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João Ghignone

Nascido em 11 de fevereiro de 1889 – foi o 11º Presidente da Federação Espírita do Paraná, quando já pertencia aos quadros sociais da Casa Máter há mais de 10 anos. Desde 1919 exerceu várias funções e ocupou diversos cargos com muito amor e dedicação. Sua presença sempre acatada facultou-lhe a prestação de serviços de valor inestimável. Desde a direção do velho Albergue Noturno até a Presidência, sua assiduidade constituiu sempre uma das mais firmes características de sua personalidade.  

Afeito ao trabalho doutrinário e à administração com interesse desusado, não se furtou às longas viagens ao interior do Estado ou aos Estados vizinhos para participação em Congressos, Confraternizações ou festividades, chefiando a representação da Casa Máter.  

Os mais notáveis acontecimentos nos setores doutrinários brasileiros, quer na antiga Capital Federal, no Rio Grande do Sul, São Paulo, Goiânia ou Salvador, sempre contaram com sua presença e atuação autêntica de grande defensor dos legítimos ideais espíritas.  

Em 1978, completou 50 anos como membro efetivo do Conselho Deliberativo, e aproximadamente 60 anos como integrante dos quadros federativos. 

Durante seus longos anos de gestão como presidente e ao lado principalmente de seus colegas de Diretoria, dos quais se destaca, sem favor nenhum, o atual presidente Abibe Isfer, foram construídas as grandes obras da Federação, como o Albergue Noturno da Rua Cabral, o Sanatório “Bom Retiro”, o Lar “Icléa”, o Lar “Hercília de Vasconcellos”, de Paranaguá, a Creche “Mariinha”, de Campo Largo, A creche “Josefina Rocha” de Curitiba e o Instituto “Lins de Vasconcellos”, além de outras mais que integram a comunidade Espírita Paranaense. 

João Ghignone, dedicado ao comércio de livros nesta Capital, foi um homem inteiramente voltado para as nobres causas, tendo merecido sempre o respeito e consideração das grandes empresas que mantinham relações com sua firma comercial. 

Vivendo para o lar, para seus negócios e para tudo quanto dele reclamasse as atribuições de suas funções de presidente da Federação, não media sacrifícios, até mesmo da própria saúde, para que nada perecesse pela sua ausência. E assim foi, até quando, quase de surpresa, naquele 8 de Junho de 1978, deixou, de um dia para outro, tudo o que amava neste mundo.  

E hoje que lhe estamos prestando mais uma homenagem , além daquelas que merecidamente já tributamos ao seu Espírito, não podemos olvidar nossa grande saudade de sua presença física e o reconhecimento por tudo quanto fez por nossa causa.  

Para concluir a página dedicada a João Ghignone, encerrando o ciclo de Presidentes, é merecido que transcrevamos o que há fora do mundo espírita a seu respeito. 

João Ghignone nasceu em Serravalle – Sévia na Itália, porém transferiu-se para o Brasil em 1894 e tornou-se brasileiro de coração. Após percorrer alguns Estados fixou-se no Paraná, inicialmente em Morretes, com apenas 11 anos de idade, acompanhado de seus pais, Pietro Di Giuseppe Ghignone e Francesca Rolando Ghignone.  

Na terra de Rocha Pombo, Ghignone consorciou-se com Itália Dall’Igna, ali nascida e que a seu lado lutou, sofreu e o fez feliz. De seu matrimônio houveram oito filhos, dos quais três varões e cinco mulheres. Foi músico, tipógrafo, dono de restaurante e comerciante, até que, vindo para Curitiba, estabeleceu-se como livreiro, em 1925. A partir desse passo cresceu e realizou-se.  

À propósito de sua desencarnação, muitíssimas foram as manifestações de apreço e carinho ressaltando os traços predominantes de seu caráter. 

De uma reportagem que nos chegou às mãos destacamos as seguintes referências:  

– O Professor J. Herculano Pires, um dos mais brilhantes escritores espíritas definiu Ghignone como “um baluarte na defesa do Espiritismo no Brasil” e com referência ao seu dinamismo: “quando determina algum trabalho, por maior que seja, é costume se dizer que o trabalho já está feito, porque é ele que faz. Essa fidelidade absoluta aos seus ideais, esse destemor com que enfrenta os desafios, fazem com que permaneça à frente da Federação Espírita do Paraná, como seu Presidente há quase 50 anos.” 

O Professor Manoel de Oliveira Franco Sobrinho, então Diretor da Faculdade de Direito, disse: “o que deve o Brasil a João Ghignone, nesta vasta região Sul, não se define por palavras, e sim através de fatos. E esses estão sedimentados em Curitiba.”  

Finalmente, o Dr. Algacir Munhoz Mader, Reitor da Universidade Federal do Paraná, disse certa vez: “ainda há gente boa neste mundo. Gente que pode recordar o passado com tranqüilidade e paz de espírito porque nunca conheceu o mal – como João Ghignone – cujas virtudes vão além, pois despende suas melhores energias com a simplicidade que todos lhe admiram para minorar o sofrimento alheio”.   

Fonte: Do opúsculo de autoria de Honório Melo – Federação Espírita do Paraná, 77 anos, seus presidentes. 

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