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O professor e a ética

Autor: Marcus De Mario

É inconcebível que o professor não se prepare adequadamente para o exercício de sua profissão, que não respeite a autonomia do aluno, que não realize constantemente sua autoeducação, e que não faça a avaliação honesta e profunda de sua conduta na escola. Não podemos aceitar que o professor simplesmente chegue na escola para cumprir burocraticamente seu trabalho de dar aula, e não podemos aceitar porque ele é um ser humano que lida com outros seres humanos, os alunos, e também porque seu papel, na verdade, não é de dar aula, é de ser mestre, educador, orientador das crianças e jovens que depositam nele a esperança de suas vidas.

A ética é indissociável do professor, do ato de educar. Como pode o professor não se preocupar com os exemplos de conduta pessoal que fornece aos seus alunos? Como pode estar na escola sem provocar reflexões sobre normas e valores que, querendo ou não, irão se refletir na realidade social?

A não preocupação com a ética, com a conduta, com o respeito, com os valores que regem a vida, provocam aberrações que desviam a educação de sua finalidade de formar o caráter, criar bons hábitos, forjar cidadãos conscientes. Vejamos algumas falas e condutas de muitos professores, ilustrando esta afirmação.

Ai, ai, mais um dia na escola, que chatice!

Eu não chamo mais a atenção de ninguém, que cada um cuide de si!

A diretora pediu que eu não fume no pátio, ora, eu fumo quando quiser e onde eu quiser!

Se eu tenho que aplicar testes, então eu aplico; se eu tenho que dar aula, então eu dou; não estou aqui para esquentar minha cabeça!

Não arrumo problema com os pais, comigo não tem reclamação, dou as notas, faço todo mundo passar de ano, e pronto!

Estão falando em nova proposta pedagógica, outra metodologia: estou fora, não quero ter trabalho, não!

A fulana que me aguarde, ela vai ver o que é bom, vou puxar o tapete dela!

Poderíamos transcrever muito mais frases, expressões e condutas dos que se dizem professores e não têm nenhuma ética, não têm nenhum amor à educação, chegando ao cúmulo de ouvirmos de uma professora do ensino fundamental que “ser professor e trabalhar numa escola é tudo de mais ruim que pode ter na vida!

É por todas essas coisas que a realidade social não é satisfatória, que convivemos com a injustiça, a violência, a miséria, a exclusão. É por todas essas coisas que a realidade escolar pública é ruim.

Mas a culpa não é exclusiva dos professores. São culpados também os responsáveis pela sua formação nas universidades; são culpados também os governantes que politizam a educação. São muitos os culpados e múltiplas as causas da degeneração da educação, da escola e da sociedade.

Qual o caminho para consertar o que desconcertamos? É a educação, mas a educação com ética, a educação em valores humanos, a educação que forma pessoas conscientes e solidárias, que então transformarão o mundo. Para termos essa educação, iniciem os professores sua autoeducação, transformando seu trabalho e fazendo da escola uma grande família, com olhar no futuro, pois as crianças de hoje serão os adultos de amanhã. Que pessoas queremos, amanhã, à frente da nossa sociedade?

Deixo aqui o convite para pensarmos seriamente, e profundamente, a resposta.

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