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Reuniões mediúnicas produtivas

Autor: Gebaldo José de Sousa

Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más

1 – KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo

Formação de grupo requer muita cautela

Hermínio 2 analisa o tema no capítulo I do “Diálogo…”: escolher pessoas afins, estudiosas e comprometidas com a seriedade que a tarefa requer, eis que “(…) exige … renúncia, dedicação, assiduidade, tolerância, estudo e amor.” E, mesmo assim, o grupo será heterogêneo.

Quanto ao tamanho do grupo, concorda que seja de quatro a oito pessoas, como sugeriu Léon Denis; mas, em sua opinião, pode funcionar até com duas; e que, acima de oito, a tarefa torna-se difícil; e, superior a doze, torna problemática sua eficácia.

Assiduidade – Razões

Superar impedimentos3:

Nem mesmo festas de natureza familiar – aniversários e outras – justificam ausências!

E os constantes passeios?

Havendo três ausências injustificadas4, substituir o médium.

“(…) os mentores espirituais escolhem, para cada manifestante, o médium que lhe seja mais indicado pelas características da mediunidade ou pela natureza do trabalho a ser realizado. (…) o Espírito, ao voltar, nas vezes subsequentes, virá … pelo mesmo médium. Se o médium falta … o trabalho fica suspenso. (…) a assiduidade dos médiuns e a continuidade do trabalho são vitais ao seu bom rendimento.”  5

Disciplina

“Se desejas participar das tarefas de determinado grupo, deve certificar-se de que está disposto ao trabalho construtivo e disciplinado.” 6

Difícil afastar alguém 

No Cap. II, reconhece o fato, mas é categórico:

“(…) Se… for necessário afastar um companheiro, teremos que fazê-lo. Cumprir o desagradável mandato com amor, equilíbrio e serenidade, mas também com firmeza.” 7

Incentivos para honrar compromissos com a mediunidade 

Eles são extraordinários!

“O médium que se desincumbe bem de sua tarefa realiza duas reencarnações em uma só.” 8

“62. Por que existem médiuns que sentem tanto mal-estar nos dias que se antecedem à prática mediúnica e outros nada sentem?

“Prova para o médium. Allan Kardec fala dos médiuns naturais e dos médiuns de provas. Os de provas são aqueles que captam as comunicações antes e sofrem com elas. É uma forma de autodepuração.

Isso vai creditado para diminuir-lhe o débito de certas doenças e problemas morais que viriam. Enquanto o Espírito fica acoplado ao médium, ele está com sua carga de sofrimento diminuída e o sensitivo com a sua aumentada. A dor fica dividida: o médium sofre e resgata; o Espírito sofre menos, recebendo os benefícios da caridade anônima, complementada através do momento de esclarecimento e do choque anímico.” 9

Evangelho no lar

Importante para quaisquer pessoas, mas para membros de reuniões mediúnicas é obrigatório e assume relevância inimaginável. Torna-se extensão dessa nobre tarefa.

Dá-nos equilíbrio; inspirações de bons Espíritos; e benefícios:

“O fundamento do Evangelho no Lar é criar um psiquismo saudável para a família e não o psiquismo de seres enfermiços.” 10

“Além dos companheiros desencarnados que estacionam no lar ou nas adjacências dele, há outros irmãos já desenfaixados da veste física, principalmente os que remanescem das tarefas espirituais no grupo, que recolhem amparo e ensinamento, consolação e alívio, da conversação espírita e da prece em casa.” 11

Há médiuns com obsessões gravíssimas em suas famílias, e que, ainda assim, recusam-se a realizar o que lhes daria “(…) um psiquismo saudável (…).”

Médiuns fracassados

Advertências nos previnem dos sofrimentos para os que não cumprem os deveres assumidos antes de reencarnar, como oportunidades de expiarmos erros do passado e evoluirmos!

Sobre o tema nobres Espíritos e conceituados estudiosos da Doutrina Espírita nos oferecem valiosas orientações.

No capítulo 3 do livro “Os Mensageiros” 12 há relatos de vários médiuns que fracassaram em suas tarefas e os erros que os motivaram.

A íntegra dos capítulos 7, 10 e 11 dessa mesma obra, indica experiências de outros médiuns que também faliram, perdendo oportunidades preciosas de resgatarem falhas e de se elevarem.

O capítulo 7 refere-se à queda de Otávio, que se preparou “(…) durante trinta anos consecutivos, para voltar à Terra em tarefa mediúnica (…).”

Todos os capítulos indicados (3, 7, 10 e 11) merecem lidos e meditados, para não incorrermos em quedas iguais ou maiores.

“O médium, mais do que aqueles que não dispõem da faculdade, é um ser em liberdade condicional.” 13

“O médium é, essencialmente, um Espírito em prova, resgatando equívocos e débitos que lhe ficaram na retaguarda moral.” 14

“Mensagem aos Médiuns” – do livro Emmanuel 15, do Espírito de mesmo nome, é de clareza linear quanto aos compromissos que assumimos, como trabalhadores da Doutrina Espírita! Devemos estudá-la periodicamente.

Vigiar e orar

Hermínio C. Miranda16 recomenda-nos cultivar vigilância no dia a dia, eis que a mediunidade é de todos os instantes, não se limitando aos breves momentos dedicados ao diálogo com Espíritos.

“A Doutrina Espírita (…) admite no homem o livre-arbítrio em toda a sua plenitude. Ao dizer-lhe que, praticando o mal, ele cede a uma sugestão má que lhe vem de fora, deixa-lhe toda a responsabilidade, pois lhe reconhece o poder de resistir (…). Assim, de acordo com a Doutrina Espírita, não há arrastamento irresistível: o homem pode sempre fechar os ouvidos à voz oculta que lhe fala no íntimo, induzindo-o ao mal, como pode fechá-los à voz material de alguém que lhe fale. O homem pode fazê-lo por sua vontade, pedindo a Deus a força necessária e reclamando, para esse fim, a assistência dos Espíritos bons. Foi o que Jesus nos ensinou na sublime prece da Oração Dominical, quando nos manda dizer: Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.” 17  

Necessidade do estudo

Além dos incentivos e advertências acima listados, há ênfase quanto à necessidade do estudo e do aprendizado constantes. Nossa memória é frágil e sabemos menos do que supomos.

Na obra indicada, Hermínio C. Miranda reiteradamente nos alerta sobre o quanto devemos estudar, e à página 356, é enfático:

“(…) o estudo é uma necessidade imperiosa, absoluta.”

Colhemos outras orientações no mesmo sentido:

“Além do dever imediato de moralizar-se (…) o sensitivo deve instruir-se nos postulados espíritas.” 2

“O exercício da mediunidade (…) exige estudo contínuo.” 2

Contudo, não é fácil convencer alguns médiuns de reuniões mediúnicas a serem assíduos e estudarem. É tarefa quase impossível. E creio que isso é fato comum no meio espírita. Insistir nisso é como malhar em ferro frio!

Não consultam as boas obras, nem tomam conhecimento de estudos, apoiados em pesquisas, que lhes são oferecidos.

Os erros em que incorrem e as opiniões que emitem, ilustram esse desinteresse.

“Nota-se que o número de obsidiados que se curam hoje, é bem menor que nos primórdios.  A razão disso é porque o Espiritismo em muitos corações tem tido o efeito de uma reunião social, de um clube em que a pessoa vai participar com certa unção, mas, saindo dali acabou-se, não mais se interessa, tem a vida profana normal, é o homem social, comum, e por isso, os Espíritos que nos observam não acreditam em nossas palavras. (…) nem também levam em consideração as palavras destituídas do respaldo dos bons atos.”  3

E este é problema antigo:

“Ninguém estuda, e quando o faz, é aereamente, sem prestar atenção no que verdadeiramente estuda.”  4 – Ano: 1961.

A autora cita Léon Denis 5:

“A maioria dos homens diz amar o estudo e objeta que lhe falta tempo para a isso se dedicar. Entretanto, muitos dentre eles, consagram noites inteiras ao jogo, às conversações ociosas.

Replica-se também que os livros custam caro e, entretanto, despende-se em prazeres fúteis e de mau gosto mais dinheiro do que seria necessário para se compor uma rica coleção de obras.

E, além disso, estudo da Natureza, o mais eficaz, o mais reconfortante de todos, não custa nada.” (Depois da morte, quinta parte – Cap. LIII)

E em outro livro 6:

“A prática do Espiritismo é difícil e espinhosa, requerendo muito estudo e observação, muita experiência de todos nós.” Ano: 1966

“As sessões de desobsessão não são fáceis de realizar e necessitamos de muita experiência, estudo e conhecimento para que elas sejam eficientes.” Ano: 1976

Pedro Camilo, organizador do livro indicado:

“O que faltava, àquela época como na atualidade, são pessoas dispostas a atender as exigências a que se refere: estudo, abnegação, dedicação, renúncias e assunção de responsabilidade.”

“(…) o médium que não se sinta com forças para perseverar no ensino espírita, se abstenha; porque, não fazendo proveitosa a luz que o ilumina, será menos desculpável do que outro qualquer e terá que expiar a sua cegueira.” 7

Concluindo

Elevar crescentemente a qualidade do trabalho desenvolvido nas reuniões mediúnicas – importantíssimas para Entidades sofredoras e rico manancial de aprendizado para todos nós – é dever de todos.

Embora haja resistência ao estudo, à assiduidade e ao comprometimento com a nobre tarefa, cabe-nos indicar obras e estudos que favoreçam nossa evolução.

As provações, ao longo dos séculos, nos convencerão a todos, sem exceções, a levarmos a sério a palavra empenhada!

O que não fizermos por amor, nas oportunidades que a vida nos oferece, aprenderemos, a duras penas, nas múltiplas reencarnações!

Urge atendermos aos convites do Espírito da Verdade:

“Espíritas, amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo.”

“(…) Instruí-vos na preciosa Doutrina que dissipa o erro das revoltas e vos ensina o objetivo sublime da provação humana.” 

Referências

1. KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1ª. impr. Brasília: FEB, 2013. Cap. 17, item 4, p. 229.

2. MIRANDA, C. Hermínio. Diálogo com as sombras. 25. ed. 1ª impressão Brasília: FEB, 6/2014. Cap. 2, p. 23.

3. XAVIER, Francisco C. e VIEIRA, Waldo. Desobsessão. Pelo Espírito André Luiz. 16. Ed. Brasília: FEB, 1997. Cap. 7, p. 42.

4. XAVIER, Francisco C. e VIEIRA, Waldo. Desobsessão. Pelo Espírito André Luiz. 16. Ed. Brasília: FEB, 1997. Cap. 63, p. 219.

5. MIRANDA, C. Hermínio. Diálogo com as sombras. 25. ed. 1ª impressão Brasília: FEB, 6/2014. Cap. 1, p. 49/50.

6. MIRANDA, C. Hermínio. Diálogo com as sombras. 25. ed. 1ª impressão Brasília: FEB, 6/2014. Cap. 2, p. 105.

7. MIRANDA, C. Hermínio. Diálogo com as sombras. 25. ed. 1ª impressão Brasília: FEB, 6/2014. Cap. 2, p. 59.

8. PROJETO MANOEL PHILOMENO DE MIRANDA. Qualidade na Prática Mediúnica. 12. ed. Salvador: LEAL, 2000, p. 71.

9. PROJETO MANOEL PHILOMENO DE MIRANDA. Qualidade na Prática Mediúnica. 12. ed. Salvador: LEAL, 2000, p. 80/1.

10. PROJETO MANOEL PHILOMENO DE MIRANDA. Qualidade na Prática Mediúnica. 12. ed. Salvador: LEAL, 2000, p. 71.

11. XAVIER, Francisco C. e VIEIRA, Waldo. Desobsessão. Pelo Espírito André Luiz. 16. Ed. Brasília: FEB, 1997. Cap. 70, p. 239.

12. XAVIER, F. Cândido. Os Mensageiros. Pelo Espírito André Luiz. 12. Ed. Rio de Janeiro, 1980. Cap. 3, 7, 10 e 11, p. 21, 41, 57 e 62, respectivamente.

13. MIRANDA, C. Hermínio. Diálogo com as sombras. 25. ed. 1ª impressão Brasília: FEB, 6/2014. Cap. 2, p. 62.

14. PROJETO MANOEL PHILOMENO DE MIRANDA. Qualidade na Prática Mediúnica. 12. ed. Salvador: LEAL, 2000, p. 13.

15. XAVIER, Francisco C. Emmanuel. Pelo Espírito Emmanuel. 28. ed. 3. Impressão. Brasília: FEB, 7/2014. Cap. 11, p. 75.

16. MIRANDA, C. Hermínio. Diálogo com as sombras. 25. ed. 1ª impressão Brasília: FEB, 6/2014. Cap. 2, p. 51.

17. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 1. ed. Comemorativa do Centenário. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Q. 872, p. 470.

O consolador – Especial

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