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Reencarnação e a metáfora da viagem no tempo

Autor: Edgar Egawa

Meditando sobre as viagens no tempo sob a ótica espírita, cheguei à conclusão de que elas não são possíveis da maneira como são apresentadas na literatura e no cinema. Uma pessoa não pode viajar fisicamente a uma época distante no passado ou no futuro e gerar um paradoxo temporal, como visto na série De Volta Para o Futuro.

Dentro do Espiritismo, esse paradoxo se daria devido à reencarnação. Uma pessoa não poderia viajar para um passado distante, pois aí poderia encontrar uma “versão anterior” de si mesma. Por mais diferentes que fossem, elas não poderiam coexistir, porque um espírito não se divide fisicamente. Ele pode projetar seu pensamento e transmiti-lo, ou gerar o fenômeno da bicorporeidade, na qual o corpo físico do ser encarnado se mantém consciente e a alma se desprende e se torna visível. Mas não é esse o caso.

No caso da viagem ao futuro, haveria um hiato no qual o viajante do tempo deixaria de passar pelas encarnações necessárias ao seu progresso, podendo gerar uma sensação de não pertencer ao ambiente de chegada, que pode estar moral e intelectualmente mais avançado do que ele pode suportar.

Cena do filme O exterminandor do futuro

Mas a viagem no tempo pode ser analisada como uma metáfora da reencarnação, na qual pessoas de épocas diferentes passam por essa experiência e encontram conhecidos – amigos, inimigos, amores, com quem constroem uma relação de afinidade.

Dentro dessa linha de pensamento, temos o soldado Gail vindo ao passado para proteger Sarah Connor e se tornar pai do futuro líder da rebelião contra as máquinas em O Exterminador do Futuro. Temos também as idas e vindas pelo tempo de Leopold e a viagem ao passado feita por Kate em Kate & Leopold, e por fim vemos em Linha do Tempo o arqueólogo que salva a irmã do comandante francês na Guerra dos Cem Anos e se apaixona por ela, mudando um fato histórico, acabando por ter um casamento longo e feliz na Idade Média, depois de ter nascido no século vinte.

Os três filmes têm em comum a fascinação que os personagens das épocas visitadas causam aos viajantes do tempo, fazendo com que se estabeleça um elo romântico entre eles. Isso motiva Gail a viajar para o passado e se tornar o guarda-costas de Sarah, em um enredo circular, no qual ele recebe do filho uma foto dela emanando a tristeza pela morte do amor perdido; faz com que Kate decida viajar ao passado para, também em um enredo circular, ser fotografada pelo ex-namorado e ter a oportunidade de casar-se com Leopold; e, por fim, faz perceber a Marek que é ele o personagem encontrado no sítio arqueológico, enterrado ao lado da esposa (Lady Claire).

Tudo faz crer que os viajantes do tempo simbolizam encarnações posteriores dos respectivos pares românticos, e esse recurso de ficção científica possibilita o “reencontro” de seus grandes amores.

Fala MEU! Edição 33, ano 2005

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