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Há coisas que nunca devem ser ditas às crianças

Autora: Eugênia Pickina

Só a educação liberta.

Epicteto

Quando eu era criança tinha muita vontade de estudar piano. Aos dez anos fui matriculada em um conservatório para dar início às aulas. Infelizmente, minha professora era insensível e muito severa e eu, assustada, me pegava, durante as lições, chorando ou pedindo desculpas, o que aumentava o rigor da professora. Um dia, eu me pus a chorar copiosamente e ela, no lugar de me consolar, me disse rudemente: “você precisa parar de chorar por essa bobagem!” Desse dia em diante, estava tão estremecida que minha mãe cancelou as aulas no conservatório e eu nunca mais voltei ao piano…

Adulta e mãe, sei que educar é um ato de amor – e amar implica atenção também na comunicação. Comunicação não violenta deve ser a vigente entre pais e filhos. Igualmente, na escola, ensinar matemática, português ou música para crianças também depende de uma comunicação empática, não violenta. E é sabido hoje que certas coisas nunca devem ser ditas às crianças, pois são nocivas e as afetam negativamente na vida adulta.

Eis algumas frases que devemos evitar dizer aos nossos filhos no começo da vida deles:

“Pare de chorar por essa bobagem.”

Raiva e tristeza são parte da vida. As crianças são emocionais também e, pela imaturidade, não conseguem lidar com o que sentem. Chorar no dia a dia é natural e faz parte da jornada da infância. Além disso, quem somos nós para avaliar como os outros se sentem?

“Não entendo por que você tem medo de formigas.”

Obviamente a criança tampouco entende, mas o fato é que ela sente medo. E o medo ocorre de maneira involuntária, inconsciente, motivo pelo qual não deveríamos julgar de modo desrespeitoso o medo que nossos filhos pequenos experimentam.

“Seu irmão faz isso muito melhor do que você.”

Não é nada construtivo compararmos os filhos com os irmãos, primos, colegas de classe. Cada um de nós tem um ritmo e um desenvolvimento. As comparações costumam ser negativas e não colaboram com o processo educativo da criança e, por isso, geram mágoa e uma atitude de autodepreciação.

“Na sua idade eu fazia a lição de casa sozinho.”

Cada pessoa nasce habilitada para sua época. As coisas mudam de uma geração a outra. É mais assertivo falar de nosso filho e do seu contexto do que falar sobre nós mesmos.

“Você é gordo/feio/burro.”

Nossos filhos acreditam em tudo o que falamos. Além de fonte de afeto, nós somos sua fonte confiável de informação. Não destrua a autoestima de seus filhos repetindo sentenças pejorativas a respeito deles. É melhor reconhecer seus pontos fortes e ajudá-los em suas dificuldades.

O consolador – Ano 16 – N 814 – Cinco-marias

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