, e por conta dessas mudanças, que podem levar décadas para ocorrer, o comportamento da humanidade muda, surge uma luz no fim do túnel, mas para isso muito sofrimento desnecessário ocorreu, e voltando ao início desta matéria, é nessas horas que se percebe que diante de uma decisão, se feita uma escolha que não trouxe felicidade, será preciso voltar todo o caminho tortuoso e espinhoso percorrido, até chegar novamente a tal bifurcação, e quem sabe agora escolher um caminho de forma mais consciente. Nada será perdido, toda experiência será válida e servirá, seja para si mesmo, seja para ajudar a outros que estão nas mesmas dificuldades porque se passou. Será que vivemos mais um desses momentos?

Para saber mais:

TRATAMENTOS

– DQ Luz, às sextas-feiras, das 20h às 22h – Centro Espírita Memei, rua Georgina Diniz Braghirolli, 128 Vila Curuçá – São Paulo/SP – (11) 2035-3503

-Projeto Lírios, aos sábados, das 8h às 10h – Centro Espírita Francisco de Assis, rua Miguel Lillo, 131 Vila Cisper

-NA – Narcóticos anônimos – www.na.org.br

-AA – Alcoólicos Anônimos www.aa.org.br

LIVROS

-Memórias de um Toxicômano, Carlos Alberto Ferreira, pelo espírito Tiago – Editora Mundo Maior

-Sexo e Destino, Francisco Cândido Xavier, pelo espírito André Luiz – Editora FEB

-Consciência, Irene Pacheco Machado, pelo espírito Luiz Sérgio – Editora Recanto

-Os Doze Passos e as Doze Tradições, JUNAAB www.alcoolicosanonimos.org.br

-II Levantamento Domiciliar Sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil, 2005 – CEBRID/UNIFESP, acessado em 31/07/ 2009, www.cebrid.epm.br/ levantamento_brasil/index.htm

– Portal Anti Drogas, acessado em 31/07/ 2009, http://www.antidrogas.com.br/ oquedrogas.php

-Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas, acessado em 31/07/2009, http:// www.senad.gov.br/ informacoes_institucionais/ informacoes_institucionais.html -Observatório Brasileiro de Informações Sobre Drogas, acessado em 31/07/2009, www.obid.senad.gov.br.

-Consequências do uso de narguile, acessado em 31/07/2009, http:// www.youtube.com/ watch?v=vWk5QSD6wvM

Fala MEU! Edição 77, ano 2009

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