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Cada criança tem seu tempo

Autora: Eugênia Pickina

A minha infância de menina sozinha deu-me duas coisas que parecem negativas, e foram sempre positivas para mim: silêncio e solidão

Cecília Meireles

Certamente você já escutou esta frase: cada criança tem seu tempo. Em outros termos, cada criança se desenvolve segundo seu próprio ritmo.

Sempre insisto: comparações, no geral, não ajudam e acabam por estimular ansiedade nos pais, na família, e, na realidade, pouco importa se a criança andou com 10 meses ou 1 ano, se aprendeu a ler antes ou depois dos colegas da classe.

Quando chamamos a atenção para o fato de que toda criança tem seu tempo, não significa que ignoramos os marcos de desenvolvimento apontados pela ciência, mas simplesmente tentamos pontuar que há uma certa flexibilidade na hora de avaliar uma criança, pois existem fatores externos que influenciam (também) a maneira como a criança avança em seus aspectos físicos (motor e cognitivo), emocionais e sociais, como, por exemplo, o ambiente em que ela vive, o contexto familiar, a quantidade de estímulos que ela no dia a dia recebe.

Uma mãe poderia questionar: e se meu filho não apresentar as aquisições esperadas pela idade, como falar ou ir ao banheiro, por exemplo?

Bom, em primeiro lugar, isso não é necessariamente um atraso. Muitas vezes a criança só necessita ser estimulada de uma maneira diferente para se desenvolver conforme o esperado. Mas, é importante estar atento e acompanhar de perto esse tipo de situação. Além disso, na dúvida, consultar o pediatra para avaliações. Felizmente, e como um grupo de apoio à criança, pais, escola e pediatra geralmente ajudam a identificar um possível atraso, indicando o melhor caminho para dar suporte ao desenvolvimento da criança.

De outro lado, há pais que se preocupam em demasia e acabam estimulando excessivamente a criança. Ora, o estímulo exagerado pode causar inúmeros prejuízos, pois exigir que uma criança apresente uma habilidade para a qual ainda não está preparada, do ponto de vista de maturação, pode provocar estresse tóxico, sofrimento e até comprometimento na saúde, gerando uma barreira ao desenvolvimento… ou seja, os estímulos devem ser conforme a idade e o limite de capacidade da criança.

O que a criança precisa para se desenvolver mais plenamente e, especialmente, na primeira infância? Ela deve ter um ambiente rico em brincadeiras, estímulos e socialização, mas sem ultrapassar o limite de maturidade, capacidade e de idade, não exigindo os pais o que ela (ainda) não é capaz…

Notinhas

Marcos do desenvolvimento infantil são comportamentos e atitudes que crianças de cada faixa etária devem manifestar. Funcionam como referências para identificar seu avanço e crescimento. Eles vão desde o período neonatal até os 6 anos de idade. Por exemplo, aos 15 meses de vida, a parte motora já está bastante desenvolvida. É comum que a criança já ande sozinha e se arraste para subir degraus. Em relação à linguagem, já entende seu nome, atende a ordens simples e consegue pronunciar algumas palavras.

Vale lembrar que cada criança se desenvolve em seu tempo. Os marcos servem para orientar pais e cuidadores. Diante da percepção de atrasos no desenvolvimento infantil dos filhos nos primeiros anos de vida, a recomendação é buscar ajuda médica para averiguar. O pediatra observa a criança e conversa com os pais para analisar os marcos de desenvolvimento. Exames clínicos também fazem parte da avaliação, como os de audição, visão e outros.

No caso de uma criança com algum tipo de transtorno ou síndrome, o diagnóstico e a intervenção precoce são fundamentais para o seu desenvolvimento adequado. Saber como ajudá-la pode ser o fator decisivo para que ela cresça e atinja todo o seu potencial…

O consolador – Ano 16 – N 807 – Cinco-marias

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