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Ser pessoa antes que profissional

Autor: Marcus De Mario

Temos muitas especialidades profissionais. Engenheiros, arquitetos, médicos, professores, advogados, biólogos, pedagogos e assim por diante, numa infinidade de profissionais tanto em nível técnico quanto superior, mas nem sempre encontramos no profissional uma pessoa, ou seja, nem sempre somos atendidos olho no olho, nem sempre somos ouvidos como gostaríamos, nem sempre somos tratados com respeito e humanidade. Isso acontece porque antes de ser um profissional, a pessoa deveria ser simplesmente e profundamente uma … pessoa.

Imaginemos essa situação no contexto da escola, onde o professor lida diretamente com pessoas: seus colegas de trabalho, os pais dos alunos e os próprios alunos. Se o professor for um burocrático do ensinar, sabendo apenas lecionar suas aulas, seguindo com rigidez o roteiro do livro didático, o processo educacional será desumanizado, frio, impessoal, sem calor humano, sem afeto, ou seja, na verdade não será um verdadeiro processo educacional, pois onde não há amor não há educação.

Já nos diz com acerto o amigo Pacheco, que a escola são pessoas, e pessoas devem primeiro se amar, se gostar, e gostar do que fazem, antes de serem profissionais.

Esclareço que estou me referindo ao educador José Pacheco, famoso por causa da Escola da Ponte, que por sua vez nos remete ao educador Rubem Alves, com suas reflexões poéticas acerca da educação. São dois amigos que provocam os professores para repensarem o que estão fazendo, colocando a educação e a escola em novas perspectivas.

As escolas, antes de analisarem provas e títulos para contratação de um professor, deveriam sentir a pessoa do professor. Como contratar um profissional que não revele amor pela educação, que não revele sentimentos pelos outros?

Quando não levamos em conta a pessoa, temos posturas como estas, retiradas de minha memória em encontros com professores:

  • Estou aqui na escola para dar aula da minha disciplina, e só.
  • Não ganho para ter que aturar os problemas que os alunos trazem de casa.
  • Já não chega a carga horária de trabalho, ainda tenho que aturar reunião pedagógica!
  • Reuniões com os pais deviam acontecer uma vez no semestre, e já é muito!
  • Quem quiser aprender que aprenda, não esquento minha cabeça com aluno preguiçoso.

Já escrevemos e falamos que o amor é a base da educação, é a essência do ato educativo, e que a humanização é o fundamento do processo de aprendizagem, portanto, na escola devemos ter amor e humanização reunindo pessoas para que ela, de fato, bem represente a educação, trabalhando em conjunto com a família e a comunidade.

Se para termos uma humanidade solidária, cooperativa, ética dependêssemos apenas de aprender matemática, língua portuguesa e outros conhecimentos, já estaríamos há muito tempo solidários, cooperativos e éticos, pois é isso o que encontramos na maioria das escolas, mas como falta amor e humanização, nosso desenvolvimento socioafetivo está no fundo do poço, por isso ainda mantemos a injustiça, a desigualdade social, a violência e o desamor.

Professor, antes de ser um profissional, lembre-se que é preciso ser uma pessoa, esse é o caminho para renovarmos a educação e a escola.

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