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A ética e a paz na escola

Autor: Marcus De Mario

“Aguardo com alegria o dia em que as crianças aprendam na escola os princípios da não-violência e da resolução pacífica de conflitos, ou seja, a ética secular.”

São palavras do Dalai Lama, a quem muito respeitamos e temos sincera admiração, e que endossamos, pois aprender a não ser violento, aprender a resolver pacificamente os conflitos, aprender a viver plenamente a ética da convivência cooperativa, são aprendizados essenciais que as crianças precisam desenvolver, trabalho educacional que pertence tanto à família quanto à escola.

Hoje aprende-se muitas coisas na escola, e todo aprendizado é importante, mas é um aprender atrelado ao desenvolvimento da inteligência, quando precisamos tanto dos valores humanos para direcionar esse conhecimento para o bem-estar coletivo. Pensar no outro como um ser humano igual a nós, com os mesmos direitos, e pensar na natureza como bem-estar para a sociedade humana, não se pode fazer isso sem conexão com a ética. Inteligência não acompanhada da ética é porta aberta para a violência, a guerra, a destruição planetária, como temos assistido ao logo dos últimos séculos.

A escola, por ser instituição oficializada de educação presente em todo o mundo, precisa trabalhar o desenvolvimento da ética e dos valores humanos junto às crianças e aos jovens, agregando a esse trabalho a família e a comunidade, pois não se pode pensar em educação sem uma visão integral do ser e da vida.

O século 20 foi marcado por muita violência, muitas guerras, muita destruição, muito sofrimento. Infelizmente não ouvimos as vozes de Albert Schweitzer, Mahatma Gandhi e do Dalai Lama, mas é hora de fazermos do século 21 um mundo melhor, mais pacífico e solidário. Não podemos, é fato, voltar na história para refazê-la, mas podemos começar a fazer diferente hoje, no presente, para garantirmos no futuro uma humanidade cooperativa e em paz.

Sonho com o dia em que a escola deixará de priorizar as disciplinas curriculares da matemática, da história, da geografia, da biologia, da língua portuguesa e outras, para priorizar a ética, a cultura da paz, a mediação de conflitos, a solidariedade, a autonomia responsável, o pensamento coletivo. E não precisamos introduzir a religião na escola para alcançar esse sonho de forma prática. Precisamos introduzir a ética, mas não através de debates filosóficos, mas sim entendida como necessária para nos compreendermos como irmãos, afinal somos todos seres humanos, e é isso o que deve prevalecer.

As dificuldades sociais, econômicas, políticas serão resolvidas quando iniciarmos o trabalho interior de nos educarmos na ética. A solução não é exterior, embora a escola tenha uma grande contribuição a dar nesse sentido. Se queremos melhorar o mundo temos primeiro que nos melhorar, como já afirmava Gandhi. A sociedade humana é o conjunto dos seres humanos, portanto, refletirá sempre, em maior escala, os valores que regem a vida de cada indivíduo, de cada pessoa, por isso que o trabalho primeiro é o de nos transformarmos, de revermos nossos valores, de pensarmos nos nossos comportamentos. Esse deve ser o trabalho prioritário da escola enquanto instituto social de educação.

Se tivermos gerações que saibam meditar, pensar, refletir e agir respeitando o outro, teremos, sem dúvida, um mundo melhor. Vamos então entender que não é a corrida armamentista solução para a violência. A solução está na ética, na colaboração e na gratidão à vida.

Como o Dalai Lama expressou, também sonho com o dia em que teremos na escola a prática da não-violência e a cultura da paz regendo a formação das novas gerações.

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