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Autoridade da doutrina espírita

Autor: Eurípedes Kuhl

Com a prudência e o bom senso que lhe eram peculiares, Allan Kardec registrou no seu O Evangelho segundo o Espiritismo, Introdução, Item II, p. 31, 109ª Ed., 1944, FEB/RJ-RJ:

Se a Doutrina Espírita fosse de concepção puramente humana, não ofereceria por penhor senão as luzes daquele que a houvesse concebido. Ora, ninguém, neste mundo, poderia alimentar fundadamente a pretensão de possuir, com exclusividade, a verdade absoluta. Se os Espíritos que a revelaram se houvessem manifestado a um só homem, nada lhe garantiria a origem, porquanto fora mister acreditar, sob palavra, naquele que dissesse ter recebido deles o ensino.

(…) Quis Deus que a nova revelação chegasse aos homens por mais rápido caminho e mais autêntico. Incumbiu, pois, os Espíritos de levá-la de um polo a outro, manifestando-se por toda parte, sem conferir a ninguém o privilégio de lhes ouvir a palavra.

(…) São, pois, os próprios Espíritos que fazem a propagação, com o auxílio dos inúmeros médiuns que, também eles, os Espíritos, vão suscitando de todos os lados.

(…) Na universalidade do ensino dos Espíritos reside a força do Espiritismo.

(…) Tudo o que seja fora do âmbito do ensino exclusivamente moral, as revelações que cada um possa receber terão caráter individual, sem cunho de autenticidade: que devem ser consideradas opiniões pessoais de tal ou qual Espírito e que imprudente fora aceitá-las e propagá-las levianamente como verdades absolutas.

(…) A concordância no que ensinem os Espíritos é, pois, a melhor comprovação.

(…) Tampouco garantia alguma suficiente haverá na conformidade que apresente o que se possa obter por diversos médiuns, num mesmo centro, porque podem estar todos sob a mesma influência.

(…) Uma só garantia séria existe para o ensino dos Espíritos: a concordância que haja entre as revelações que eles façam espontaneamente, servindo-se de grande número de médiuns estranhos uns aos outros e em vários lugares.

Mais à frente, Kardec comentou:

(…) Foi essa unanimidade que pôs por terra todos os sistemas parciais que surgiram na origem do Espiritismo, quando cada um explicava à sua maneira os fenômenos, e antes que se conhecessem as leis que regem as relações entre o mundo visível e o mundo invisível.

Essa a base em que nos apoiamos, quando formulamos um princípio da doutrina.

(…) A nossa opinião pessoal não passa, aos nossos próprios olhos de uma opinião pessoal, que pode ser verdadeira ou falsa.

(…) Na posição em que nos encontramos, a receber comunicações de perto de mil centros espíritas sérios, disseminados pelos mais diversos pontos da Terra, achamo-nos em condições de observar sobre que princípio se estabelece a concordância.

*

Considero que, “ouvindo” acima o que Kardec lecionou, não padece mais dúvida de que para qualquer ensinamento moral ser inserido no Espiritismo ele carece de que chegue à Terra em múltiplos veículos, isto é, via vários médiuns, absolutamente desconhecidos entre si e desde que haja rigorosa unanimidade nos conceitos.

À guisa de expor mais uma lição de Kardec, registro a seguir outros comentários dele, indiretamente ligados ao tema da “Autoridade da Doutrina Espírita”, agora a propósito de obras literárias mediúnicas:

REVISTA ESPÍRITA, Novembro/1859, p. 283:

“Deve-se publicar tudo quanto dizem os Espíritos?”

(…) O erro de certos autores é o de escrever sobre um assunto antes de tê-lo aprofundado suficientemente, e, por aí, dar lugar a uma crítica fundada. Lamentam-se do julgamento temerário de seus antagonistas: não prestam atenção ao fato de que, eles mesmos, frequentemente, mostram o ponto fraco“.

Revista Espírita, Maio/1863, p. 156:

“Exame das comunicações medianímicas (o mesmo que mediúnicas) que nos são dirigidas”:

(…) Fizemos exame (…) de três mil e seiscentas (…) Entre elas encontramos (…) mais de três mil de uma moralidade irrepreensível: trezentas para a publicidade; apenas cem de um mérito sem paralelo. (…) Dos manuscritos ou trabalhos de grande fôlego que nos são dirigidos, entre os quais, sobre trinta deles não encontramos senão cinco ou seis tendo um valor real.  No mundo invisível, como sobre a Terra, os escritores não faltam, mas os bons escritores são raros”.

O consolador – Ano 11 – N 533 – Artigos

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