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O cuidado com as palavras

Autora: Teresinha Olivier

Estamos vivendo tempos em que as pessoas falam o que pensam e o que sentem sem se preocuparem com a escolha de palavras e nem com as consequências, como se as palavras não produzissem efeitos.

Usam as redes sociais de forma leviana e, devido às diferenças de opinião, em política por exemplo, despejam ofensas, xingamentos, denegrindo moralmente pessoas que elas nem mesmo conhecem.

Vamos fazer uma pequena análise desse grave problema, indo buscar em Jesus, o nosso modelo e guia, a base para o nosso entendimento.

Encontramos no Evangelho Segundo o Espiritismo – cap. IX:

Sabeis que foi dito aos antigos: Não matareis e quem quer que mate merecerá condenação pelo juízo. — Eu, porém, vos digo que quem quer que se puser em cólera contra seu irmão merecerá condenação no juízo; que aquele que disser a seu irmão: Raca, merecerá condenado pelo conselho; e que aquele que lhe disser: És louco, merecerá condenado ao fogo do inferno. 

(S. Mateus, 5:21 e 22.)

kardec comenta:

“Por estas máximas, Jesus faz da brandura, da moderação, da mansuetude, da afabilidade e da paciência, uma lei.
Condena, por conseguinte, a violência, a cólera e até toda expressão descortês de que alguém possa usar para com seus semelhantes.
Raca, entre os hebreus, era um termo desdenhoso que significava homem que não vale nada, e se pronunciava cuspindo e virando para o lado a cabeça.
Vai mesmo mais longe, pois que ameaça com o fogo do inferno aquele que disser a seu irmão: És louco.
É que toda palavra ofensiva exprime um sentimento contrário à lei do amor e da caridade que deve presidir às relações entre os homens e manter entre eles a concórdia e a união; é que constitui um golpe desferido na benevolência recíproca e na fraternidade; é que entretém o ódio e a animosidade.”

Podemos entender a expressão fogo do inferno como uma alegoria, um símbolo do sofrimento do Espírito no mundo espiritual.

Não é castigo, mas uma consequência natural do estado de imperfeição do Espírito.

Vemos no livro O Céu e o Inferno, no capítulo VIII da edição da Feal:

A alma ou Espírito sujeita-se, na vida espiritual, às consequências de todas as imperfeições das quais não se despojou durante a vida corporal. Seu estado feliz ou infeliz é inerente ao grau de depuração ou de suas imperfeições.”

Portanto, cada imperfeição moral não superada, é causa de sofrimento; cada qualidade moral conquistada é causa de felicidade. Esse sofrimento não é imposto por Deus nem por ninguém, é uma condição interna do Espírito, é o resultado do seu estado moral. É um sofrimento moral.

Por que Jesus coloca as palavras ofensivas como algo muito grave, gravíssimo mesmo? Segundo ele, as palavras ofensivas geram situações de sofrimento para quem as pronuncia.

Hoje, a Neurolinguística afirma, entre muitas outras coisas, que as palavras criam uma conexão sobre o modo como pensamos e o modo como agimos; que as palavras criam realidade; que nenhuma palavra é banal.

Pelos nossos pensamentos e sentimentos damos qualidades às nossas irradiações perispirituais, segundo Kardec em A Gênese, e as nossas palavras também vêm carregadas dessas mesmas qualidades, gerando vibrações harmônicas ou desarmônicas, segundo as qualidades dos pensamentos e sentimentos.

Isso produz efeitos no ambiente em que vivemos, sobre as pessoas a quem dirigimos as palavras e até mesmo sobre aqueles que tomam conhecimento dessas palavras, por mais distantes que estejam. As palavras têm força, geram energia, produzem efeitos.

Estamos sentindo nos dias de hoje um clima bastante pesado, alimentado pelos comentários negativos e ofensivos bastante disseminados pelas redes sociais.

Precisamos repensar nosso modo de nos relacionarmos com aqueles que pensam de forma diferente de nós. Será que o confronto de ideias não é uma oportunidade para exercitarmos o respeito, a paciência, a benevolência, e tantas outras qualidades morais que precisamos desenvolver como Espíritos imortais que somos?

A vida em sociedade é uma necessidade para o homem. Na vida de relação, ele convive com diferentes modos de viver, de pensar e de sentir dos outros homens para exercitar e desenvolver suas qualidades morais. É uma oportunidade de crescimento espiritual e não para darmos vazão às nossas imperfeições morais. Precisamos refletir sobre isso.

Jesus sabia muito bem do que estava falando. Ele tinha conhecimento profundo de todas as consequências vibratórias e energéticas das palavras carregadas de ofensas graves; das criações mentais que as palavras podem provocar e dos efeitos de todo esse processo.

Portanto, vamos pensar bem antes de exteriorizar nossas ideias. Precisamos adquirir o hábito de analisar no nosso íntimo, quais sentimentos alimentamos, que tipo de pensamento cultivamos.

Vamos trabalhar o nosso mundo íntimo para que as palavras que saiam da nossa boca sejam de paz e não de guerra, sejam de luz e não de trevas, mesmo quando discordamos de outras opiniões. E isso não só nas redes sociais, mas também nos nossos lares, no ambiente de trabalho, no lazer, enfim em todo lugar onde temos oportunidade de nos relacionarmos com nossos semelhantes.

É uma forma de colaborarmos para um mundo melhor, com uma vibração mais pacífica e harmoniosa, mais em consonância com os ensinamentos de Jesus e dos Espíritos elevados.

Dica

A autora participa semanalmente dos grupos de estudos online, abaixo. Se tiver interesse em participar também, são abertos para todos os públicos.

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