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As dores da alma segundo o Espiritismo

Autor: Eder Andrade

Numa sociedade globalizada as informações fluem mais livremente e num intervalo de tempo real, tomamos facilmente o conhecimento que a depressão será a primeira doença incapacitante do século XXI, porém, sob uma visão holística, já fomos alertados por diversos benfeitores espirituais, que esse sintoma é um reflexo das encarnações passadas que vêm desabrochando na atual existência física. Podemos dizer em poucas palavras que a reverberação das lembranças mal resolvidas que se encontram no nosso inconsciente começa acenar ao homem hodierno como uma necessidade de autoconhecimento e de um trabalho de reforma íntima de lembranças internalizadas e adoecidas, que precisam ser tratadas terapeuticamente e, se possível, ser ressignificadas, pois o processo de melhora depende antes de qualquer coisa estarmos em paz com a nossa consciência.

Quando estudamos, um pouco mais a fundo, as questões do Espírito em sua escalada evolutiva, percebemos que a dor moral é terapêutica, pois consegue tirar o indivíduo da sua atual zona de conforto, mesmo sendo por atraso evolutivo ou imaturidade do senso moral, pois o indivíduo se vê obrigado a reagir e fazer algo para se libertar do desconforto interior, da sensação de um vazio existencial quase inexplicável, que eclode, exigindo que algo seja feito para promover uma mudança em seus sentimentos.

A doutrina espírita procura elucidar a possível natureza desses sentimentos contraditórios, oferecendo consolação, à medida que esclarece, sem a pretensão de dar uma solução mágica para os acontecimentos, pois sabemos que tudo na vida tem uma data certa para terminar, até mesmo a própria dor moral que somos portadores, que reflete antigas lembranças de outras existências, exigindo do próprio indivíduo uma atitude de reparação ou até mesmo autoperdão. Diríamos que Deus em sua imensa sabedoria permite que nosso inconsciente venha a nos cobrar, em encarnações vindouras, atitudes que negligenciamos no passado, quando ocultamos debaixo do tapete de antigas existências questões que deveriam ser resolvidas, que acabaram sendo adiadas e hoje nossa consciência nos cobra uma prestação de contas, que vem eclodir no estado de vigília com diversos diagnósticos terapêuticos, como culpa ou remorso, ansiedades, fragilidades emocionais e até mesmo depressão.

“Diante de um quadro tão delicado, o que poderíamos fazer para minimizar o nosso sofrimento e daqueles a quem amamos?

Quando O Evangelho segundo o Espiritismo, com suas passagens e relatos dos benfeitores espirituais, procura nos exortar a uma reflexão, indiretamente nos mostra que o sofrimento é relativamente proporcional à nossa crença. Em outras palavras, mudando nossas crenças torna-se possível ressignificar o sofrimento, embora a dor tenha seu tempo certo de duração.

Nas diversas histórias contadas pelos Espíritos para esclarecer o sentido da vida, nos conta uma antiga lenda que um ocidental, buscando iluminação, viajou até o Oriente à procura de um “homem sábio”, com o qual pretendia encontrar respostas ao seu sofrimento interior. Viajou por um bom tempo até que chegou onde o sábio morava, quando entrou numa caverna e descobriu que só existia uma cama coberta de palha e muitos pergaminhos. Nesse momento o ocidental perguntou:

– Onde estão suas coisas? E o sábio respondeu:

– Onde estão as suas!

O oriental retrucou: – Estou de passagem.

E o sábio lhe disse: – Eu também!

A compreensão espiritual dessa singela história pode ajudar a contextualizar nossa existência reencarnatória, quando passamos a ver a vida com um olhar diferente. A dor da perda ou mudança brusca pode até continuar, porém, o arrastamento do sofrimento tende a se modificar quando reeducamos nossos sentimentos e ressignificamos nossos valores.

Existem depoimentos dos Espíritos que são cruciais para rever nosso orgulho e egoísmo, reescrevendo no nosso livro da vida uma nova página na nossa história, como nos diz Chico Xavier“Você não pode voltar atrás e fazer um novo começo, mas você pode começar agora e fazer um novo fim”.

A tomada de consciência da mudança não significa que estaremos remidos de uma hora para outra, com nós mesmos, dos erros cometidos em outas existências físicas, que geram o atual desconforto como um sinal de alerta do próprio Espírito para que algo se modifique. Faz-se necessário um movimento de autoconhecimento e de reforma íntima. No livro O Céu e o Inferno, temos inúmeros testemunhos de Espíritos que tinham a plena consciência na condição de vigília que estavam cometendo graves erros e, mesmo assim, não tiveram dúvidas em dar cabo às suas tramas e artimanhas. Como também nos relata o Espírito André Luiz, no livro No Mundo Maior, vários casos em que o atual sofrimento pode ser explicado pelas atitudes infelizes de outras existências.

Seria também uma grande ingenuidade da nossa parte atribuir tudo que acontece de errado às vidas passadas, pois sempre existiu “Livre-Arbítrio”, dessa forma, apesar dos arrastamentos que cultivamos, temos o autocontrole de optar por um desfecho diferente na atual existência; só seremos vítimas de nós mesmos se nada fizermos para evitar recair nos antigos apelos emocionais, os quais nos tornaram reféns. Caso isso não fosse verdade, ninguém conseguiria se libertar de si mesmo, entraríamos em um looping que só uma intervenção divina pode desfazer. Com as informações que possuímos hoje, é bem mais fácil à reeducação dos sentimentos, promover uma mudança de conduta nossa como Espíritos imortais.

Não existe dúvida que somos herdeiros de nós mesmos, porém, também somos os arquitetos da nossa felicidade. O mesmo Deus infinitamente bom e justo que nos concedeu a vida e nos permitiu errar para aprender, e ter noção de limite, nos concede a oportunidade da reparação, nos estendendo sua misericórdia infinita e uma moratória que será sempre proporcional ao nosso desejo sincero de mudança: a busca por um estudo esclarecedor e uma transformação moral.

Referências

1 Kardec, Allan; O Evangelho segundo o Espiritismo; FEB.

2 ______, ____; O Céu e o Inferno; FEB.

3 Xavier, Francisco Cândido; No Mundo Maior; FEB.

O consolador – Artigos

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