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O movimento espírita na aldeia global

Autor: Roni Couto

Percorrendo os caminhos da chamada “aldeia global”, tivemos a oportunidade de conhecer e conviver com o movimento espírita de outros países da América Latina, e ver de perto suas dificuldades e sucessos. Conforme aprendemos com a Doutrina Espírita, cada um se encontra no melhor momento e lugar para o seu crescimento espiritual. Basta, portanto, saber aproveitar as oportunidades e crescer, em qualquer lugar da nossa escola Terra.

Em 2005, por motivos profissionais, o destino nos fez desembarcar no México, cuja capital tem o tamanho e o ritmo da cidade de São Paulo. Do ponto de vista social, não há muita diferença entre o estilo de vida de mexicanos e brasileiros. É claro que existem tradições, existe a música, a cultura, a arte e a história que são únicas lá como aqui. Mas o estilo de vida é bem parecido, inclusive em aspectos políticos e econômicos. Infelizmente, o movimento espírita na Cidade do México é bem fraco, quase inexistente. A Central Espírita Mexicana, que se restringe a tarefas doutrinárias – e não administrativas, como seria de se esperar – de um pequeno grupo de pessoas, encontrava-se, na ocasião, sem a força aglutinadora ou divulgadora que aquela cidade tão populosa necessitava, para que o Espiritismo fosse conhecido e cultivado. Pelas livrarias da cidade, pudemos entender um pouco mais desse cenário.

“Aqui quase não lidamos com isso”, foi o que me explicou o funcionário de uma livraria, diante da minha pergunta sobre livros espíritas. Por outro lado, é grande a aceitação de livros de ocultismo, bruxaria e auto-ajuda, que somente contribuem para a formação de uma cultura mística envolvendo as questões espirituais, que os espíritas do México não têm conseguido contrapor com a informação espírita, mesmo esta sendo racional e positiva. Enfim, é um momento histórico e, por que não dizer, espiritual, que cada povo atualmente vive, e que propõe reflexões muito importantes para nós, brasileiros, que vivemos no país mais espírita do mundo. Antes, porém, continuemos nossa viagem.

Em maio de 2006 desembarcamos em El Salvador para uma estátua de três meses em um dos países mais pobres da América Latina e que vive uma complicada situação social, com reflexo de uma guerra civil num passado recente e das crises que envolvem os países pobres atualmente, ou seja, tráfico de drogas, corrupção e criminalidade, exatamente como no Brasil.

Em nosso primeiro contato com os espíritas de San Salvador, fomos informados que uma equipe da Concafras, o conhecido encontro realizado no Brasil Central, estaria na cidade para compartilhar um modelo de administração da casa espírita. Nesse evento pudemos conhecer um pouco do movimento espírita local, que tem no Brasil um modelo a ser seguido. Fomos todos muito bem recebidos, e quando os brasileiros da Concafras retornaram ao Brasil, nós permanecemos em contato muito próximo com os amigos da “Escola” El Mesías, e juntos participamos de vários eventos, inclusive em outros países da América Central.

O Espiritismo no meio das Américas, de uma forma geral, sofre o preconceito acomodado da sociedade e a oposição interesseira de religiosos que se esforçam por combater a Doutrina Espírita. A chamada “santería”, que são as adivinhações, os “trabalhos” espirituais encomendados, e até as formas mais grotescas de mediunismo, tudo isso é facilmente confundido com o Espiritismo sério – perdoem-nos o pleonasmo –, que os espíritas de lá praticam, estudam e divulgam, sem que consigam romper, por enquanto, a resistência cultural existente. Em Honduras, por exemplo, uma casa espírita que conhecemos foi registrada como “Associação Civil de Projeção Moral”, por ter sido recusado o termo “espírita” em sua denominação. Faz lembrar as histórias que os espíritas brasileiros – hoje no fim de suas existências físicas – contam-nos sobre o preconceito que sofriam há 50 anos atrás, somente por serem espíritas.

O envolvimento com os espíritas salvadorenhos foi muito marcante. Além de participarmos das reuniões de estudo da Sociedad Síquico Filosófico Espiritual “El Mesías”, pudemos participar de eventos em Honduras e Guatemala, e observar como os espíritas de lá esforçam-se para estar presentes aos encontros promovidos. Alguém imaginaria, por exemplo, viajar durante quatro horas, debaixo de chuva, em pé, na caçamba de um caminhão? Os amigos de Honduras não imaginam; apenas realizam, oferecendo sua contribuição para o desenvolvimento do movimento espírita de lá.

Deixar El Salvador foi especialmente difícil porque fizemos muitos amigos por lá. Em nossa última reunião, ofereceram-nos uma espécie de certificado, onde está registrada a gratidão de todo o grupo pela ajuda dos brasileiros. Na verdade, a gratidão é nossa, pela oportunidade de conhecer pessoas especiais que conduzem com muita dedicação o movimento espírita.

De volta ao Brasil, procuramos refletir sobre essa experiência tão rica que tivemos. Por que, afinal, estamos no Brasil, envolvidos com o movimento espírita, tão mais abundante que em outros lugares? Qual a nossa tarefa, enfim?

Perguntas que exigem uma boa resposta e a atitude de quem compreendeu seu papel na pequena aldeia azul.

Fala MEU! Edição 52, ano 2007

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