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Aforismos Espíritas

Revista Espírita, diversos meses de 1859

Sob esse título, daremos, de tempos em tempos, pensamentos destacados que resumirão, em poucas palavras, certos princípios essenciais do Espiritismo.

  • Aqueles que creem se preservar da ação dos maus Espíritos abstendo-se de comunicações espíritas, são como essas crianças que creem evitar um perigo vendando os olhos. Igualmente valeria dizer que é preferível não saber ler nem escrever, porque não se estaria exposto a ler maus livros ou escrever tolices.
  • Quem tem más comunicações espíritas, verbais ou por escritas, está sob má influência; essa influência se exerce sobre ele, que escreva ou que não escreva. A escrita lhe dá um meio de se assegurar da natureza dos Espíritos que atuam sobre ele. Se está bastante fascinado para não compreendê-los, outros podem lhe abrir os olhos.
  • Há necessidade de ser médium para escrever absurdos? Quem diz que, entre todas as coisas ridículas ou más que se imprimem, não ocorre que o escrevente, levado por algum Espírito zombeteiro ou malevolente desempenhe o papel de médium obsidiado sem sabê-lo?
  • Os Espíritos bons, mas ignorantes, confessam sua insuficiência sobre as coisas que não sabem; os maus dizem tudo saber.
  • Os Espíritos elevados provam sua superioridade por suas palavras e a constante sublimidade de seus pensamentos, mas deles não se gabam. Desconfiai daqueles que dizem, com ênfase, estarem no mais alto degrau de perfeição, e entre os eleitos; a fanfarrice, entre os Espíritos, como entre os homens, é sempre um sinal de mediocridade.
  • Os Espíritos se encarnam homens ou mulheres, porque eles não têm sexo. Como devem progredir em tudo, cada sexo, como cada posição social, lhes oferece as provas e os deveres especiais, e a ocasião de adquirirem a experiência. Aquele que fosse sempre homem, não saberia senão o que sabem os homens.
  • Pela Doutrina Espírita, a solidariedade não está mais restrita à sociedade terrestre: ela abarca todos os mundos; pelas relações que os Espíritos estabelecem entre as diferentes esferas, a solidariedade é universal, porque de um mundo ao outro os seres vivos se prestam mútuo apoio.
  • Quando quiserdes estudar a aptidão de um médium, não evoqueis à primeira vista, por seu intermédio, qualquer Espírito, porque não foi dito que o médium esteja apto a servir de intérprete a todos os Espíritos, e que os Espíritos levianos podem usurpar o nome daquele que chamais. Evocai de preferência seu Espírito familiar, porque este virá sempre; então o julgareis por sua linguagem e estareis em melhor condição de apreciar a natureza das comunicações que o médium recebe.
  • Os Espíritos encarnados agem por si mesmos, segundo sejam bons ou maus; podem agir também sob o impulso de Espíritos não encarnados, dos quais são os instrumentos para o bem ou o mal, ou para o cumprimento de acontecimentos. Assim, com o nosso desconhecimento, somos os agentes da vontade dos Espíritos por aquilo que se passa no mundo, ora num interesse geral, ora num interesse individual. Assim, encontramos alguém que é causa para que façamos ou não façamos alguma coisa; cremos que seja o acaso que lhe envia, ao passo que, o mais frequentemente, são os Espíritos que nos impelem um contra o outro, porque esse reencontro deve conduzir a um resultado determinado.
  • Os Espíritos, encarnando-se em diferentes posições sociais, são como atores que, fora da cena, se vestem como todo o mundo, e na cena, revestem todas as roupas e desempenham todos os papéis, desde rei ao de trapeiro.
  • Há pessoas que não temem a morte, que a afrontam cem vezes, e que experimentam um certo medo da obscuridade; não têm medo de ladrões e, todavia, no isolamento, no cemitério, na noite, têm medo de qualquer coisa. São os Espíritos que estão perto deles, e cujo contato produz sobre eles uma impressão, e, por consequência, um medo do qual não se rendem conta.
  • As origens que certos Espíritos nos dão pela revelação de pretensas existências anteriores, frequentemente, são um meio de sedução e uma tentação para o nosso orgulho, que se vangloria por ter sido tal ou qual personagem.
  • Os bons Espíritos aprovam o que eles acham bem, mas não dão elogios exagerados. Os elogios excessivos, como tudo o que denota a adulação, são sinais de inferioridade da parte dos Espíritos.
  • Os bons Espíritos não lisonjeiam os preconceitos de nenhuma natureza, nem políticos, nem religiosos; podem não os ferir bruscamente, porque sabem que isto seria aumentar a resistência; mas há uma grande diferença entre estes comedimentos, que se podem chamar de precauções oratórias, e a aprovação absoluta dada às ideias frequentemente mais falsas, das quais se servem os Espíritos obsessores para captarem a confiança daqueles que querem subjugar, prendendo-os pela sua fraqueza.
  • Há pessoas que têm uma mania singular; acham uma ideia inteiramente elaborada por uma outra; ela lhes parece boa e sobretudo aproveitável; se apropriam, dão como vinda deles, e acabam por se iludir ao ponto de se crerem seus autores, e de declararem que ela lhes foi roubada.
  • Um homem viu, um dia, fazer uma experiência de eletricidade, e tentou reproduzi-la, mas não tendo os conhecimentos requeridos, nem os instrumentos necessários, fracassou; então, sem ir mais longe, e sem procurar se a causa de seu insucesso não podia vir dele mesmo, declarou que a eletricidade não existia, e que iria escrever para o demonstrar.
  • Que pensaríeis da lógica daquele que assim raciocinasse? Não parece um cego que, não podendo ver, se poria a escrever contra a luz e a faculdade da visão? É, portanto, o raciocínio que entendemos fazer a propósito dos Espíritos por um homem que passa por espirituoso; do espírito seja, do julgamento é uma outra coisa. Ele procura escrever como médium, e do fato de que não pode a isto chegar, conclui que a mediunidade não existe; ora, segundo ele, se a mediunidade é uma faculdade ilusória, os Espíritos não podem existir senão nos cérebros fendidos. Que sagacidade!

Nota Juventude Espírita

Foram incluidos nesse textos as publicações de nome Aforismo Espíritas, contida na revista Espírita do ano de 1859 e publicadas nos seguintes meses de janeiro, abril, maio e dezembro

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