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Escolarização e imaginação

Autor: Marcus de Mario

Você já parou para pensar sobre a educação infantil? O que ela é e qual a sua importância?

São vários os entendimentos sobre a educação infantil, que recebeu atenção escolar com fundamentos mais científicos e metodológicos somente a partir do educador alemão Frobel, o criador do Jardim da Infância, lá na segunda metade do século dezenove e início do século vinte, desde então ganhando cada vez mais um olhar mais pedagógico sobre o desenvolvimento da criança.

Aqui no Brasil o processo foi lento e gradual até incluirmos as creches e jardins de infância no sistema educacional, pois durante muito tempo elas ficaram ligadas à área de assistência social. Essa inclusão pode ser considerada recente, do final do último século, por força da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, mas ainda hoje prevalecem distorções sobre o que é e qual a importância da educação infantil.

Para muitas pessoas, entre elas pais, professores, e mesmo pedagogos, a educação infantil é:

  1. Uma etapa menos séria da educação, onde devem prevalecer jogos e brincadeiras.
  2. Uma “escolinha” para cuidar de crianças pequenas.
  3. Um ambiente de “cuidar” de crianças em apoio às mães que necessitam trabalhar.

Para outros, a educação infantil é:

  1. Fase preparatória em que as crianças devem já se tornar alunos.
  2. Escola que deve alfabetizar e desenvolver conteúdos programáticos, inclusive com avaliação por provas e notas.

Diversos estudos mostram que uma sociedade melhor deve ser pensada desde a infância, e que a criança não pode ser tolhida na sua espontaneidade, liberdade, criatividade, mas que necessita, ao mesmo tempo, da orientação e auxílio dos adultos, desde que estes não lhe façam imposições e não prejudiquem seu desenvolvimento natural.

Diante disso, temos que a educação infantil não é uma brincadeira, uma “escolinha”; assim como também não deve reproduzir um sistema pensado para jovens e adultos, e muito questionável do ponto de vista pedagógico.

Diante de tudo isso, vários educadores estão se movimentando em torno do “proteger a imaginação infantil”, pois essa característica da criança não pode ser perdida, sob pena de, com o tempo, termos um caos na sociedade.

Lembremos que nenhum ser humano, e não importa sua idade, é movido por programação de inteligência artificial. Não somos robôs. Somos seres interativos e imaginativos; criativos e sonhadores. O período infantil é pródigo não apenas do lúdico, mas também do imaginativo.

Se a criança fica solta apenas participando de passatempos, jogos e brincadeiras, ou, pelo contrário, tem que seguir um currículo, fazer dever de casa, provas e ganhar notas avaliativas, nos dois casos não estamos “matando” o imaginário infantil, a capacidade de criar, de inventar e de fazer descobertas?

Como será o adulto de amanhã, se hoje está sendo cerceado e forçado a ficar emparedado num sistema que não leva em conta suas potencialidades e possibilidades?

Vivemos um tempo em que é preciso proteger a imaginação da criança, para sermos capazes de interromper o caos social e a possibilidade de um futuro colapso da humanidade, formada por gerações que não sabem mais sonhar, idealizar, pensar e criar espontaneamente.

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