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Respeito aos animais

Autor: Eurípedes Kuhl

Eutanásia animal

Em 1995, foi realizado em S. Paulo um encontro internacional para debater maus-tratos contra animais de estimação ‒ basicamente, cães e gatos. Temas centrais: controle da reprodução (por esterilização ou castração), bem-estar dos animais e educação de seus donos. Atividade a ser mundialmente revista é a forma como os países sacrificam animais abandonados nas ruas: envenenamento, eletrocussão ou descompressão em câmaras de vácuo. Todos esses métodos provocam sofrimentos no animal, por cerca de um a três minutos, antes de morrer. Se o holocausto for inevitável, que seja por anestésicos que provocam a morte indolor, tal como ocorre em Londres, onde os animais que são sacrificados recebem injeções e morrem em menos de um segundo, sem sofrimento.

NOTA: O Espiritismo consigna com claridade solar que a eutanásia é prática contrária às Leis Divinas, registrando o valor do último pensamento de um moribundo em estado desesperador, quando poderá ele despertar para o entendimento espiritual e esse minuto poupar muitas lágrimas no futuro. Quanto a animais, não trata especificamente do tema eutanásia.

Não nos atrevemos a aconselhar a eutanásia.

O tema é ardente e pode suscitar muita controvérsia.

Refletimos apenas que, exclusivamente nos casos em que animais em estado terminal forem sacrificados para evitar-lhes sofrimento, quem os ama isso decide por amor, daí advindo alívio para o animal e pungente dor para o dono. Extremamente aconselhável nesses momentos ser consultado um médico veterinário e a consciência.

Castração de animais

Esta, outra pergunta insistentemente formulada por leitores amigos, pedindo-nos opinar. Vamos lá.

Quanto à castração de animais, não podemos aconselhar, nem sim, nem não. Há vários componentes nessa questão, tanto de ordem moral quanto material. A decisão tem que ser individual, de cada dono de animal.

O que podemos informar, tão somente como opinião, é que ‒ entre a alternativa cruel do abandono, ou a castração, consideramos útil essa providência (castração), mil vezes preferível a deixar as multiplicadas crias virem ao mundo e depois abandoná-las, ou o que é pior, sacrificá-las.

Cemitério para animais

Já dissemos, em outra obra, da importância ambiental de um cemitério para animais. No mínimo, por higiene, a bem da saúde pública.

Animais foram criados por Deus para viverem em liberdade, em habitats naturais, onde também morrem. A natureza tem meios próprios para se desfazer dos despojos mortais: quando em terra, servem de pasto para abutres (aves utilíssimas), ou rapinantes; nas águas, crocodilos ou mesmo peixes se alimentam dos animais que ali morrem. Em ambos os casos, a solução é natural e eficaz.

Ocorre que, no progresso da civilização, o homem trouxe animais para dentro de casa e quando eles morrem, muitas vezes, são simplesmente atirados em terrenos baldios ou jogados em córregos que passam pela cidade, quase sempre dentro de sacos plásticos. Nessas ações reside o perigo de contaminação dos mananciais aquíferos, pois não raro o animal morto estava doente e sem tratamento, ou o que é pior: envenenado.

Incinerador de despojos animais

Pelas razões apresentadas acima, compete ao poder municipal instalar local próprio para dar fim aos despojos de animais ‒ nossa sugestão é que seja construído um cemitério para animais, com forno incinerador, sendo que os donos de animais mortos que puderem pagar, poderão enterrá-los, mediante pagamento do espaço ocupado; o dinheiro assim arrecadado, seria empregado no funcionamento e manutenção do incinerador, este, para o caso de despojos de animais doentes, ou sem dono, ou cujos donos sejam pobres.

Aliás, observa-se que em países de civilização mais antiga, ou tradicionalmente mais adiantados, há cemitérios para animais. Exemplos:

França

O Cemitério Père-Lachaise, no leste de Paris, situa-se no local de uma propriedade onde viveu o padre La Chaise (1624-1709), confessor de Luis XIV (1638-1715). Abriga sepulturas célebres: Heloísa e Abelardo, La Fontaine, Molière, Chopin, Balzac, Musset, A. Comte, Allan Kardec, Oscar Wilde, M. Proust, Sara Bernhardt e muitos outros vultos franceses famosos. Pois bem, lá também há um espaço para cemitério de cães, onde certa vez um amigo de Jean-Paul Sartre (1905-1980) se indignou, ante epitáfios que celebravam cães como superiores aos homens. Relata Sartre que esse seu amigo, aos berros, deu um forte pontapé na estátua de um cachorro.

Inglaterra

Sir J. M. Barrie (1860-1937), escocês, genial criador do menino lenda Peter Pan, ao formular o mapa da Terra do Nunca, nele situou um cemitério de cães que, efetivamente, já existia nos Jardins de Kensington ‒ parque integrado ao Hyde Park de Londres.

No Brasil também há vários exemplos. Eis alguns:

Fortaleza

Em 1995, num terreno de 2.500 m² (menos da metade de um campo de futebol) a UIPA (União Internacional Protetora dos Animais) iniciou a construção de um cemitério para animais. O projeto prevê que donos dos animais, querendo e pagando, poderão construir túmulos, ornamentação com estátuas e imagens de animais. O dinheiro arrecadado com as taxas dos enterros, realizados por coveiros, será destinado à abertura e manutenção de uma funerária para animais abandonados.

Gravataí

Cachorros, gatos, cavalos, bois e outros animais serão enterrados no cemitério público exclusivo para eles e cuja construção foi incluída no plano plurianual da Prefeitura de Gravataí‒RS, na região metropolitana. A construção de um cemitério para animais partiu de técnicos e médicos da Secretaria Municipal da Saúde daquele município gaúcho.

São Paulo

Em S. Paulo, na região de Itapevi, há um cemitério particular para cachorros, o Jardim do Amigo, onde o espaço para enterrar o animal pode ser reservado com antecedência.

São Bernardo do Campo‒SP

Na região do ABC paulista, havia previsão de ser inaugurado em junho de 2000, um crematório para animais de estimação, o primeiro da América Latina, denominado Pet Memorial. Esse novo serviço prevê atendimento a todo o Estado.

Agressões e negligência

Exemplos de agressão a animais:

  • Transporte de aves de cabeça para baixo: se forem poucas, devem ser levadas nos braços; se muitas, em engradados, em veículos adequados; (se doces, sapatos etc. são transportados com todo o zelo, como esquecer que as aves sofrem?).

Animais com carga mal distribuída no lombo

Os tropeiros conscientes sempre equilibram proporcionalmente a carga no lombo dos animais, com isso evitando-lhes arqueadura ou dolorosas feridas;

  • Latas, lenha e outras cargas toscas, de ângulos agudos, devem tê-los amortizados com lona grossa, de forma a não magoar o animal (geralmente, burros e mulas);
  • Os arreios devem sempre ser adequados e estar bem ajustados.
  • Necessidades fisiológicas não atendidas:
  • O animal sente sede, fome e cansaço; trabalhar nessas condições é verdadeira tortura; o dono ou tratador deve ter a necessária atenção para suprir essas necessidades, pois invariavelmente o animal as demonstra: a questão é de simples cuidado em entender a linguagem de tão prestimoso auxiliar (quando isso acontece, o chicote pode ser jogado fora).

NOTA: Por falar em chicote, na verdade é um instrumento de agressão, totalmente dispensável quando o dono do animal respeita-o e lhe é grato pela desinteressada, gratuita e permanente ajuda ‒ garantidora do ganha-pão do carroceiro e da sua família. Alguns carroceiros desconhecendo que nas margens de pequenos rios há focos de doenças que se propagam aos homens ‒ provocando a cegueira de Chiapas ‒ impedem seus animais de ali saciarem a sede; temem que o animal fique cego se tomar água no caminho; há aí um equívoco e nenhum mal sofre o animal que beba água pelo caminho, moderadamente; é recomendável que ao fim da jornada, o animal se refresque no mínimo por meia hora antes de tomar água.

Cargas excessivas

  • Exigir que um animal tracione carga superior às suas forças é brutalidade, quando não imprevidência; logo esse valioso instrumento se quedará doente, debilitado, incapaz até de tarefas menores (a lenda da galinha dos ovos de ouro é de contundente transparência quanto ao mau emprego feito dos animais úteis: nela sobressaem os prejuízos, ou lucros cessantes, em razão da ganância humana).

Animais coxos, doentes ou velhos

  • Merecem consideração, até mais que os outros animais, devendo ser poupados de esforços físicos, sendo-lhes concedidas condições dignas no resto de suas vidas.

Gaiolas e aquários

  • Tais ambientes exigem cuidados de limpeza permanentes;
  • Os animais neles mantidos devem ter abundante suprimento de água, verdura e o maior espaço possível (na verdade, melhor seria libertá-los em seus habitats naturais, onde as dimensões são o céu e as águas dos lagos, rios ou mares).

Ruídos e luz excessivos

  • Muitos animais são mais sensíveis que nós: ouvem sons e veem luzes que não percebemos; sabendo disso, caridoso será poupá-los de ambientes barulhentos ou excessivamente iluminados; ali, seus nervos estarão submetidos à sobrecarga, com prováveis sequelas, motivadoras de mudanças comportamentais: sofrimento para o animal, eis a resultante.

No trânsito

  • Todo motorista consciente, quando seu veículo se aproximar de veículo sob tração animal, deve conceder-lhe o “direito de antiguidade”. Aliás, o que vem a ser isso? É o respeito pelo animal que está usando suas energias em ambiente para o qual não foi criado, além de não ter carta de habilitação. Nessas condições, o animal deve sempre ter a preferência.

Os carros vieram muito depois dos animais, por isso estes não podem ser preteridos por aqueles. Num cruzamento, por exemplo, é falta de humanidade fazer o animal parar, concedendo preferência a um veículo motorizado. Nesse caso, quando puder prosseguir, a força para vencer a inércia tenderá a cansar ou desgastar as forças do animal. Já no carro, a energia é gerada por combustível, a um simples toque no acelerador. Tudo isso, sem considerarmos o impacto muscular e o atrito sofrido pelas patas do animal de carga nas ruas pavimentadas ao frear a carroça para deixar o carro passar. Ou seja, indispensável ainda que os animais de carga sejam equipados com ferraduras, as quais devem periodicamente ser substituídas, face ao desgaste.

NOTA: Estudos arqueológicos apontam na árvore genealógica do cavalo que os tipos primitivos apresentavam quatro dedos, no lugar da atual unha; adaptações ao meio e velocidade de deslocamento atrofiaram os dedos que não tocavam no chão, fazendo que desaparecessem; as duas saliências ósseas hoje encontradas nas patas são vestígios que também desaparecerão. Ossadas cavalares cuidadosamente estudadas comprovaram que a atrofia do primeiro dedo levou 5 milhões de anos; já para o segundo par de dedos, foram gastos 50 milhões de anos.

Saúde dos animais – cuidados indispensáveis

Em todos os casos de doença, os animais devem ser medicados, de preferência por veterinário, principalmente nas fazendas ou nos sítios, onde são numerosos (rebanhos).

As experiências laboratoriais comprovam que o animal é sensível às drogas e nada mais humano (dever cristão, até), do que proporcionar alívio a ele quando enfermo ‒ tanto animais domésticos quanto os de rebanho.

NOTA: O jornal Folha de S. Paulo, de 09 de março de 1993, no caderno semanal Agrofolha traz interessante recomendação do jornalista, escritor e fazendeiro em MG, Eduardo Almeida Reis, aos seus colegas fazendeiros, que resumimos:

“Porcos, vacas, coelhos, galinhas, carneiros ‒ não existe melhor investimento, numa fazenda de criação, do que a contratação de um veterinário. Para traçar a política de defesa sanitária da empresa, estudando as vacinas disponíveis, os vermífugos, as misturas minerais. Os bons profissionais acabam sendo os mais baratos porque se pagam várias vezes no correr do ano.”

Dentista de cavalos

A odontologia veterinária está apenas começando no Brasil ‒ nos EUA, há 17 anos, houve uma verdadeira explosão.

O problema mais comum no cavalo é o desgaste dos dentes molares, talvez devido ao uso forçado do cabresto, mas certamente pelo movimento de lateralidade da mandíbula. O atrito constante de apenas um lado da superfície dental forma regiões pontiagudas que ferem os tecidos moles. Isso acontece com 90% dos cavalos, provocando perda do apetite, redução do peso e diminuição da libido sexual, provocada pelo estresse. Há muita dor, semelhante à afta. Por isso é que a cada seis meses o clínico (dentista ou médico veterinário) precisa limar as áreas pontiagudas dos dentes, para desgastá-las e deixá-las lisas.

Outro problema dental dos cavalos: equinos têm troca de dentes semelhante à do homem e o não rompimento da gengiva pelo dente, resulta na formação de cisto, causando dor intensa. Nesse caso, quase sempre a extração é indicada.

Quem prestou essas informações foi o Dr. Marco Antônio Gioso, professor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP e também estudante de odontologia, da mesma universidade.

Homeopatia e Medicina Veterinária

Como os remédios homeopáticos não têm sabor nem odor, geralmente são bem aceitos pelos animais, quando dissolvidos na água ou associados à ração que lhes é oferecida.

Animais tratados por homeopatia, prescrita por médico veterinário, apresentaram os seguintes resultados:

  • Cadelinha pinscher que não aceitou cobertura durante cinco cios sucessivos, com diferentes machos, em diversas tentativas, depois de tratada com sépia pariu duas vezes;
  • Equinos com cólicas receberam lycopodium, tendo alívio;
  • Cão pastor alemão que sofria diarreia com sangue foi curado com arsênico (elemento altamente tóxico, mas devidamente diluído ‒ homeopaticamente);
  • Bovinos e equinos com verrugas foram tratados com arboris;
  • Vacas e cadelas com falta de leite foram tratadas com pulsatilla.

Casos agudos (pneumonia, otites, diarreias etc.) obtêm respostas bastante rápidas ao tratamento homeopático.

Casos crônicos (alergias, infertilidade, manqueira e tumores) têm a cura no tempo proporcional ao da instalação da doença.

Advertência dos veterinários homeopatas: remédios homeopáticos, se ministrados inadequadamente, podem causar sérios desequilíbrios e reações secundárias.

Convívio social

Tendo em vista os direitos dos vizinhos, é de todo conveniente que donos de animais de estimação tomem alguns cuidados, para bom convívio social:

  • Evitar que cães fiquem latindo indefinidamente, principalmente à noite (folheto britânico sugere que, ao se viajar, o rádio seja deixado ligado em baixo volume para dar a impressão, ao animal, que não está sozinho);
  • Alarmes residenciais que disparam mediante passagem no campo magnético, devem ser instalados de forma a não serem acionados a toda hora pelos animais da casa (cães, principalmente); há casos em que até insetos disparam esses alarmes, providos de células fotelétricas;
  • Os matinais passeios diários com cães são benéficos para esses animais, mas não podem se transformar em tormento para as demais pessoas, obrigadas a transitar em vias públicas com excrementos caninos; uma boa medida é conduzir o animal, primeiramente, até um local onde suas fezes possam ser enterradas (pelo dono) e onde sua bexiga se esvazie ao máximo.

NOTA: A propósito, a Prefeitura de Santos‒SP começou a instalar, em maio de 1996, em caráter experimental em duas praças, cocoletores, cestos exclusivos para depósito de fezes de animais. Aliás, desde novembro de 1995, os donos dos 40 mil animais domésticos de Santos estão sujeitos à multa, caso não recolham as fezes de seus animais das ruas. Foram distribuídos gratuitamente 2.000 kits descartáveis, que consistem de saquinhos de plástico com duas abas de papelão. A aba maior é usada como pá, para recolher as fezes. A menor serve para empurrar as fezes para dentro do saquinho a ser depositado nos cestos, que têm dispositivo interno que impedem a propagação do odor.

(Eis aí um belo exemplo a ser seguido por todas as cidades brasileiras).

Sanitários caninos

Desde início de 1998, banheiros para cachorros (sanitários especiais) são a nova arma usada pela Prefeitura de Paris para diminuir a sujeira da cidade: dez toneladas de fezes que esses animais ‒ cerca de 200 mil cães ‒ deixam todos os dias nas ruas.

Os citados sanitários são postes estilizados, em três modelos:

  • Áreas pavimentadas, com segurança para evitar atropelamento do cão;
  • Em calçadas mais largas;
  • Em ambientes cercados de plantas.
  • Tudo, à preferência dos cachorros.

As multas, para os donos dos cães são pesadas: a TV, numa cena bizarra, mostrou madames (in)utilizando suas delicadas luvas, para retirar do passeio público parisiense aquilo que seus cãozinhos tinham deixado.

Em 1998, a SPCA (Sociedade para a Prevenção e Crueldade contra Animais) instalou num sofisticado bairro de São Francisco (Califórnia, Costa Leste dos EUA) um hotel para animais abandonados. Seu responsável declarou que ali os animais de rua seriam treinados a utilizar a inovação tecnológica francesa: os banheiros de cachorro.

Polícia Florestal e de Mananciais

Todos os cidadãos têm o dever de respeitar e principalmente colaborar com as atividades da Polícia Florestal e de Mananciais.

Representam os policiais florestais, os vigilantes e defensores dos recursos naturais, atuando preventivamente junto à sociedade, gerando proteção ao contexto ecológico fauna e flora.

São esses abnegados profissionais que, visando resguardar as espécies animais, de forma indireta, solicitam à sociedade que comemore duas quase deslembradas datas:

  • 4 de Outubro: Dia Mundial dos Animais (em homenagem a São Francisco de Assis).
  • 5 de Outubro: Dia das Aves (Decreto n° 63.234, de 12-9-1968).

Dica

Material extraído do livro abaixo. Leia o ebook de forma gratuita:

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