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Amor Não correspondido!!!

Autor: Joelson Pessoa

Seus olhares se cruzam, uma sensação gostosa lhe preenche. Você se sente encantado, ganha forças de onde nem existia, a paixão lhe deixa mudo, cego e surdo. Ai ai…

“Desde que os espíritos simpáticos são levados a se unir, como se explica que, entre os encarnados, a afeição exista muitas vezes apenas de um dos lados, e que o amor mais sincero seja acolhido com indiferença e repulsa?”

“R: Não compreende que é uma punição, embora passageira? Além disso, quantos não acreditaram amar perdidamente, porque julgam apenas as aparências e, quando são obrigados a conviver, não tardam em reconhecer que se tratava tão somente de uma paixão física?” – Questão 939 de O Livro dos Espíritos

Alguém se descobre apaixonado por outro alguém e, em algum espaço de tempo, constata que não é correspondido… Está aí uma das experiências mais doídas que qualquer pessoa pode sofrer, mais, geralmente, jovens e adolescentes.

Quando alguém se pega neste contexto e não possui ainda serenidade, irrompe na sua vida mental e emocional uma pane, desencadeando inúmeras reações comportamentais danosas: revolta, melancolia, fixação mental obsessiva na pessoa desejada, alteração na rotina, ciúme (da pessoa desejada), inveja (do rival), perturbação moral e às vezes física.

Além disso, muitas pessoas, inaptas para lidar com a situação, fogem da “fossa” e mergulham no consumo demasiado de alcoólicos e no troca – troca de parceiros sexuais nas baladas, tentando se distrair com outras companhias. Escolha inútil, ou o que é mais justo reconhecer, tais atitudes servirão, mais tarde, para comprovar que a fuga não resolveu a “dor inicial”, ao contrário, poderá trazer-nos outros inconvenientes muito mais prejudiciais: o vício, a promiscuidade, a gravidez indesejada, depressão, DSTs e bloqueios psicológicos no campo das relações afetivas devido a traumas em relações doentias.

Quando repentinamente sentimo-nos vinculados a alguém, uma forte atração, uma paixão ou o amor, e não somos correspondidos, naturalmente sofremos exceção às pessoas melhor treinadas na renúncia e abnegação.

Então convém refletir:

Qual a razão de um sentimento tão bonito se não pode ser permutado, correspondido? Não parece um sofrimento sem propósito?

Eu já me fiz essa pergunta nos primeiros anos da minha juventude e demorei a interiorizar o aprendizado.

O Espiritismo explica que nosso mundo está ainda nos primeiros degraus da escala evolutiva, somos recém emergidos do reino animal, há muito a aprender e vivenciar para aperfeiçoarmo-nos como seres humanos, ou seja, as virtudes e as qualidades morais são atributos que apenas começamos a desenvolver. Nesta ótica, a experiência do amor não correspondido, comum a quase todas as pessoas é um recurso da Lei de Justiça, em nosso favor, para nos induzir ao obrigatório aprendizado do Desapego – gostar ou amar sem desejar possuir.

Além do desapego, é um teste à nossa Fé (quantos vacilam na fé, desacreditam de um futuro mais feliz e, fragilizados por essa dúvida cruel, se entregam sem resistência a comportamentos arriscados, aparentemente inofensivos, como o “Ficar”, habituando-se a um carrossel de parceiros, machucando ainda mais o seu próprio coração e os corações de outras pessoas, comprometendo-se espiritualmente por essas “lesões afetivas” que exigirão reajustes posteriormente.

E como nos referimos à condição do Reajuste, é oportuno comentar que se para muitas pessoas a experiência do amor não correspondido é uma fase passageira, existem pessoas para as quais ela será mais prolongada, podendo mesmo durar uma existência inteira, na medida em que se estabelece por condição de prova ou expiação.

“O que orienta o espírito na escolha das provas por que pretende passar?

R: Ele escolhe, as que podem servir-lhe de expiação, segundo a natureza de suas faltas anteriores e fazê-lo progredir mais rapidamente. Alguns se impõem uma vida de misérias ou de privações, para tentar suportá-las com coragem”. – Questão 264 de O Livro dos Espíritos.

Neste caso são espíritos que as solicitam, por motivos particulares, desejando empregar seu tempo e suas vidas em tarefas específicas e almejam aprendizados mais intensos propiciados pela “solidão no coração” e muitos outros estão em intensivo regime de reeducação dos próprios sentimentos porque estão sofrendo atualmente a privação de um “tesouro” que já possuíram e desprezaram.

Todos já comprovamos de alguma forma a força e a verdade desta expressão: “Só conferimos o devido valor às coisas depois que as perdemos” (Pai / Mãe, Companheiro (a), Saúde, Emprego, Juventude, Tempo, Oportunidades, Encarnação, etc.)

Pois bem, quantos de nós tivemos em outras épocas alguém que nos amou, respeitou e valorizou, recebendo de nós o veneno da ingratidão, da mentira, do abandono…? Sentimentos, Sonhos e Ideais são “locais sagrados” na intimidade de qual quer Ser Humano e que não devem ser “brinquedos” para o nosso passa-tempo.

Quem hoje se encontra triste e faminto de afeto: reflita muito, consulte a própria consciência e verifique se não estaria em regime intensivo de reeducação dos próprios sentimentos e desejos a fim de que venha amadurecer moralmente e se tornar apto a merecer um companheiro (a) digno a fim de corresponder-lhe também as expectativas de ser amado, respeitado e valorizado.

Estas considerações também podem ser aproveitadas como “dicas preventivas” por quem se encontra comprometido afetivamente, no sentido de reavaliar a própria conduta perante seu companheiro (a) e verificar se tem trabalhado moralmente para preservar seu “tesouro afetivo” garantindo um futuro ainda mais abundante de companheirismo e afeto ou, se está negligenciando as necessidades do coração alheio, apoiando-se em conceitos moderninhos e de descompromisso moral como este: “A fila anda”.

Em 23 anos no Espiritismo, quase nunca obtive orientação doutrinária sobre temas desta natureza, o que considero incoerente já que se empenham tanto por outros assuntos repetitivos como perispírito, umbral, aborto, pena de morte, eutanásia e outros temas – chavões que a gente se cansa de ver estampado nos cartazes.

Amigo leitor, todos sonhamos em ser amado, compartilhar a vida em companhia de alguém especial, entretanto, a maioria de nós não se prepara para tornar-se igualmente alguém especial para o outro coração. Exigimos sem oferecer. Somos egoístas.

Amor não correspondido – Fome de Afeto – Solidão no Coração…

Seja a sua provação breve ou mais prolongada, extraía os aprendizados que essa experiência possibilita. É possível converter essa carência em estímulo para o trabalho voluntário, no movimento espírita e fora dele, aprendendo com os dramas alheios e cultivando diante do coração que te desperta interesse: o desapego, o respeito à intimidade dos sentimentos alheios e ao seu próprio e o senso do valor indispensável do companheirismo a dois.

Interiorizados esses aprendizados a Lei de Justiça nos contemplará novamente com a liberdade para amar e ser amado.

Incentivamos as reuniões de mocidades a facilitarem as trocas de experiências em grupos, onde serão compartilhados os êxitos e insucessos, através de relatos e depoimentos, a verdade é que temos observado que esse método amplia bastante o espectro de compreensão por contar com os recursos da sensibilização e contextualização de experiências reais. Um sentir-seá melhor pelo desabafo que a confiança do grupo acolheu; outro, impressionado, aproveitará a lição do companheiro para evitar a mesma queda; outro ainda, desacreditado de si mesmo diante das próprias dificuldades, ao conhecer um exemplo de superação, encontrará ânimo que muitos cursos, por priorizar a memória e o raciocínio, não conseguiriam, talvez, motivar.

A mocidade espírita é uma oportunidade de ouro para promover jovens mais conscientes hoje e adultos mais felizes amanhã.

Fala MEU! Edição 52, ano 2007

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