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Falta de participantes na Mocidade Espírita

Autor: Felipe Gallesco

“Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” – Jesus (Mt 18,20)

Em diversas ocasiões, pude observar que a principal dificuldade em começar ou manter a reunião de Mocidade Espírita está na quantidade de participantes.

Muitas vezes é realizado um intenso trabalho de divulgação nas reuniões públicas da casa espírita, cartazes são fixados, jovens são chamados através das redes sociais e também é feita a divulgação “boca a boca”, com parentes, amigos e vizinhos. Todo esse trabalho parece não surtir efeito.

Venho há quase 14 anos trabalhando e me correspondendo com diversos grupos de Mocidade e, nesse período, conheci diferentes grupos que se mantinham ativos com um, dois ou três participantes encarnados e nada impedia o grupo de existir, pois eram realizadas excelentes reuniões de estudo e aprendizado.

Estudando a biografia de Chico Xavier, é possível observar que logo nos primeiros anos de seu trabalho mediúnico, quando participava do Centro Espírita Luiz Gonzaga, localizado em Minas Gerais, num período de aproximadamente dois anos o Chico foi o único participante encarnado da casa espírita.

Nesse período, as reuniões ocorriam com portas abertas, em horário regular, sendo realizadas de segundas e sextas-férias com leitura e estudo do Evangelho Segundo o Espiritismo. No livro Lindos casos de Chico Xavier de Ramiro Gama, é citado que essas reuniões foram importantes para preparar o Chico para os futuros trabalhos que estavam por vir.

Analisando o movimento de Mocidade Espírita, existem dois fatores principais que resultam neste quadro:

O movimento é cíclico

Infância Espírita e Mocidade são dos poucos trabalhos que são realizados na casa espírita onde existe um período da vida para ingressar e outro para sair, tornando grande a rotatividade.

Geralmente quando algum membro decide deixar de participar da Mocidade para iniciar em algum outro trabalho, outros jovens chegam, dando início a um novo ciclo para as reuniões de Mocidade.

Existem também os grupos de crianças recém-saídas da Infância Espírita ou Pré-Mocidade que, quando iniciam na Mocidade, também formam um ciclo.

Na prática, pude observar Mocidades que antes tinham 70 participantes e hoje trabalham com 20; outras com 1 ou 2 participantes e hoje têm 15; outras ainda, apesar da rotatividade e passagem dos anos, conseguem manter um número sempre aproximado de membros.

A quantidade depende do número de participantes da casa espírita

Na quarta edição anual da pesquisa nacional para espíritas brasileiros, publicada em 2018 por Ivan Franzolim, consta na pergunta número 2 a idade média dos participantes da casa espírita. Segue resultado obtido:

Participantes entre 11 e 30 anos de idade totalizam somente 11,1% do público geral da casa, enquanto pessoas na faixa de 40 anos somam 69,4%. Foram 3.926 respostas.

Na pergunta de número 36 é possível ter uma dimensão da quantidade de participantes que frequentam a reunião pública da casa espírita. Nas respostas, 73,8% dos entrevistados indicaram até 100 participantes. Foram colhidas 3.926 respostas.

Tomando como base as duas perguntas e considerando a situação hipotética de que 100% dos jovens que frequentem a casa espírita, que participem da Mocidade e que fiquem nela até os 30 anos (cenário extremamente raro de ocorrer), a média das Mocidades brasileiras seria de no máximo 11 participantes.

Não existe problema em haver poucos participantes encarnados na Mocidade Espírita. É preferível uma reunião com poucas pessoas e todas comprometidas com o estudo sério, que priorizar quantidade e perder em qualidade.

Todas as reuniões de Mocidade são assistidas por espíritos que ajudam a organizar o trabalho ou que vêm ouvir uma palavra de consolo para se equilibrarem em sua trajetória evolutiva. Desta maneira, mesmo que exista um único participante na reunião, a mesma deve continuar normalmente.

Caso a situação se repita sempre, é possível convidar outras pessoas da casa espírita para participarem da Mocidade (mesmo que não sejam mais jovens), pois a Mocidade ocorre através de ciclos e, mantendo a fé e perseverança no trabalho, a situação pode mudar. Lembrando novamente do exemplo do Chico.

Existe ainda outra situação. Trata-se daquela onde a Mocidade existe com poucos participantes que efetuam o estudo regular, porém sentem-se desmotivados, sentem que o trabalho cansa por ser repetitivo e não ter com quem dividir as tarefas. Já não sentem motivação para tentar algo novo. A solução para estes grupos é bastante simples e está na união.

Chamem jovens de outras Mocidades para apresentarem algum tema no grupo. Caso queiram participar de algum trabalho assistencial ou evento e não tenham estrutura para isso, chamem outras Mocidades da região ou façam em conjunto com outro departamento da casa onde participam.

Hoje eu frequento uma mocidade com 2 participantes, contando comigo. Nos últimos anos sempre foi essa a média de participantes e mesmo assim fizemos diversos eventos, cursos, visitas assistenciais, festas juninas, etc… Sempre que alguém queria tentar algo e faltava participantes, chamávamos outra casa que também tinha poucas pessoas e, juntos, conseguíamos realizá-las.

Mocidade Espírita com poucos participantes é uma realidade em quase todas as casas espíritas, porém não justifica o fechamento do departamento ou desistência do trabalho.

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