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Educação e espiritualidade: Outras considerações

Autor: Marcus De Mario

Trago para reflexão texto do monge budista vietnamita Thich Nhat Hanh, conhecido mundialmente por ser ativista da paz e dos direitos humanos, e mestre da atenção plena, para continuar a abordagem sobre educação e espiritualidade:

“A espiritualidade não é uma religião. É um caminho para gerarmos felicidade, entendimento e amor, para que possamos viver profundamente cada momento de nossa vida. Manter uma dimensão espiritual não significa escapar da vida ou passar um tempo em um local de felicidade, fora do mundo, mas descobrir maneiras de enfrentar as dificuldades da vida e gerar paz, alegria e felicidade bem aqui onde estamos, neste lindo planeta.”

Esse pensamento está em perfeito acordo com meu texto primeiro, publicado aqui no Blog Análise & Crítica, quando deixei claro que espiritualidade não se confunde com religião, com determinada doutrina religiosa.

Analisemos agora as palavras do monge budista.

Ele diz que a espiritualidade é um caminho para gerar felicidade, entendimento e amor, um caminho para vivermos com profundidade cada momento da vida. Diante de tanta correria, tanta energia gasta com sensações, tanta informação que entulha nossa mente de coisas nem sempre necessárias, parece uma utopia, algo não possível de realização nos tempos atuais, viver com profundidade, pois isso requer introspecção, silêncio, relaxamento, meditação, o que leva muitas pessoas a imaginar que precisam se retirar da sociedade para ter um encontro consigo mesmas e com a felicidade.

Mas esse pensamento está em desacordo com a fala de Thich Nhat Hahn. Pelo contrário, ele diz que não devemos viver fora do mundo, num oásis qualquer de paz, em retiro beatífico, e sim devemos viver no mundo tal qual ele é e onde estamos, pois devemos saber enfrentar as dificuldades gerando paz, alegria e felicidade para nós e para os outros.

Nesse entendimento, vemos que é possível trabalhar a espiritualidade, a paz e a felicidade tanto no ambiente da família quanto no ambiente da escola, propiciando às crianças e jovens que façam um encontro consigo mesmos. Isso é possível com a realização de rodas de conversa sobre temas do cotidiano da vida, aproveitando para reservar um tempo para relaxamento e meditação.

Família e escola não precisam se tornar qual um templo budista, não é essa nossa proposta. Propomos que reservem espaço de tempo para o autoconhecimento, para o sentir a vida mais plenamente, pois, como disse Antoine de Saint-Exupery, o essencial é invisível aos olhos.

A invisibilidade do essencial está na alma, está nos sentimentos, está na formação moral levando a pessoa à ética, ao bem e à solidariedade.

Se as ciências exatas e as ciências sociais nos levassem à plenitude do ser, já estaríamos vivendo em paz há muito tempo, mas não é isso o que acontece.

Conhecimento sem espiritualidade e inteligência sem sentimento geram injustiça, violência, corrupção, egoísmo, guerra, discriminação, fanatismo e tantos outros males que conhecemos muito bem.

Não está na hora de, através da educação espiritualizada, humanizada, mudarmos esse quadro na sociedade humana?

Pensemos… e façamos!

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