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O alimento da alma

Autora: Teresinha Olivier

Com leite vos criei e não com manjar, porque ainda não podíeis, nem tampouco ainda agora podeis.” (1 Corintios 3:2-4)

Essas palavras do apóstolo Paulo revelam um grande discernimento com relação ao aprendizado da humanidade.

De fato, o homem, desde a sua infância espiritual, nos primórdios da sua evolução, tem recebido da bondade divina todo cuidado e amor. Tem sido agraciado pelos mensageiros do Pai com as luzes dos ensinamentos, em todas as épocas e lugares.

Porém, assim como se administra às crianças os ensinamentos respeitando-se o seu grau de maturidade e sua capacidade de assimilação, os Espíritos superiores, nossos irmãos maiores que, numa atitude de amor e dedicação, vêm à Terra para trazer aos homens aspectos, ângulos da verdade, não perdem de vista a preparação, o discernimento da criatura carente de iluminação.

Em todas as épocas da humanidade, esses missionários iluminados têm se dedicado a essa missão divina em todos os cantos do mundo. Em cada civilização, em cada cultura, quando se faz necessária a introdução de valores morais e espirituais mais elevados, eles são administrados de acordo com as tradições, usos, costumes e crenças de cada povo. Os Espíritos realmente elevados não violentam as consciências e o grau de madureza dos seres em evolução.

No Decálogo recebido por Moisés, por exemplo, vemos as leis traduzidas em vocabulário bastante familiar e acessível a um povo de mente ainda primitiva quanto aos aspectos morais e espirituais mais elevados. As palavras e os exemplos falavam muito de perto sobre o cotidiano de pessoas que compreendiam melhor aquilo que tocava mais diretamente os seus interesses imediatos. Por isso os exemplos com objetos e atividades usuais na época, a fim de ilustrar os ensinamentos e fixá-los nas mentes em desenvolvimento. Vejamos um exemplo:

Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo.”

E quanto aos castigos e recompensas divinos, que sempre fizeram parte das crenças dos povos que não compreendem ainda a grandeza do Criador, também eram físicos, materiais, e se reportavam aos medos e aos interesses imediatos dos homens da época.

Com Jesus verificamos uma linguagem e conceitos de moral mais elevados. Conceitos mais abstratos, mais voltados para a espiritualidade, verificando-se o cuidado do Mestre em mostrar com palavras e exemplos do cotidiano a relatividade da matéria e a superioridade da realidade do Espírito. A ideia de um Deus de amor, as noções da imortalidade, da reencarnação já fazem parte dos ensinamentos do Mestre de uma forma mais ou menos marcante.

Meu reino não é deste mundo: se o meu reino fosse deste mundo, certo que os meus ministros haviam de pelejar para que eu não fosse entregue aos judeus; mas o meu reino não é daqui.”

Porém, ele mesmo, na sua sabedoria de Espírito perfeito, dosou as orientações dadas segundo a evolução moral e intelectual conquistada até aquela época e prometeu que, no tempo certo, seus ensinamentos iriam ser relembrados, ampliados e aprofundados.

Seus ensinamentos, seus exemplos, suas parábolas, também foram ilustrados com os usos, costumes, linguagem, tradições e crenças da época, porém trazem ideias e conceitos mais profundos, até hoje plenamente atuais e significativos para toda a humanidade.

Quando ele narra:

O Reino dos Céus é semelhante a um homem rei, que faz as bodas de seu filho; e mandou seus servos a chamar convidados para as bodas….”

temos condições, hoje, de perceber a metáfora utilizada e compreender o ensinamento contido nessa comparações.

Na época do surgimento do Espiritismo, com as conquistas científicas e o desenvolvimento intelectual da humanidade mais amadurecida, vemos os conceitos e os princípios relativos à espiritualidade, já mencionados por Jesus, aprofundados e acompanhados de outros mais, com comprovações claras e precisas, propiciando o poder e o direito de raciocínio e discernimento que o homem conquistou no curso de milênios.

Com a Doutrina Espírita, chega-se ao conhecimento através de estudo, do raciocínio, questionamentos, podendo o homem usar o cabedal intelectual que desenvolveu em suas múltiplas experiências reencarnatórias. O homem que se dedica a esse estudo acredita porque sabe, e não por imposição ou por medo, como era no passado e ainda é nos dias de hoje em algumas outras doutrinas.

Em todas as épocas existem os mais adiantados e os mais atrasados, os Espíritos mais antigos e os mais novos, os que aproveitam mais e melhor as oportunidades de crescimento espiritual e os retardatários por sua própria indolência. Portanto, hoje, grande parte da humanidade está preparada para se alimentar de alimento mais nutritivo, espiritualmente falando, porém, um fator importante que pesa na balança do aprendizado espiritual do homem é o seu interesse e sua vontade de se libertar da ignorância, o que demanda trabalho, estudo e dedicação.

Hoje, mais do que nunca, o ser humano tem a facilidade de se informar, de se instruir quanto às coisas do Espírito imortal e tomar as rédeas de sua própria existência.

Mas, será que muitos homens, no seu íntimo, realmente desejam se libertar da condição espiritual infantil e procurar alimento superior para o seu enriquecimento interior? Ou preferem ficar na condição de crianças, dependendo indefinidamente de guias que as conduzam pelos caminhos da vida, sem assumirem de fato a responsabilidade da sua existência?

Temos hoje o alimento da alma que Jesus nos deixou e que o Espiritismo veio aprofundar, ampliar e corroborar filosófica e cientificamente.

Com os meios de comunicação modernos, tudo está à disposição de quem se interessar. Temos o discernimento intelectual desenvolvido e preparado. Basta agora colocarmos a nossa vontade a serviço da conquista da verdade para nos libertarmos da ignorância e do atraso espiritual.

E isso depende inteiramente do nosso interesse em crescer, em evoluir, que é o objetivo de estarmos aqui encarnados.

Dica

A autora participa semanalmente dos grupos de estudos online, abaixo. Se tiver interesse em participar também, são abertos para todos os públicos.

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