Autismo e Espiritismo: O que a ciência e Kardec nos ensinam?

Recentemente, Divaldo Pereira Franco fez uma declaração sobre autismo que gerou debates dentro do movimento espírita. Segundo ele, autistas não possuem sentimentos e não sabem demonstrar emoções como amor e carinho. Essa afirmação, além de estar cientificamente equivocada, levanta um questionamento essencial: o Espiritismo deve se atualizar conforme a ciência avança?

O Que é o Autismo?

Antes de qualquer coisa, é fundamental esclarecer que o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um Transtorno do Neurodesenvolvimento, e não uma condição, síndrome ou doença. Ele afeta o funcionamento do cérebro desde o nascimento, influenciando a comunicação, interação social e comportamentos.

No entanto, um dos grandes mitos sobre o autismo é a crença de que essas pessoas não têm sentimentos. A verdade é que elas sentem e expressam emoções de formas diferentes das neurotípicas. Muitos autistas apresentam hipersensibilidade emocional e dificuldades para expressar o que sentem de maneira convencional, mas isso não significa que não experimentam amor, carinho e afeto.

O Espiritismo Deve Negar a Ciência?

O Espiritismo, conforme codificado por Allan Kardec, baseia-se no tríplice aspecto: Ciência, Filosofia e Religião. Em A Gênese, Kardec afirma:

“O Espiritismo marcha com o progresso e jamais será ultrapassado, porque se novas descobertas lhe demonstrarem que está em erro em um ponto, ele se modificará nesse ponto.”

Ou seja, negar a ciência contradiz a essência do Espiritismo.

Dessa forma, quando Divaldo faz uma afirmação que diverge das evidências científicas, devemos questionar e buscar respostas fundamentadas. Se a espiritualidade não responde, a ciência deve oferecer suporte, como Kardec orientou.

A Educação Espírita e o TEA

Na história do Espiritismo, vemos que seu fundador, Hippolyte Léon Denizard Rivail, estudou pedagogia com Pestalozzi e trouxe uma visão educacional ao que chamamos de Evangelização Espírita. No entanto, é necessário avançar para o conceito de Educação Espírita, pois evangelizar pode significar apenas transmitir conteúdos, enquanto educar envolve acolher e adaptar-se às individualidades.

Para um autista, não basta apresentar a Doutrina Espírita da mesma forma que para uma criança neurotípica. Novos métodos pedagógicos são essenciais para respeitar as particularidades sensoriais e emocionais. Se Kardec defendia a educação como ferramenta de evolução, por que ignorar isso no caso do TEA?

O tríplice aspecto do Espiritismo também se aplica à Educação Espírita para autistas:

  • Ciência → Profissionais da saúde (neurociência, psicologia, fonoaudiologia, terapia ocupacional);
  • Filosofia → A família e o acolhimento do autista dentro de sua individualidade e desenvolvimento;
  • Religião → A prática da Educação Espírita adaptada às necessidades do TEA.

Desafios e Reflexões

O movimento espírita precisa abandonar conceitos ultrapassados e acolher a diversidade dentro de seus centros e instituições. Espiritualidade e ciência caminham juntas, e nenhuma doutrina deve se fechar às novas descobertas.

Ao ouvirmos lideranças religiosas fazendo declarações infundadas, temos o dever moral e doutrinário de questionar e corrigir. Se o Espiritismo deseja ser uma doutrina para o futuro, precisa aprender com o presente.

Com carinho e muito amor pedagógico,

Cauê Sanchez
Coordenador Pedagógico
Jovens com Yvonne / Juventude Espírita

Vem junto!

Quer divulgar um evento, palestra, página, podcast, banda ou até chamar a galera para um estudo na mocidade? Manda pra gente! É só enviar o texto e, se tiver, uma imagem que a gente divulga aqui nos Avisos.

Vamos juntos fazer o movimento espírita crescer!

DICA

spot_img