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Inteligências malignas

Autor: Anselmo Ferreira Vasconcelos

É admirável o avanço da inteligência humana manifestado em inúmeras áreas do saber. Descortinando possibilidades de progresso e soluções para problemas espinhosos, a capacidade de realização dos indivíduos se impõe cada vez mais. Tem-se, assim, a configuração de uma civilização que anda pari passu com as novas descobertas e conquistas, apesar de ainda abrigar em seu seio a miséria e as dificuldades de acesso – em larga escala, obviamente – aos benefícios daí decorrentes. Dito de outra forma, o gênio humano aflora maravilhosamente, embora não promova – pelo menos por ora – o tão desejado bem-estar geral. 

Tal cenário certamente advém da ação de Espíritos dotados de enorme capacidade inventiva, e que usam os recursos naturais do seu pensamento evoluído. A eles devemos as conquistas atuais, que têm, sem dúvida, ajudado a diminuir as angústias humanas. Todavia, também há, cumpre reconhecer, considerável contingente de indivíduos que utilizam o seu indiscutível talento mental para o mal. Nesse sentido, é assustador ver como eles dão mau uso da sua extraordinária inteligência ao focarem na consecução de objetivos perversos.

Allan Kardec fez esclarecedora observação sobre essas criaturas, ainda desviadas dos ideais superiores, na obra O Livro dos Espíritos (questão 101): “A inteligência pode achar-se neles aliada à maldade ou à malícia; seja, porém, qual for o grau que tenham alcançado de desenvolvimento intelectual, suas ideias são pouco elevadas e mais ou menos abjetos seus sentimentos”.

Posto isto, é indiscutível que muitos há presentemente encarnados que se valem do seu excepcional desenvolvimento intelectual para pilhar e lesar os seus semelhantes. Com efeito, os prejuízos gerados às organizações e aos cidadãos por essas inteligências inimigas do bem são extraordinários. Os cibercriminosos, como assim são chamados, são idealizadores de criações tecnológicas nocivas ao perfeito funcionamento dos ambientes on-line, tais como malware, ransomware e phishing. Ou seja, basicamente pequenos programinhas (softwares) que vêm acoplados aos e-mails que recebemos de fontes mal-intencionadas. Quando neles clicamos, abrimos, inadvertidamente, às portas das nossas vidas, pois eles vasculham e capturam todos os nossos dados e informações pessoais. Os prejuízos às vítimas derivados dessa modalidade de crime são elevadíssimos, sem falar dos transtornos legais.

Cabe salientar que o mesmo se dá àqueles que operam em ambiente corporativo. De modo traiçoeiro, os hackers (indivíduos dedicados a esse mister nefando) invadem os sistemas de inteligência artificial das empresas, apoderando-se de arquivos e informações estratégicas. Concluída a invasão e obtidos os dados sigilosos, passam a chantagear as empresas – vítimas da sanha desses malfeitores cibernéticos – obrigando-as, em muitos casos, a pagar elevada quantia em bitcoins para não deixar rastros dos seus ataques.

Chega a ser um paradoxo constatar que absolutamente ninguém está a salvo da ação dos hackers (os bandidos da web). Por conseguinte, o perigo e o mal causado em nosso país por essas criaturas inteligentemente perversas são da ordem de bilhões de reais. Aqui, é preciso reconhecer, os malfeitores dessa especialidade de crimes proliferam. Vez por outra, os noticiários informam o desbaratamento de quadrilhas organizadas dedicadas a essa atividade abjeta.

Em suma, diferentemente do Criador, cuja inteligência “… se revela em suas obras como a de um pintor no seu quadro…”, conforme observou Kardec na obra acima citada, esses malfeitores, em contrapartida, demonstram a vileza dos seus sentimentos e motivações por meio de ações maldosas. É de supor-se que no momento certo deverão também prestar constas das suas atitudes, bem como das suas obras.

Obviamente, nada há de respeitável em quem segue caminho tão torpe, ou seja, o da inteligência maligna. Desse modo, pode-se igualmente supor que o delinquente reencarne, em momento oportuno, estigmatizado por severas deficiências mentais, já que fez intenso mau uso dessa importante faculdade, até que se redima perante as leis exaradas pela inteligência celeste (Deus). 

O consolador – Artigos

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