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Um destino grandioso

Autora: Maria de Lurdes Duarte

“Ó homem, ó meu irmão, tem fé em teu destino, pois ele é grandioso. Nasceste com faculdades incultas, com aspirações ilimitadas, e a eternidade é dada para desenvolveres umas e satisfazeres outras. Engrandecer-te de vida em vida, esclarecer-te pelo estudo, purificar-te pela dor, adquirir uma ciência cada vez mais vasta, qualidades sempre mais nobres; eis o que te está reservado. Deus fez mais, ainda, em teu benefício: concedeu-te os meios de colaborares em sua obra imensa, de participares na lei do progresso sem limite, abrindo vias nobres ao teu semelhante, elevando teus irmãos, atraindo-os a ti, iniciando-os nos esplendores do que é verdadeiro e belo, e nas sublimes harmonias do Universo.” – Léon Denis, O Porquê da Vida.

Nestas simples afirmações de Léon Denis, esse Espírito iluminado, que foi, na Terra, discípulo e grande continuador de Allan Kardec, encontramos respostas a algumas das grandes dúvidas que continuam a preocupar as mentes humanas: O que fazemos aqui? Para onde caminhamos?

Caminhamos para um destino grandioso, diz-nos ele. Um destino que nos foi traçado por Deus, no momento em que nos criou. Um destino que ficou impresso na nossa consciência e que, ao longo de toda nossa existência, se vai manifestando através das múltiplas aspirações de felicidade que trazemos do passado e se projetam constantemente no futuro. Desejamos ser felizes, e não nos contentemos com menos, porque foi para isso que Deus nos criou. Que maior prova precisamos do Amor Infinito do Pai, do que ter-nos Ele criado para sermos felizes, para sermos seres grandiosos, colaboradores na Sua obra?

Para isso nos impregnou Ele de todas as faculdades que nos permitirão alcançar essa perfeição relativa que é o objetivo da verdadeira Vida. Faculdades essas que se encontram latentes, à espera que as desenvolvamos através do estudo, da experiência, do esforço próprio, no uso e desenvolvimento da inteligência com que Deus nos dotou, na aplicação do livre-arbítrio, que faz de nós seres livres e conscientes, merecedores das faculdades adquiridas, do conhecimento alcançado e da felicidade conquistada.

A ser assim, poderemos então perguntar: Mas por que deu Deus maior inteligência a uns do que a outros? Por que nascem uns com tendência para o bem, enquanto outros parecem inclinar-se constantemente para o mal? Por que vemos pessoas dotadas de todas as habilidades e capacidades que propiciam o alcance dos seus objetivos, enquanto outros vemos que, por mais que se esforcem, só encontram entraves, a começar pela própria incapacidade com que parecem ter nascido para orientar a sua vida e os seus objetivos? Que Deus de justiça é esse que não criou os seus filhos dotados dos mesmos dons e das mesmas capacidades?

Apenas uma resposta poderemos dar: Exatamente porque isso não é verdade. Deus não criou uns para a felicidade e outros para a desgraça. A todos destinou e continua a destinar, porque Deus está em constante atividade e nem por um momento deixa de criar, à mesma glória e à mesma perfeição.

Disse Jesus: Vós sois deuses (João 10:34). E ainda: “Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus”. (Mateus 5:48). Estas afirmações não as proferiu para meia dúzia de ouvintes. Destinavam-se a toda a Humanidade. Se somos deuses (seres iluminados e perfeitos, em projeto, por enquanto) e Jesus nos aconselha a perseguirmos o ideal de perfeição, é porque ela não só é possível como é a vontade manifesta do Pai para os Seus filhos. Para todos por igual, sem discriminação nem preferências (que são apanágio dos humanos imperfeitos e não de um Deus Supremo, Perfeito, Justo e Bom).

Coube ao Espiritismo, como Consolador Prometido pelo Mestre, esclarecer quanto ao caminho para atingir esse destino glorioso, de que falava Jesus, ao afirmar que somos deuses, e reafirmado por Léon Denis, na referência supracitada. “Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, ou seja, sem conhecimento.” (Kardec, O Livro dos Espíritos, Livro Segundo, Capítulo VI, 115), e, desde o princípio da nossa existência, imprimiu em nós a consciência das Suas Leis Universais (é o nosso DNA espiritual), deixando-nos o trabalho de nos irmos ajustando a elas e, à medida desse ajuste, irmo-nos aproximando da perfeição e da felicidade.

Através das contínuas experiências, proporcionadas pelas reencarnações, que mais não são que as múltiplas etapas de uma mesma Vida, que nunca se interrompe, apenas se manifesta em novos estados, e colhendo sempre o fruto dos atos próprios (Lei de Causa/Efeito ou Ação/Reação) e os resultados do nosso labor, vamos crescendo em inteligência e espiritualidade. Isto resulta em diferentes estágios evolutivos nos diferentes Espíritos que povoam o Universo e nos diferentes Espíritos, nossos irmãos, que vamos encontrando ao longo da caminhada terrena. Isto porque: 1. não temos todos a mesma idade espiritual, não fomos criados todos ao mesmo tempo, já que Deus está em constante atividade criativa; 2. nem todos aproveitamos o tempo e as suas lições da mesma forma, nem todos nos esforçamos por igual, daí que nem todos crescemos à mesma velocidade; enquanto uns crescem pelo amor, outros precisam, durante mais tempo, do aguilhão da dor a chamar constantemente ao cumprimento das Leis Universais e Imutáveis do Pai.

Uma coisa é certa: Poderemos levar mais tempo, podemos estacionar muitas vezes no caminho, acarretando para nós mesmos maior dose de dor e atrasando o objetivo da felicidade, mas o despertar sempre chegará mais cedo ou mais tarde e, quando nisso empenharmos todos os nossos esforços, deixando de ver a Terra exclusivamente como lugar de gozo e divertimento, alcançaremos o objetivo primordial da Vida.

De outra coisa podemos estar também convictos: Nunca estamos sós nesse caminho, por mais longo e dificultoso que se apresente diante do nosso olhar. Deus colocou a nosso lado Espíritos que muito nos amam e que perseveram na, às vezes bem dura, tarefa de nos acompanhar, inspirar, fortalecer, com os seus exemplos, lições e conselhos. Cabe-nos abrir os olhos, os ouvidos e o coração e aproveitar o seu amoroso trabalho em nosso favor.

E é aqui que, tal como nos diz Léon Denis, nos cabe ser colaboradores na imensa obra do Pai. Também nós, com os nossos atos, pensamentos, sentimentos e atitudes perante a vida e a dor, somos exemplo, bom ou mau, para quem nos rodeia, quer do mundo terreno, quer de entidades espirituais que de nós se abeiram e de nós colhem lições. Podemos influenciar, mais vezes do que supomos, para a prática do bem, para o esclarecimento, para o consolo perante o sofrimento. Também podemos dar azo a más influências nos outros e deles colher influências negativas, por nossa própria imprevidência. Pelo bem e pelo mal que espalharmos e induzirmos nos outros, seremos sempre responsáveis e colheremos os bons ou maus frutos.

Como espíritas temos uma responsabilidade acrescida, já que, como avisou o Mestre Jesus, “a quem muito foi dado muito será exigido” (Lucas 12: 39-48). Sejamos a candeia a iluminar o caminho de quem se abeira de nós e aproveitemos devidamente todas as lições que o caminho nos for apresentando. Ninguém colherá por nós, por isso a nós e só a nós cabe a tarefa de semear. Que Deus nos inspire e abençoe os nossos esforços.

O consolador – Artigos

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