Autora: Eleni Frangatos
Você se sente feliz porque está frequentando um Centro Espírita e “eles” vão ajudá-lo.
Lembro que, se você não se ajudar e continuar cometendo os mesmos erros que tem feito na sua vida, você não vai mudar e não vai beneficiar-se da energia superior que está sendo passada quando você adentra o espaço de uma Casa Espírita.
Lembre-se de que as pessoas que frequentam uma Casa Espírita são as mesmas pessoas com quem você lida no seu dia a dia. Pessoas como você: com falhas, procurando elevar-se também no contato com a espiritualidade elevada.
Então, faça um favor a si mesmo. Não saia contando a sua vida a todo o mundo, porque as pessoas que frequentam o Centro são pessoas comuns que também vêm procurar ajuda. Pessoas que, em alguns casos, criticam, que falam mal uns dos outros, que se acham sempre vítimas, que não absorveram ainda o ensino, o aprendizado, de que a maior parte do que acontece nas suas vidas é culpa delas mesmas. Por isso, tenha cuidado e coloque uma rédea em sua boca.
Não se ofenda, somos quase todos assim. E muitas vezes, querendo desabafar com alguém que mal conhecemos, achando que todos no Centro Espírita estão purificados e elevados, acabamos caindo na malha da crítica e do julgamento alheios e sendo rotulados de algo que na realidade não somos. Então, fale apenas com quem for designado para o aconselhar. Não abra a sua vida para esse ou aquele.
Há três coisas que nunca devemos discutir, especialmente na Casa Espírita: Política, Futebol e Religião.
Com o tempo você já sentirá mudanças na sua vida, na sua paz, no seu bem-fazer e é mais do que natural que queira dizer a todo o mundo como se sente e o que a Doutrina Espírita já está fazendo por você. Mas não se considere, por isso, o dono da verdade e não faça como a pessoa que, até de certa forma infantil, deseja converter todo mundo, propondo que deixem suas crenças religiosas e abracem o Espiritismo.
Lembre-se de que durante décadas o Espiritismo foi perseguido por alguns extremistas que o consideravam satânico, ou coisa de doido. Sabe por quê? Porque quem nunca se deu ao trabalho de estudar ou de ler algo sobre o Espiritismo se sente capaz e no direito de clamar algo tão absurdo e retrógrado.
Um conselho, se você me permite: não discuta com quem pense assim; simplesmente se afaste e silencie. Quem faz esse tipo de afirmação são pessoas induzidas a isso pelos seus líderes superiores a considerar tudo o mais como algo satânico, infame, digno de perseguição… Reflita um pouco sobre este ponto e mantenha-se seguro de si mesmo.
Pelo mesmo motivo, não queira impor o Espiritismo a ninguém. Se alguém pedir, facilite alguma boa, simples e clara leitura e deixe que a espiritualidade atue. Não somos dono do mundo e cada pessoa tem o direito de crer no que desejar.
Já ouvi muta gente dizer que acredita em vida após a morte, mas não no Espiritismo e, quando gentilmente questionada sobre que livro leu, a resposta é geralmente: Não li nada. Aí você pode indicar uma boa leitura, mas nada mais do que isso. O resto é trabalho da Espiritualidade.
No início, você vai ouvir falar muito e constantemente de reforma íntima e como você tem que trabalhar essa sua reforma íntima. No início, para alguns, é meio difícil entender o que se espera de você.
Tentarei explicar o melhor e o mais simples possível. Que o leitor me perdoe se eu não conseguir exatamente fazer o que proponho.
Tive uma certa dificuldade, porque humana sou, e vira e mexe eu “caía” no antigo. Depois, os ensinamentos sobre o que é e como se elabora a reforma íntima me fizeram cair em mim mesma. Sempre me perguntava: como sei que estou fazendo a tal da reforma íntima? A espiritualidade me mostrou de forma bem simples. Ao longo de minha vida sempre fui muito autêntica e de pavio curto e isso me causou grandes aborrecimentos e mal-entendidos.
Há alguns bons anos, estava eu em casa lavando a louça e, de repente, bateu na minha mente uma conversa e troca de palavras com alguém a quem eu queria muito bem, mas na luta pelo controle de tudo (esse é o nosso mal) tinha dito o que não era agradável e, portanto, havia magoado essa pessoa. Parei o que estava fazendo e ouvi, nítida e claramente, o que havia dito exatamente a essa pessoa. Fiquei siderada e, de novo, ouvi a mesma frase. Só a frase. Pensei: – Jesus, preciso pedir perdão a quem ofendi e, nesse momento preciso, tive a noção exata de que a minha reforma íntima tinha começado.
Ao longo da vida, você cai e levanta, cai e levanta, mas continue o bom trabalho e procure ser um bom e verdadeiro espírita.
Nota Juventude Espírita
Valorizamos profundamente o cultivo de laços autênticos de amizade entre todos os envolvidos nas atividades espíritas. Este artigo reúne orientações valiosas para quem está iniciando sua jornada em uma Casa Espírita. Optamos por incluí-lo na categoria “Preparo de Líderes”, pois ele também traz importantes reflexões para aqueles que já exercem a liderança ou desejam se preparar para esse papel.
O consolador – Ano 18 – N 882 – Artigos