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A dor, o amor e o amargor

Autora: Cristina Sarraf

Se há uma situação da qual a maioria não gosta, é sentir dor. Nem da dor física, fruto de um machucado ou doença, nem da dor moral, que não é exatamente dor, mas um estado de grande desconforto íntimo, que não sabemos nem expressar direito e dizemos dor.

E, no entanto, precisamos conviver com suas visitas periódicas!

A maneira de sentir a dor, a intensidade da sensação, o grau de autodomínio que possa existir, a dramatização ou a busca de soluções sempre são pessoais. É porque cada um de nós tem sua peculiaridade em tudo, inclusive na forma como está constituído seu sistema nervoso e cérebro, onde 100 bilhões de neurônios, ligam-se por milhares de conexões sinápticas, estabelecidas pela maneira como a pessoa pensa e sente.

É profundamente instigante observar que diante de um fato, pessoas reagem de maneiras muito diversas, deixando bem claro ao observador, que essa especificidade nasce das múltiplas reencarnações, cujas circunstâncias foram entendidas segundo sua maneira de pensar.

Pensamentos geram condutas que criam hábitos mentais, que passam de encarnação a encarnação, caso não sejam observados e avaliados, quanto a eficiência ou prejuízo que estão causando.

Esses hábitos também costumam ser responsáveis pela maneira como sentimos e encaramos a dor, e o que criamos com ela em nossa vida: o amor ou o amargor.

Interpretar a dor como algo que deve ser posto longe de mim, como se fosse uma injustiça do tipo: a cegonha deixou a criança na casa errada, é transformar a situação, pequena ou grande, numa bola de neve que vai rolando morro abaixo e carregando tudo consigo. Esse morro é a nossa vida e o que nela existe. Uma postura como essa cria o amargor.

Mas o amargor se expande e amarga a vida, estraga a aparência, compromete a saúde física, mental e espiritual e torna a pessoa insuportável, grosseira, agressiva e injusta; o que acarreta, pela sintonia, mais amargor pela falta de paciência, atenção e interesse dos outros para com ela.

A mulher com uma perna amputada, que anda de muletas e quer entrar num ônibus, xinga o motorista porque ele não encostou direito na guia da calçada; entra falando alto e dizendo que se fosse a mãe dele…o motorista faz um gesto de enfado e ela ameaça chamar a polícia; grita estar em seu direito e prossegue se queixando, cobrando e insultando, ou seja, expandindo sua amargura e acarretando perturbação e desagrado dos que nada tem a ver com isso e querem viajar em paz e em segurança, ameaçada se o motorista se enervar. Ou seja, chamando mais amargor.

Aos que interpretam a dor como consequência de algum modo de pensar, de algum hábito de reagir ou sentir, estabelecido pelas vivências passadas, ou mesmo pelo descuido e imaturidade, está reservada a abertura para a diminuição e a superação das causas da dor.

Entender-se como Espírito imortal, em evolução através das reencarnações, faz clareza sobre o uso do arbítrio segundo as possibilidades de cada um, hora acertando e hora errando; mas aprendendo com as consequências naturais das escolhas e formas de pensar.  Assim, a dor é vista como uma oportunidade de reconhecer um ponto falho no entendimento de um assunto ou uma forma ilusória de pensar. Ou seja, passa a construir o amor, pela suavização dos sentimentos e pelo reconhecimento de que se precisa de ajuda e de aprender a viver melhor.

Essa positividade é expandida, melhorando a situação interna e externa, e agregando boa vontade, simpatia e colaboração de outras pessoas. Quero dizer, estimulando a existência do amor

A mulher com a perna amputada que anda de muletas e quer entrar num ônibus, cumprimenta o motorista e pede paciência por sua demora ao subir; diz a ele, em tom amistoso, que de outra vez, se ele puder encostar um pouco mais o veículo, facilitaria a subida de uma pessoa como ela. Disse com classe o que o motorista sabe que deveria fazer, foi educada e gentil, acarretando, para si mesma, boas vibrações e simpatia geral. Isto é, amor.

Muitas vezes, um acidente grave, uma desencarnação, uma doença, uma reviravolta negativa na vida, tem como reação tanto amargor, que dá para se pensar o que vai ser preciso acontecer para esse orgulho e prepotência cederem…

Fica, então, um alerta, para observarmos, com bastante respeito, quais reações temos tido, ante a dor que sentimos. E, como temos reagido e insuflado que outros reajam, quando a dor visita pessoas amadas e significativas.

A Vida, na generalidade de sua manifestação, é sempre uma grande e sábia mestra. Sempre ensinando e reciclando conhecimentos ou então, dando aulas de reforço aos que se atrasaram por algum motivo.

Jornal do NEIE

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