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Vício do sexo…

Autor: Joelson Pessoa

Problema premente este, que já ensandeceu muitos cérebros de escol, não podemos atacá-lo a tiros de verbalismo, de fora para dentro, à moda dos médicos superficiais, que prescrevem longos conselhos aos pacientes, tendo, na maioria das vezes, absoluto desconhecimento da enfermidade – André Luiz, No Mundo Maior, cap. 11

Diferentemente do que ocorre com quem é dependente do álcool, do tabaco ou das drogas ilícitas, aquele que é dependente da prática sexual ou dos jogos de sedução, não costuma apresentar sinais ou sintomas evidentes. Passa, quase sempre, por uma pessoa saudável.

Qualquer estado físico ou emocional de dependência é atualmente classificado como uma doença mental. Exatamente: o sexo também pode viciar e com o tempo, arruína o indivíduo.

Inadequadamente taxados por sem-vergonhas, os viciados em envolvimentos sexuais e/ou emocionais necessitam de auxílio específico. Frequentemente a recuperação requer uma ajuda profissional (psicólogo ou psiquiatra).

Como bem explica o orientador espiritual em nosso trecho de apoio que aplicamos acima, os discursos moralistas e as recriminações são improfícuas. Ninguém escolhe deliberadamente tornar-se um transtornado.

Será que haveria em nossas reuniões espíritas amigos e companheiros sofrendo em algum grau esta angústia? Seguramente. Minha experiência em determinadas atividades, destinadas  educação sexual no movimento espírita do Estado de S. Paulo, levaram amigos e desconhecidos a me procurar em sigilo, buscavam conforto, aguardavam uma luz para a solução das suas inquietações íntimas. Ouvi desabafos de dar pena. Pediam socorro.

Quantas vezes a criatura relutou em compartilhar sua dificuldade com os tarefeiros do centro espírita que frequentava, prevendo incompreensão ou alguma forma de retaliação. Esta incerteza obriga muita gente a sufocar dentro de si os seus inúmeros problemas, na esperança equivocada de uma solução mágica.

Além de palavras de bom ânimo, das recomendações de prece e incentivar a comunhão com a Espiritualidade, de indicar a leitura de O Evangelho como remédio eficaz e, em alguns casos, sugerir o tratamento junto à desobsessão, eu procurava, quando possível, ouvir integralmente o drama daquele ser humano. Eu mesmo, por experiência própria, sei como o desabafo Ø eminentemente terapêutico e a pacificação interior a que ele conduz.

Estas recomendações embora ofertassem um consolo e apaziguassem temporariamente a intimidade do sofredor, algumas vezes não foram suficientes para libertar a criatura da dependência sexual. Onde então estaria a chave para solucionar dificuldades ainda tªo pouco compreendidas?

Voltado para ajudar aqueles que apresentam essa forma de dependência (física, mental, emocional ou espiritual) o grupo Dependentes de Amor e Sexo Anônimos (D.A.S.A.) oferece reuniões de apoio baseando-se nos 12 passos e nas 12 tradições que tão amplo benefício já realizou recuperando do álcool e das drogas uma multidão de pessoas na Associação dos Alcoólicos Anônimos (A.A.A.) e Associação dos Narcóticos Anônimos (A.N.A.).

O DASA acredita que a dependência de amor e sexo é uma doença, uma doença progressiva que não pode ser curada, mas, como várias outras doenças, pode ser detida. Ela pode tomar várias formas – incluindo (sem limitar-se a) uma necessidade compulsiva por sexo, dependência extrema de uma pessoa (ou várias) e ou preocupações crônica com romance, flerte ou fantasia. Existe um padrão obsessivo/compulsivo, seja sexual ou emocional (ou ambos) em relacionamentos ou atividades sexuais que progressivamente se tornam destrutivas para a carreira, família e senso de autorrespeito. A dependência de amor e sexo leva a consequências cada vez piores se não for cuidada a tempo.

Como saber se eu sou dependente de amor e sexo?

Só você pode dizer se tem uma dessas dependências ou ambas a nível físico, mental, emocional ou espiritual. Ir a várias reuniões vai lhe dizer se você se identifica com outros dependentes de amor e sexo.

A negação:

Negar que um problema existe é uma forma comum de resistência dos novos membros e de outras pessoas com problemas para reconhecer sua dependência de Amor e Sexo. As várias formas de negação incluem os seguintes pensamentos: Eu não estou tão mal como as pessoas que vejo nas reuniões, Não sou um dependente de amor e sexo, eu venho de uma família boa, Uma vez não vai fazer mal, Vou vê-lo (a), mas não vamos transar, nós vamos ser apenas amigos, Ele (a) não vai me deixar partir, por isso não posso me libertar.

No site do D.A.S.A. é possível obter as informações sobre estes e outros aspectos da enfermiça dependência afetiva e sexual, além de depoimentos de algumas pessoas que compartilharam suas experiências. Reproduziremos a seguir um destes depoimentos:

Levando a mensagem

Muitos de nós chegamos ao DASA totalmente derrotados, cansados de buscar respostas para o nosso terrível sofrimento interior, nos mais diversos segmentos da sociedade: medicina, psicologia, psiquiatria, religiões das mais diversas e por aí a fora. E, por ter tentado encontrar a resposta necessária e não ter conseguido obter nenhuma, muitos de nós chegamos totalmente descrentes, sem esperanças de que algo pudesse nos libertar de tamanho sofrimento emocional imposto pela nossa dependência. Entramos na sala abatidos, desconfiados e humilhados pela tremenda surra imposta pela nossa dependência. Então comeamos a ouvir os depoimentos dos membros em recuperação e nos deparamos pela primeira vez, com pessoas que realmente entendem do que estamos sentindo, não de uma maneira letrada, mas de uma maneira marcada na carne e na alma, ou se preferir, no espírito. São pessoas simples, falando uma linguagem simples e de fácil entendimento.

Lembro-me bem do sentimento de esperança que senti ao ouvir os primeiros depoimentos dos companheiros… Senti que estava no local certo e que aquelas pessoas realmente haviam passado pelo que eu estava passando, e o melhor de tudo, é que era possível notar a recuperação destas pessoas. Percebi então, que se eu me entregasse de corpo e alma na frequência das reuniões e no estudo da literatura, eu poderia também me recuperar.

Com o esforço aplicado na prática do Programa de Recuperado de 12 Passos e com a ajuda dos meus padrinhos, consegui sair do fundo de poço e obter um despertar espiritual.  A alegria e a sensação de paz que nunca havia experimentado antes são indescritíveis. O resultado dessa melhora brusca, foi o que originou, no meu caso, a compulsão para levar a mensagem para aqueles que estavam sofrendo e que não sabiam da existência de uma saída da dependência de amor e sexo, através do o Programa de DASA.

Comecei a trabalhar no sentido de divulgar e estruturar o DASA na região. Lembro-me que no início, temia muito o fato de alguma coisa sair errada e atrapalhar o crescimento de DASA. Essa preocupação me fez tomar uma postura de paternalismo o que gerou a quebra da unidade com alguns companheiros e por sua vez entre os primeiros grupos de DASA.

Senti a necessidade de um boletim informativo, onde pudéssemos ter depoimentos de companheiros em recuperação, onde poderíamos relatar as dificuldades, sintomas e histórias da nossa recuperação, bem como do crescimento de DASA. Da surgiu, A JORNADA. Outro fato que contribuiu bastante para o lançamento deste boletim informativo foi o fato de várias pessoas de outros estados, onde não havia a existência de um grupo de DASA poderem manter contato com depoimentos de membros em recuperação. Eu pedia aos membros que escrevessem relatando suas experiências de recuperação, mas, o interesse sempre foi muito pequeno.

Hoje, analisando os fatos, cheguei à conclusão (esta é a minha opinião) de que este desinteresse pela divulgação da nossa mensagem, da nossa experiência de recuperação, faz parte da nossa doença, do nosso padrão de Anorexia.

Para terminar, deixo aqui uma matéria que recebi de um novato com quem me correspondia, trocando foras e esperanças. Ele demonstra bem a nossa chegada ao Programa, o que aqui encontramos e o preço a pagar pelo que nos foi dado de Graça. Eu espero que ele sirva para despertar a tantos companheiros que ainda não perceberam a grande verdade: dando que se recebe.

“Porque razão fomos escolhidos”

Deus em Sua sabedoria infinita selecionou este grupo de homens e de mulheres para ser o depositório de Suas bem aventuranças.

Ao escolhê-lo para ser membro deste milagre, Ele não se dirigiu ao orgulhoso ou ao afortunado. Ele foi em busca do humilde, do enfermo, do desafortunado, do desacreditado, do doente.

Em tuas mãos trêmulas e fracas, Eu confiei uma verdade que vai muito além da amizade.  A ti foi dado o que foi negado aos mais cultos dos teus conhecidos.

Estas coisas não foram concedidas aos cientistas, aos estadistas ou aos religiosos e pastores, mas a ti.

Este dom deve ser usado desinteressadamente. E traz com ele uma grave responsabilidade:

Nenhum dos seus dias deve parecer-lhe demasiadamente longo. E não alegue que o seu tempo é demasiadamente curto. Nenhum caso deve ser encarado como demasiadamente doloroso. Nenhuma tarefa demasiadamente dura. Nenhum esforço demasiadamente grande.

Deve ser usado com tolerância, porque não foi limitada a sua aplicação a nenhuma raça, sexo, credo religioso ou condição social. E o que deve ser muito importante: Seja prudente sempre que o triunfo acompanhar os seus esforços. Não atribua  sua superioridade pessoal. Lembre-se que somente pode elevar-se em virtude de GRAÇA.

Se EU quisesse que homens cultos realizassem a missão que lhe foi confiada, ela poderia ser entregue aos físicos e cientistas. Se EU quisesse dá-Ias a homens eruditos, o mundo está repleto deles, e certamente com melhores aptidões que você para realizá-las e seriam mais eficientes que você.

Você foi escolhido porque foi desprezado pelo mundo.

Guarde sempre na lembrança aquele dia em que você entrou pela primeira vez nesta Irmandade, disposto a abraçar o seu Programa de vida e ajudar a outros que ainda sofrem.

Não esqueça do carinho que você recebeu, quando você só recebia maus tratos, da compreensão, quando você era incompreendido, do respeito, quando você já não era mais respeitado, do estímulo, quando ninguém mais acreditava em você, do amor, quando ninguém mais te amava…

E passe a dedicar essa mesma compreensão, esse mesmo respeito, esse mesmo carinho, esse mesmo estímulo, esse mesmo amor, àquele que necessita. Um Anônimo Agradecido

Acreditamos que os dirigentes espíritas precisam olhar para fora das paredes da instituição e observar o mundo real, com a curiosidade que as crianças têm, a fim de aprender as práticas pedagógicas que dão resultados. Somente estudar o Espiritismo sem levantarmos verdadeiras obras, deixaremos diversas lacunas no sérvio de melhorar o homem.

No capítulo acima referido, endossando nossa opinião, encontraremos a seguinte orientação que André Luiz recolheu de respeitável Entidade Espiritual:

Mas podemos manter louvável serviço de compreensão mais ampla, melhorar as disposições dos nossos amigos encarnados na Crosta do Mundo e despertá-los lentamente para a solução que nos interessa a todos.

Emmanuel, no seu livro Vida e Sexo, capítulo 22, em concordância com a Entidade Espiritual supracitada, enfatiza:

Evidentemente, o mundo avança para mais elevadas condições de existência. Fenômenos de transição explodem aqui e ali, comunicando renovação. E, com semelhantes ocorrências, surge para as nações o problema da educação espiritual, para que a educação do sexo não se faça irrisão com palavras brilhantes mascarando a licenciosidade.

Reproduzir nos centros espíritas reuniões semelhantes s que são realizadas nos anônimos, conjugadas com o Saber Espírita proporcionará a muitos dos seus adeptos um maior ganho em autoconhecimento com consequente superação das dificuldades interiores que trazem latejando na intimidade, seja ela qual for.

Para saber mais acesse o site do D.A.S.A.: www.slaa.org.br/br/index.htm

Fala MEU! Edição 65, ano 2008

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