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Adeprescência… a depressão na adolescência

Autora: Kelly Casimiro (psicóloga)

A adolescência é caracterizada por uma série de mudanças e, essa, é com certeza uma das fases mais marcantes de nossas vidas.

Antigamente a adolescência era uma fase que não existia. Foi no início do século passado que esse “ser” com idade entre 12 e 18 anos tornou-se objeto de estudo das ciências humanas. Digo “ser”, pois nessa faixa etária não se era criança e nem adulto. Hoje sabemos que a adolescência é uma etapa da vida marcada por perdas, ganhos e medos. Vejamos…

É comum o “luto” pela perda do corpo infantil, uma vez que se iniciam as mudanças físicas e a maturação sexual. Por vezes, ouvimos que essa é a fase em que os hormônios estão em ebulição. E de fato, estão mesmos! Temos também o luto pela perda dos pais da infância, já que crescemos e não somos mais tratados como crianças. Há também o luto pela perda da identidade, uma vez que outras experiências são adquiridas.  Soma-se a tudo isso a crise religiosa, a descoberta da sexualidade e a incompreensão da sociedade. Muita coisa para um adolescente lidar, não é?

Pois bem. Todos esses aspectos podem ser desencadeadores de conflitos internos. Em outras palavras, podem provocar um processo depressivo. Se buscarmos uma definição para depressão, temos que é um distúrbio mental decorrente de um conflito interno e de alteração bioquímica. Resumindo: todas as mudanças que um adolescente vivencia, podem provocar uma crise depressiva.

Uma das formas que o adolescente encontra para amenizar tal situação é filiar-se a grupos como uma forma de encontrar sua identidade. O que ocorre é que muitas vezes, esse comportamento é tido como desafiador e agressivo para com a família e então, outro problema instala-se. O contrário também pode acontecer. Quando o adolescente se vê como alguém muito diferente dos demais, isola-se do mundo e também da própria família. Por fim, ambas as situações auxiliam no surgimento da depressão.

Contudo, engana-se aquele que pensa que tudo isso é só para chamar a atenção. Daí ouvirmos até com certa frequência o trocadilho: “Não sou Aborrescente. Sou Adolescente”. Temos que ter em mente que a depressão hoje tem se configurado como a doença do século. Quantos de nós conhecemos pessoas com depressão?

Para clarificar, seguem alguns sinais e sintomas psíquicos dos quadros depressivos: tristeza, desânimo, apatia, insegurança, irritabilidade, auto-estima depreciada, choro persistente, insônia ou sono exagerado, alteração do apetite, ganho ou perda de peso e falta de interesse para atividades da vida diária (tomar banho, pentear o cabelo, escovar os dentes, alimentar-se).

Para que o jovem consiga vencer essa etapa da vida, é de fundamental importância que os pais, principalmente, conheçam e conversem com seus filhos sobre assuntos como sexualidade, relacionamentos, drogas, escolha da profissão. Sabemos que muitas vezes, infelizmente, isso não é possível, pois também é grande o número de pais que passaram pelas mesmas dificuldades e não tinham um ombro amigo para conversar. Portanto, não sabem como agir.

Se você é um desses filhos, não critique nem julgue sua família. Em geral, o ser humano só consegue ofertar aquilo que um dia teve. Aproveite a chance e faça a diferença.

Lembro que quando fui adolescente (e não faz tanto tempo assim!), vivi os mesmos conflitos dos jovens de hoje. Para mim, o conforto veio com a religião. Trocar experiências, conversar com ouras pessoas, conhecer outras realidades, fez muito a diferença na minha vida. E hoje, ainda trabalhando com jovens, posso assegurar que é na religião que nos fortalecemos.

Muitas vezes, quando não conseguimos essa troca de experiência, nossa vida se torna um grande vazio e a fuga se mostra quando passamos horas em frente à televisão ou navegando na internet. Poder discutir sobre os assuntos cotidianos, sair para assistir um filme, fazer uma visita assistencial (em asilos, orfanatos, hospitais) é uma experiência riquíssima. Você já experimentou isso? Por vezes, ficamos roucos ou sem voz, cansados como se tivéssemos corrido por dias, mas garanto que não há dinheiro que pague essa troca de energia, experiências e principalmente doação de amor. Assim, com certeza, não há depressão que resista.

Agora, se ainda assim você sentir necessidade de conversar com alguém, talvez um psicólogo possa ajudar. No entanto, tenha consciência de que a depressão pode ser tornar algo grave se não for diagnosticada a tempo. E em muitos casos, atitudes simples podem fazer a diferença na nossa vida. Pense nisso!

Fala MEU! Edição 57, ano 2007

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