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À minha terra

Autor: Casimiro de Abreu (espírito)

*

Que terno sonho dourado

Das minhas horas fagueiras,

No recanto das palmeiras

Do meu querido Brasil!

A vida era um dia lindo

Num vergel cheio de flores,

Cheio de aroma e esplendores

Sob um céu primaveril.

*

A infância, um lago tranquilo

Onde começa a existência,

Onde os cisnes da inocência

Bebem o néctar do amor.

A mocidade era um hino

De melodias suaves,

Formadas de trinos de aves

E de perfumes de flor.

*

O dia, manhã ridente,

Numa canção de alvorada;

A noite toda estrelada

Após o doce arrebol;

E na paisagem querida,

Os ramos das laranjeiras

E das frondosas mangueiras

Douradas à luz do Sol!

*

Oh! que clarão dentro d’alma,

Constantemente cismando,

O pensamento sonhando

E o coração a cantar,

Na delicada harmonia

Que nascia da beleza,

Do verde da Natureza,

Do verde do lindo mar!

*

Oh! que poema a existência

De infância e de mocidade,

De ternura e de saudade,

De tristeza e de prazer;

Igual a um canto sublime,

Como uma estrofe inspirada

Na noite e na madrugada,

Na tarde e no amanhecer.

*

De tudo me lembro e quanto!

A transparência dos lagos,

As carícias, os afagos

E os beijos de minha mãe!

Dos trinos dos pintassilgos,

Da melodia das fontes,

As nuvens nos horizontes

Perdidos no azul do além.

*

Quando eu cruzava as campinas,

Sem sombras de sofrimento,

Descalço, com o peito ao vento,

Num tempo doce e feliz!

Os pessegueiros floridos,

As frondes cheias de amora,

O manto de luz da aurora,

Os pios das juritis!

*

Se a morte aniquila o corpo,

Não aniquila a lembrança:

Jamais se extingue a esperança,

Nunca se extingue o sonhar!

E à minha terra querida,

Recortada de palmeiras,

Espero em horas fagueiras

Um dia poder voltar.

Nota

A poesia acima, psicografada por Francisco Cândido Xavier, faz parte do livro Parnaso de Além-Túmulo

Obra completa: https://www.febeditora.com.br/parnaso-de-alem-tumulo

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