fbpx

Onde está a tentação?

Autora: Teresinha Olivier

A frase “Não nos deixeis cair em tentação” faz parte da prece O Pai nosso, que, segundo o Evangelho, foi a única prece ensinada por Jesus e que até os dias de hoje não foi bem compreendida. Ainda se faz essa prece de forma automática e mecânica, sem pensar e sentir o verdadeiro significado de cada uma de suas frases.

Jesus, na sua imensa sabedoria, colocou em cada frase do Pai Nosso um sentido muito profundo e importante que precisamos entender e, ao proferirmos essa oração, procurando entender e sentir o seu significado, estaremos fazendo uma prece muito mais eficaz, com efeitos muito mais intensos, tocando as fibras mais sensíveis de nossa alma.

“Não nos deixeis cair em tentação”. Durante milênios, a humanidade foi condicionada a interpretar essa frase como se existissem criaturas que vivem para nos induzirem a agir de maneira errada; que somos vítimas de seres mal-intencionados que nos “empurram” para o erro a fim de nos perdermos nas malhas do “pecado” e não merecermos o céu dos eleitos. Fomos condicionados a acreditar na existência de demônios que, para nos atraírem para a perdição, nos tentam de muitas maneiras, colocando diante de nós situações que nos levem a “pecar” e assim ficarmos nas mãos deles.

Assim, fomos educados a pensar que as “tentações” vêm de fora, que seres do mal estão sempre à espreita, preparando armadilhas para nos envolver.

Apesar de saberem que não existem demônios no sentido usual do termo, muitos espíritas ainda não conseguiram desvencilhar-se dessa ideia. Põem a culpa nos Espíritos inferiores, perturbadores e obsessores.

A Doutrina Espírita, bem compreendida, mostra que as coisas não funcionam dessa maneira. Aprendemos que somos “tentados”, ou melhor, induzidos a agir conforme aquilo que cultivamos em nós mesmos. E é justamente isso que nos coloca em situações nas quais podemos cometer deslizes.

No caso da obsessão espiritual, o que a ocasionou? O que a provocou? Por que o Espírito obsessor tem essa influência sobre a pessoa?

Os Espíritos conhecem as nossas tendências e as reforçam.

Quando nos deixamos levar pelas tendências negativas que ainda não vencemos, permitindo que transbordem através de pensamentos e sentimentos inferiores, mesmo que não se exteriorizem em palavras e atos, irradiamos um campo energético com as qualidades desses pensamentos e sentimentos, cujas vibrações sintonizam com outras do mesmo teor, de encarnados ou desencarnados, pela lei da afinidade.

Sendo esses seres de tendência igualmente negativa, suas energias deletérias, também resultado dos seus pensamentos e sentimentos, “reforçam” as nossas.

Portanto, a “tentação”, na realidade, não é exterior a nós. A causa está em nosso íntimo, sendo que apenas acionamos o processo ou damos condições para que se apresentem situações e influências nas quais ficamos suscetíveis de agir dessa ou daquela forma.

Quando pedimos na prece que Deus não nos deixe cair em tentação, na verdade estamos pedindo forças para não nos deixarmos levar pelas más inclinações, que sabemos que ainda cultivamos.

Deus, através dos bons Espíritos, nos dá força, coragem e inspiração para agirmos dentro do bem, mas sempre a escolha é nossa de seguir ou não essa boa influência. O fracasso é responsabilidade nossa e não do demônio, nem dos Espíritos e nem de ninguém. Da mesma forma, quando conseguimos vencer as influências negativas, o mérito nosso. Não esqueçamos que nosso arbítrio nunca será anulado e, seja qual for o desafio do momento, temos o poder de decisão e de escolha.

As leis divinas estão impressas na nossa consciência e Deus nos deu a livre escolha justamente para desenvolvermos, em nós e por nós, o discernimento entre o que é correto e o que não é.

Como somos os artífices do nosso destino, criamos condições para que as situações de “tentações” se apresentem a nós e quando, usando o livre arbítrio, nos deixamos levar pelas nossas tendências negativas, teremos que enfrentar, mais cedo ou mais tarde, as consequências naturais das escolhas equivocadas. É um processo educativo que tem por objetivo primordial a educação do Espírito imortal, e não o sofrimento em si.

Mas podemos criar, em torno dos nossos passos, vibrações positivas a partir de pensamentos e sentimentos elevados, com vontade sincera e enérgica de nos modificarmos para melhor, de vencer no íntimo, aquilo que nos torna vulneráveis às influências negativas, atraindo o auxílio de Espíritos que desejam nosso progresso espiritual e nos impulsionam para esse objetivo.

Da mesma forma que Espíritos inferiores são atraídos pelos nossos pensamentos e sentimentos negativos e nos induzem ao mal que alimentamos no íntimo, Espíritos benfazejos e amigos, aguardam os momentos em que nos dispomos a pensamentos e sentimentos edificantes, para nos fortalecerem, usando do mesmo processo, só que com vistas ao bem maior.

Temos recursos interiores, tanto para os descaminhos como para as realizações maiores. Irmos para uma ou outra direção depende de termos consciência dos nossos impulsos internos, de nos conhecermos intimamente.

Somente estaremos imunes às influências negativas quando encaminharmos o mundo íntimo para as realizações da alma imortal, tendo em vista, de forma consciente, o objetivo para o qual fomos criados que é a perfeição espiritual.

Dica

A autora participa semanalmente dos grupos de estudos online, abaixo. Se tiver interesse em participar também, são abertos para todos os públicos.

Reuniões: Estudo do livro O Céu e o Inferno (primeira edição autêntica)

spot_img