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Alberto Santos Dumont

Há, na história dos grandes filhos deste país, um nome que citamos com entusiasmo e respeito: ALBERTO SANTOS DUMONT, cognominado, aliás, com muita justiça, “o pai da aviação”.

“As atribulações dos Espíritos são proporcionadas ao seu progresso, às luzes que possuem, às suas capacidades, experiência e grau de confiança inspirada ao Senhor soberano.

“Nem favores, nem privilégios que não sejam o prêmio ao mérito; tudo é medido e pesado na balança da estrita justiça.” (Palavras de Allan Kardec, em sua obra “O Céu e o Inferno”.)

Alberto Santos Dumont foi talvez um desses Espíritos que, no passado, ambicionaram ascender aos ares, procurando vencer a gravidade, esperançoso de melhor sorte que a de Ícaro. Retornou ao campo das experimentações terrenas, para realizar importante tarefa, que reclamava extraordinária força de vontade e indomável coragem, a fim de enfrentar sem desânimo e resolver, em definitivo, o problema até então reputado insolúvel, qual o do mais pesado que o ar. E talvez ainda hoje haja quem se não tenha capacitado suficientemente de que a solução desse problema aviatório visava, antes e acima de tudo, a um mais amplo laço de solidariedade e compreensão entre os homens que povoam as diferentes partes do nosso Planeta.

Este iluminado brasileiro nasceu “nos recôncavos azuis da serra da Mantiqueira, em pequena localidade que então se esboçava à margem da Estrada de Ferro Central do Brasil”, localidade hoje conhecida pelo nome de Santos Dumont.

Já em tenra idade, na escola que frequentava, em Ribeirão Preto, em vez de prestar atenção às aulas, absorvia-se em examinar, por meio das janelas, pensativo e atento, o voo das andorinhas que ao longe cruzavam os céus.

Ele mesmo, relatando a sua vida, confessou: “Desde criança tive forte inclinação pelas coisas mecânicas, e, como todos aqueles que têm, ou creem ter uma vocação, eu cultivava a minha com cuidado e paixão.”

Na idade em que os meninos expandem suas travessuras, despreocupados das coisas sérias, o franzino garoto já imaginava e construía pequenos engenhos mecânicos, e sua curiosidade levava-o a reparar, desmontar e aperfeiçoar tudo quanto lhe caía sob as vistas. As pequenas locomotivas da fazenda de seu pai, muitas vezes as dirigia com emoção e vivo prazer. Os papagaios, os balões de S. João e os planadores de palha trançada já então atraíam o menino Alberto, prenunciando a gloriosa missão que lhe fora predestinada.

Santos Dumont jamais se envaideceu com o êxito sem par que alcançou, ao ganhar, em Paris, o famoso Prêmio Deutsch, com seu dirigível nº 6. 

E diz um de seus biógrafos, hoje Major-brigadeiro- -do-ar, Lysias A. Rodrigues: “Ele era modesto, simples, retraído, extremamente bondoso”, e são essas realmente as características marcantes do verdadeiro missionário compenetrado da tarefa que lhe cumpre executar!

A glória imarcescível de tornar uma realidade o milenar sonho de voar em aparelhos mais pesados que o ar estava reservada para um brasileiro. 

Reservada não é bem o termo a aplicar no caso, continua Lysias Rodrigues, porque, muitos anos antes do grandioso feito, “Reformador”, órgão oficial da Federação Espírita Brasileira, em seu número de r de Agosto de 1883, publicava uma verdadeira profecia sobre esse invento e na qual estava a afirmativa de que seu autor, por predestinação, seria um brasileiro.

Essa profecia foi feita pelo Espírito de Estêvão Montgolfier, mediunicamente recebida em Silveiras, por Ernesto Castro, no dia 30 de julho de 1876.

Estêvão Montgolfier, desencarnado em 1799, e seu irmão José foram os famosos inventores franceses dos aeróstatos chamados montgolfíêres. 

Vamos transcrever essa notável comunicação, dada precisamente quando Santos Dumont contava apenas 3 anos de idade, visto ter ele nascido a 20 de julho de 1873: 

“Vencer o espaço com a velocidade de uma bala de artilharia, em um motor que sirva para conduzir o homem, eis o grande problema que será resolvido dentro de pouco tempo. Essa máquina poderosa de condução não há de ser uma utopia, não! O Missionário, que traz esse aperfeiçoamento à Terra, já se acha entre vós. 

O progresso da viação aérea, que tantos prosélitos tem achado e tantas vítimas há feito, não está, portanto, longe de realizar-se.

O aperfeiçoamento de qualquer ciência depende do tempo e do estado da Humanidade para recebê-lo . A locomotiva, esse gigante que avassala os desertos e vence as distâncias, será um insignificante invento ante o pássaro colossal, que, qual condor dos Andes, percorrerá o espaço, conduzindo em suas soberbas asas os homens de vários continentes.

Os balões, meros exploradores e precursores da admirável invenção, nada, pois, serão perante o belo e portentoso pássaro mediúnico. Esse Deus de bondade e de misericórdia, que nada concede antes da hora marcada, deixa primeiramente que seus filhos trabalhem em procura da sabedoria, e depois que eles se têm esforçado em descobrir a verdade, aí então Ele lhes envia um raio de sua divina luz.

Já veem, ó mortais, que a navegação aérea não será um sonho, não, mas, sim, uma brilhante realidade. 

O tempo, que vem próximo, vos dará o conhecimento desse estupendo motor.

Brasil, tu que foste o berço dessa grande descoberta, serás em breve o país escolhido para demonstrar a força dessa grandiosa máquina aérea. Eis o prognóstico que vos dou, ó brasileiros. (“ESTÊVÃO MONTGOLFIER.”)

Sábios do mundo inteiro proclamavam alto e bom som ser de todo impossível solucionar a equação do “mais pesado que o ar”, e, portanto, que o homem pudesse empreender viagens pelo espaço como o faz pelo mar!

Alberto Santos Dumont não se deixava impressionar com as opiniões dos homens da ciência, porque as grandes vocações, quando surgem na Terra, não se deixam influenciar pelas ciências rotineiras, transcendem o horizonte das coisas conhecidas.

Nos homens de gênio falam mais alto seus conhecimentos, frutos amadurecidos de estudos levados a efeito em existências pretéritas e, depois, completadas no Espaço, sob a orientação de entidades superiores.

Santos Dumont era médium, e, por força dessa faculdade medianímica, ele recebia as orientações de seus mentores da Espiritualidade e as executava prontamente, sem qualquer hesitação. Tanto assim que era conhecida a sua maneira brusca e habitual de decidir as coisas.

Seriam infrutíferas as tentativas no sentido de dissuadi-lo nessas ocasiões, porque ele sentia que estava com a verdade, porque a verdade cantava dentro dele mesmo, sem que ele pudesse explicar como esse fenômeno se produzia. E essa voz misteriosa jamais o enganou e por isso confiava nela cegamente.

– Hei de vencer o problema do mais pesado que o ar – dizia ele -, porque a voz amiga e enérgica que ressoa dentro de mim não se cansa de dizer que o dirigível não é a última etapa em aeronáutica.

Logo após haver demonstrado a possibilidade da navegação aérea, Santos Dumont, num belo gesto de desprendimento e de superioridade espiritual, abriu mão de todos os direitos sobre os privilégios de sua invenção.

E assim procedeu por ser um Espírito superior que trabalhou para o progresso da Humanidade, sem visar a qualquer benefício de ordem pessoal.

Esse lcaro brasileiro tinha a intuição de que seu feito, de tão alta repercussão para os terrícolas, não passava de coisa insignificante diante da Ciência e do mundo espiritual, da qual ele era um modesto aprendiz. Tinha plena consciência de que se muito cooperaram, para o êxito de seu empreendimento, os conhecimentos que possuía e a sua tenacidade no trabalho, muito e muito mais devia ele aos seus amigos e mestres do Espaço, que sempre o inspiravam, por ser Santos Dumont um simples, um bom, um operário sincero do progresso universal!

Parece até um paradoxo que Santos Dumont, após a conquista dos galardões da vitória, fosse acometido de profunda tristeza, de um amargor que dia e noite lhe conturbava o coração bem formado. Não mais podia ouvir o ruído dos motores, porque esse ruído fazia que sua alma chorasse por ver que todo o seu esforço, toda a sua luta e todo o seu acalentado ideal havia sido profanado pela inconsciência dos homens!

Seu grande invento, que devia servir exclusivamente para a mais íntima comunhão de amor entre os homens, foi também vil e torpemente transformado em veículo de destruição e de morte! 

Santos Dumont, que tanto soube honrar os compromissos assumidos perante os maiores da Espiritualidade, tombou, no final de sua jornada terrena, com o coração apunhalado pela maldade dos fazedores de guerras. 

Fonte:  Grandes vultos da humanidade e o espiritismo.

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