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A negação e o futuro da humanidade

Autor: Marcus De Mario

O que dizer da pessoa que nega a ciência e seus benefícios para a humanidade? Que nega a educação como formadora moral do ser humano? Que nega a religião e, por consequência, a fé, mesmo racional? Que nega seu egoísmo e orgulho, mesmo diante de todas as evidências? Com essas pessoas pouco há o que dizer e fazer, pois se situam numa ideia fixa e não admitem nada que contrarie o seu pensar. A negação dos fatos espirituais, dos fenômenos mediúnicos, das pesquisas realizadas a respeito por cientistas renomados, faz parte do conteúdo desses negadores sistemáticos. A propósito, contou-nos uma pessoa espírita que tinha um amigo que não acreditava em nada além da matéria e combatia abertamente o Espiritismo. Essa pessoa, espírita de longa data e participante de um grupo mediúnico de efeitos físicos, convenceu o amigo cético a assistir uma reunião, dando-lhe explicações prévias e convidando-o a investigar o local para certificar-se de não haver nenhum mecanismo oculto que pudesse falsear os fenômenos. Isso feito, a reunião teve início e vários fenômenos de efeitos físicos acontecerem, bem patentes, inclusive com a materialização completa de um espírito, que dirigiu a palavra ao visitante. Tudo terminado, despedidas feitas, perguntou ao amigo sua impressão sobre os fenômenos, ao que o mesmo respondeu: Tudo ilusão!

Como diz o ditado popular, não existe pior cego do que a pessoa que não quer enxergar.

Isso também acontece na área da educação. Quando falamos da necessidade da escola se transformar, trabalhando o ensino mais humanizado, priorizando o desenvolvimento da espiritualidade de crianças e jovens, professores e pedagogos “torcem o nariz”, e logo ligam a proposta com qualquer coisa da religião, rejeitando sumariamente a educação moral, também conhecida como educação emocional, educação em valores, e outras denominações. E tem os que respondem que essa educação é de foro da família, pois eles, professores e pedagogos, estão na escola para ensinar conhecimentos das ciências exatas e humanas, e nada mais do que isso. Ora, essa é uma visão distorcida da educação, pois a ética, os valores humanos, a finalidade do viver, são temas que devem fazer parte do projeto pedagógico da escola que, é sempre bom lembrar, é feita por pessoas em relação constante umas com as outras.

Negar a importância do relacionamento humano, ou relegá-la ao contexto exclusivo da família, é dizer, em outras palavras, que se está na escola para instruir, para ensinar o que está estabelecido no currículo, e os alunos devem se esforçar em aprender esses conteúdos curriculares, e ponto final. Quem aprende e demonstra esse aprendizado, mesmo que apenas memorizado, nas provas, está aprovado e segue em frente. Os demais, com suas notas baixas, que estudem mais, se esforcem mais, memorizem melhor os conteúdos dados em sala de aula. A situação anda tão ruim, que temos escolas providenciando aulas de recuperação, com as famílias contratando aulas avulsas (às vezes com o próprio professor da escola). Mas essa é a somente uma das pontas do problema, pois do outro lado temos a gravíssima questão da violência no ambiente escolar, do preconceito, da discriminação.

Negar a necessidade da ética no projeto pedagógico; continuar a fechar as portas para a participação efetiva da família no processo educacional; minimizar ou mesmo desconsiderar novas propostas educacionais, fazendo uma escola diferente; insistir em formar o professor apenas para dar aula, quando ele deveria ser um orientador do processo de aprendizagem; enfim, continuar a negar a realidade de um sistema de ensino que há muito deixou de ser um sistema de educação, é complicar o hoje e o manhã da humanidade, mas parece que pedagogos, professores e autoridades políticas estão cegos para isso, deixando o tempo passar e tomando apenas medidas paliativas, maquiadoras, sem atacar as causas do fracasso escolar e educacional.

É urgente termos um olhar espiritualizado sobre a educação e a formação das novas gerações. A contribuição do Espiritismo para isso é imensa e profunda, mas parece que nem mesmo os espíritas despertaram para essa verdade, pois as intervenções do movimento espírita na educação são mínimas, apesar de já termos uma contribuição literária e pedagógica significativa.

Sonhar com o mundo de regeneração não resolve, se esse sonho não for acompanhado de realizações concretas. É o que estamos aguardando, tanto no movimento espírita, quanto na educação brasileira.

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