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Entendendo o adolescente

Autor: Marcus De Mario

Muitos pais se perdem na educação de seu filho quando o mesmo entra na adolescência. Não sabem se impõem o que querem, se dão liberdade para que ele descubra a vida, se cobram por comportamentos adequados, se usam da violência física para controlar, se continuam a dedicar afeto e atenção, enfim, o que fazer quando o filho está adolescente?

O adolescente pensa diferente, comporta-se diferente e a atual geração nem de longe se compara à nossa geração, quando fomos adolescentes, pois naquela época não havia computador, internet, ecologia, redes sociais e tantas outras coisas mais, mas é certo que em alguns aspectos podemos tirar das lições do nosso passado vários aprendizados para melhor lidar com o filho adolescente.

O primeiro aprendizado é que ele está ainda em fase de crescimento da personalidade e da compreensão do mundo. Não é mais criança, mas também não é um adulto, portanto, necessita ainda de amparo, orientação. Os pais devem se transformar em amigos que compartilham dúvidas e certezas.

Outro aprendizado é que a inconstância entre o que se quer e o que não se quer é natural. As novas descobertas propiciadas pelos estudos e pelas experiências vivenciais fazem com que a mudança de opinião não seja uma aberração, mas um estado natural de assimilação e acomodação, até que tudo esteja claro. Os pais não devem cobrar definições que o adolescente não pode dar, mas estimular suas potencialidades.

Um terceiro aprendizado refere-se ao anseio de liberdade. Liberdade para ir e vir com os colegas. Liberdade de escolher a roupa e tantas outras liberdades. A liberdade faz parte da personalidade assumida, mas deve ser acompanhada dos limites e das responsabilidades, que não podem ser impostos, cobrados a todo momento, pois antes significam consciência interior. Devem os pais dialogar e dar o próprio exemplo, e mais, devem introduzir o filho adolescente em atividades que lhe exijam responsabilidade, para que ele compreenda o significado da liberdade.

Estou escrevendo e lembrando da minha adolescência. Os tempos de ginásio – depois primeiro grau e agora ensino fundamental –, e depois a escola técnica e a faculdade. Naquele tempo eu não tinha a preocupação do trabalho profissional, nem uma visão muito extensa sobre família e sociedade, o que fui adquirindo com o tempo, graças às orientações e exemplos dos meus pais, pois assim eu fui sabendo como melhor me conduzir nas relações com os outros e com a vida de forma geral.

É exatamente o que devemos agora fazer com nosso filho adolescente. Nem lhe dar liberdade sem limites, nem lhe exigir uma maturidade que ainda está em construção. O segredo é ser seu amigo, ao mesmo tempo que pai ou mãe, orientando-o e dando-lhe, pouco a pouco, responsabilidades.

Se está difícil fazer isso, uma coisa é certa: andamos relaxando na educação do nosso filho, desde a infância, deixando que más tendências do caráter aflorassem e ainda reforçando-as com nossos maus exemplos, ou com nossa ignorância sobre o processo de educar.

Já ia esquecendo: surras, xingamentos, ameaças não educam. Podem cercear neste ou naquele momento, mas geram frustrações e desequilíbrios psicológicos, além do que toda violência deve ser condenada, e nunca educam, pelo contrário, fomentam raiva, ódio e mais violência, seja ela física ou moral.

Agora que você já sabe de alguns aprendizados, retirados da sua própria adolescência, faça a sua parte na compreensão dos nossos adolescentes.

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