Caixa de vibrações: solução dos problemas?

Autor: Rogério Miguez

Inúmeras instituições espíritas possuem um especial serviço de apoio aos que as procuram, entre outros, através de um mecanismo conhecido por Caixa de vibrações.

A origem deste costume se perde na história da Doutrina Espírita. Talvez se tenha consolidado quando o movimento migrou para o Brasil, ou, quem sabe, houve prática semelhante durante o funcionamento da SEEP1. Ignoramos no momento.

Embora sem conhecer com exatidão a forma como esta atividade se desenvolveu, é fato que tal rotina está consolidada no movimento, seja por meio de uma pequena caixa para depósito de pedidos diversos colocada nas secretarias, ou mesmo nos salões; seja através de um caderno de preces onde se inscrevem nomes de necessitados, doentes ou desencarnados; até mesmo, atendendo aos apelos dos tempos modernos, pelo preenchimento de um formulário na web, em página oferecida por um site ou portal qualquer vinculado a um centro espírita, e sem esquecer dos contatos feitos por e-mail, WhatsApp e pelo antigo telefone.

A ideia é simples e bem objetiva, embora muito eficaz: a pessoa conhece alguém necessitando de ajuda e que se encontra impossibilitada de comparecer a um centro espírita, ou mesmo ainda não vinculada ao movimento espírita, e deposita o pedido em favor dela. É também largamente usada pelos regulares frequentadores e trabalhadores espíritas da casa em benefício próprio.

Este conhecido pode ser um familiar ou afeiçoado, residindo em outra cidade, estado ou país, podendo inclusive já estar desencarnado; pode estar acamado em um quarto hospitalar ou será submetido a uma delicada cirurgia em futuro próximo; encontra-se desempregado e desiludido com o sistema de governo que não oferece empregos em número adequado à população, assim, está sem um horizonte renovado; ou até mesmo podem ser casais atravessando uma crise conjugal, quando não estão encontrando saída pacífica para o conflito. As possibilidades de auxílio são inúmeras, tão numerosas quantas são as necessidades apresentadas pela humanidade.

Após a inclusão do nome do possível beneficiado, adicionando algumas informações pessoais pertinentes, espera-se que os Espíritos coordenadores da casa em questão ajam, dentro do possível, em favor do nome solicitado, visitando o indivíduo no local de sua residência, no seu ambiente de trabalho, ou no hospital onde está internado, às vezes, procurando conhecer o paradeiro do desencarnado. Tudo depende do caso em questão.

Há também a possibilidade desta caixa ou caderno ser levado para reuniões chamadas de vibração ou de irradiação – depende da convenção da casa espírita, pois, quando vibramos, irradiamos e vice-versa -, nas quais preparados e dedicados trabalhadores, em conjunto com a espiritualidade esclarecida associada à casa, irão juntos orar em favor destes necessitados, e os encarnados colocarão à disposição dos mentores do grupo, seus fluidos, vibrações, fazendo irradiações de energias, pelo pensamento positivo, aos solicitados, visando à ajudá-los, considerando o merecimento de cada assistido.

Contudo, ninguém poderá retirar necessárias provas e expiações da jornada de evolução particular de cada um. Podemos fortalecer os assistidos, dando-lhes renovadas forças para enfrentar as naturais dificuldades enfrentadas por todos.

Ocorre que nem sempre o solicitante conhece as bases do serviço intercessor ao solicitar amparo para um conhecido, ou mesmo desconhecido. Em função deste desconhecimento, observa-se, em geral, que após o pedido ter sido feito, o suplicante cruza os braços, crendo já ter feito a sua parte, ajuizando que de agora em diante a tarefa estaria a cargo da casa e, principalmente, dos Espíritos.

Ledo engano, pois a participação daquele que pede é fundamental, mandatória; demonstra realmente o interesse em ajudar o próximo, não apenas delegando aos outros, encarnados ou desencarnados, a possível intercessão ao seu afeiçoado.

Sendo assim, espera-se que o requerente realize orações, por exemplo, fazendo o conhecido Evangelho no Lar, quando, em prece, também pedirá a intervenção de Jesus no caso em questão. Procurará manter sintonia com o necessitado, à nível mental, enviando também, sempre que possível, seus próprios fluidos, suas vibrações de amor, suas irradiações sinceras de melhora e bem-estar para o temporariamente desprovido de apoio.

Se não for assim, onde estaria a nossa caridade? Resumir-se-ia apenas à colocação de um nome e endereço em um formulário de internet, em uma caixa ou mesmo em um caderno!?

E, no caso particular, quando solicitamos preces pelos adoentados, lembremos que a nossa visita ao necessitado é de grande valia. Representa o apoio ao vivo, sem intermediários, e podemos afirmar que o doente ficará muitíssimo grato por ter sido, não só lembrado, mas também visitado.

É de se observar que, em muitos casos, o suplicante, desavisado, ainda noviço nas práticas espíritas, refaz os seus pedidos semanalmente, a toda hora, inclusive inserindo os nomes dos necessitados em várias casas, com listas prontas, preparadas em impressoras, ou mesmo preenchendo vários formulários à disposição na web. Curiosamente, em alguns casos, inclui todas as pessoas que conhece, sejam necessitadas ou não.

Esta conduta é condenável? Não, em absoluto, contudo enganado está o requerente acreditando que, pela aparente força da repetição ou quantidade dos pedidos, Deus o escutará, prioritariamente, em detrimento daquele que fez apenas uma singela solicitação, muitas vezes por não poder frequentar um centro regularmente ou não possuir internet à disposição em sua residência. A Divindade jamais se sensibilizará por bilhetes destituídos de sentimento, sem envolvimento, desprovidos de verdadeira caridade. Aliás, uma pessoa desconhecendo o serviço intercessor, e não sendo espírita, poderá ter seu pedido imediatamente atendido, graças a sua sinceridade quando ora pelo querido amigo ou afeiçoado. Tudo na vida se traduz por amor em movimento.

Existe uma virtude que deve acompanhar qualquer pedido, envolvendo plenamente a solicitação: a fé. Esta conquista interior é medida preliminar fundamental para que exista a possibilidade de uma pronta resposta à rogativa.

Por falar nisto, pode-se pedir ajuda também para os inimigos ou desafetos, afinal, Jesus recomendou-nos amá-los igualmente.

Há um ponto interessante a se esclarecer sobre o serviço intercessor: o endereçado não precisa ser espírita, muito mesmo estar avisado e informado que haverá uma reunião de vibrações em seu favor, tampouco deverá estar ciente e ter aprovado a atividade a ser desenvolvida no centro espírita. Em relação ao último caso, seria um absurdo condicionar o envio de vibrações ou irradiações à aquiescência do necessitado, uma vez que, em grande número de casos, aquele que vai receber as energias renovadoras ou mesmo a visita dos Espíritos está em grande desequilíbrio mental e de conduta e, em outros casos, nem espírita é, podendo até ser ateu. Se estiver hospitalizado e em coma, por exemplo, como poderá existir um “aceite” ao tratamento espiritual por parte do beneficiado?

Entretanto, se houver entendimento e aceitação por parte do interessado e este permanecer em oração durante a realização da reunião de vibrações ou irradiações, de modo a auxiliar no envio e na recepção dos fluidos, tanto melhor para quem vai receber a ajuda.

Existe também uma solicitação de intervenção bem comum relacionada ao conhecido encosto.

Esta palavra é usada frequentemente no lugar de obsessor, sendo este o termo adequado a ser usado conforme a Doutrina Espírita assim define o Espírito, ou Espíritos, que por razões diversas se ligam a um encarnado para prejudicá-lo em sua caminhada.

Dependendo do grau de influenciação existente, o amparo será mais célere ou demorado. O procedimento se desenvolverá em função da mudança de conduta do obsediado, ajudando, por si mesmo, no processo de libertação do assédio realizado pelo(s) encosto(s).

A propósito: os obsessores, ao notarem a existência de um serviço intercessor atuando em favor de sua vítima, se voltarão contra os solicitantes?

Isto poderá acontecer, contudo, quem se dispõe a ajudar deve preparar-se também, realizando estudos e orações na residência, bem como empenhar-se em frequentar regularmente a casa espírita à qual se vincula, seja como participante apenas ou trabalhador.

Ninguém deverá ter medo de ajudar, uma vez que, os guias espirituais observarão tudo e impedirão qualquer influenciação prejudicial, caso aquele que fez a petição de auxílio se porte adequadamente em sua vida particular, dentro dos princípios cristãos.

Estas são algumas ponderações sobre o tema. Certamente, há outras, mas como mensagem final, jamais temamos auxiliar, seja quem for, pois quem ajuda, ajuda-se, e Jesus e seus prepostos não abandonarão àqueles que, movidos pelo sentimento de amor, acionam os serviços intercessores, sejam quais forem e por quem for.

Como consideração final, não nos esqueçamos de agradecer, sempre, independentemente do resultado obtido. Deus é Pai e está ciente de tudo. Se o nosso pedido não foi atendido, por mais razoável e justo nos pareça, há razões para tanto. Jamais desesperar. Oremos ainda mais.

Referências

1 SPEE: Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, fundada por Allan Kardec em 01/04/1858 em Paris, considerada por muitos o primeiro centro espírita do mundo.

IMIGRANTE, SIMINVISÍVEL, NÃO