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Desafios do voluntariado: Entendendo o propósito

Autor: Maurício Moura

Começamos pelo lema do Espiritismo, que dá título ao capítulo XV de O Evangelho segundo o Espiritismo: “Fora da caridade não há salvação”.

Ainda sobre a Caridade, referimo-nos a um dos trechos mais belos relatados por Paulo de Tarso na 1ª Epístola aos Coríntios capítulo 13:1-3 que reproduzimos a seguir:

“Ainda quando eu falasse todas as línguas dos homens, e mesmo a língua dos anjos, se não tivesse caridade, não seria senão como um bronze sonante, e um címbalo retumbante; e quando eu tivesse o dom de profecia, penetrasse todos os mistérios, e tivesse uma perfeita ciência de todas as coisas; quando tivesse ainda toda a fé possível, até transportar as montanhas, se não tivesse a caridade eu nada seria. E quando tivesse distribuído meus bens para alimentar os pobres, e tivesse entregue meu corpo para ser queimado, se não tivesse caridade, tudo isso não me serviria de nada”.

O Apóstolo dos Gentios demonstra a perfeita compreensão do significado da Caridade. Compreensão que muitas vezes sentimos faltar a nós mesmos. Contudo, para não incorrermos no engano de tratar a caridade apenas como uma palavra, precisamos estar atentos a nós mesmos e à força que nos move em direção ao próximo.

Cito como exemplo a louvável iniciativa de algumas Instituições de Ensino Superior ao incluir programas de assistência social voluntária como parte das horas complementares que seus alunos devem cumprir.

Motivados por conteúdos inseridos nos programas dos cursos universitários, grupos de alunos devem cumprir determinadas tarefas que lhes garantem pontos como atividades complementares.

Sem dúvida, essa iniciativa pode ser o “empurrãozinho” de que muitos necessitam para descobrirem dentro de si a potencialidade de ajudar o próximo.

Contudo, observamos que em alguns casos a conclusão dessa ação dá-se somente no final do semestre letivo, quando os alunos estão mais desesperados por cumprir os requisitos administrativos, do que, de fato, apreender algo de novo.

No final do último ano, vivemos uma situação que ilustra o caso. Alunos de uma Universidade da cidade nos procuraram com a proposta de ajudar-nos na festa de Natal que realizaríamos para nossos pequenos da evangelização infantil.

Ficamos contentes com a inesperada oferta, mas lamentamos não poder aceitar a contribuição, diante das exigências impostas por nossos interlocutores. Elas iam desde a substituição do Papai Noel por alunos do grupo, na entrega dos presentes, até a alteração da data do evento para atender ao calendário do final de aulas da Universidade.

Explicamos ao representante do grupo que, muito embora fosse uma gentil doação que nos ofertava, nosso trabalho voluntário é pautado em um Projeto Pedagógico no qual o conteúdo, a forma e datas de aplicação são previamente planejados e têm propósito assistencial e educacional, enquanto o objetivo dos universitários era simplesmente entregar presentes, fotografar e fazer um relatório para o coordenador de seu curso.

Eles ficaram chateados e disseram que até para fazer caridade encontram-se dificuldades. Lamentável!

Para não incorrermos no mesmo engano, torna-se necessário que façamos da vontade de ajudar uma ação que integre aquelas que já existem, tentando no mínimo compreendê-las em seu propósito. É muito mais produtivo e eficaz do que imaginar as necessidades do outro e tentar persuadi-lo a aceitar nossa doação.

Recomendamos aos queridos jovens, bem como aos diversos corações bondosos que surgem na última hora, que numa próxima oportunidade ofereçam-se no início do semestre, ou, ao menos, com certa antecedência, de maneira a contribuir de fato com a verdadeira necessidade do assistido. Toda ajuda é bem-vinda. Porém, a responsabilidade para com os resultados é de todos e, notadamente, daquele que conduz.

O prêmio do trabalho voluntário deve ser a realização pessoal de sentir-se útil.

Dica

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