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Camilo Chaves

A desencarnação do querido e bondoso Dr. Camilo Rodrigues Chaves, às 23,30 horas do dia 3 de fevereiro de 1955, com a avançada idade de 70 anos, causou profunda e indescritível saudade à Família Espírita de Minas e do Brasil. 

O passamento do venerável Presidente da União Espírita Mineira foi súbito e inesperado. A angina pectorís o vitimou em segundos no Hotel Sul-Americano, onde residia, havia dez anos, com sua esposa D. Damartina Teixeira Chaves. 

Horas depois, seu corpo foi transportado para a residência de seu irmão carnal, Sr. João Chaves, local de saída do enterro, no dia seguinte, às 17 horas, com numeroso acompanhamento de carros, para a necrópole do Bonfim.

Por deferência da digna família do ilustre extinto, coube à União Espírita Mineira a honra de realizar, às suas expensas, os funerais. 

A “Casa Máter” de Minas Gerais, por todos os seus Departamentos, prestou várias homenagens ao iluminado Espírito do inexcedível presidente, e o Conselho Federativo Nacional, órgão da Federação Espírita Brasileira, em sua reunião de 5 de fevereiro, dedicou grande parte da sessão relembrando a vida e a obra do nosso biografado.

A recepção do querido companheiro no Mundo Espiritual, segundo mensagens recebidas horas após o decesso, se processou maravilhosamente. 

O missionário do Cristo Amado foi alvo de festiva e encantadora reunião espiritual.

Uma tão grande vida, tão bem vivida em proveito da coletividade brasileira, requereria um  biógrafo à altura.

Não há exagero na afirmativa. Examinem os leitores algumas das importantes obras realizadas pelo extinto e outras arrojadas iniciativas de sua ilustre personalidade e temos a convicção de que nosso ponto de vista encontrará justa receptividade.

O homem público

Nos meios sociais de Belo Horizonte, do Triângulo Mineiro, do Rio e de São Paulo, o inesquecível lidador espírita desfrutava de grandes e permanentes amizades, mercê de sua cultura, esmerada educação, cavalheirismo ímpar e irradiante cordialidade.

Entre os professores, juristas e beletristas, gozava de geral simpatia e respeito. Nas camadas políticas – muito embora o seu espontâneo afastamento nos dez últimos anos – era sempre solicitada a sua ilustre presença e os seus conselhos mereciam acatamento. 

Na campanha eleitoral de 1953, recebeu ele novo convite do Governo Estadual para figurar na chapa de deputado federal e, como das outras vezes, solicitou dispensa da honraria.

Sua ilustre, trabalhosa, honesta e proveitosa vida pública, nos elevados postos de senador, deputado, parlamentar, político e diretor da Loteria de Minas – graças à sua invejável e reconhecida modéstia -, era quase inteiramente desconhecida pela maioria da Família Espírita. Também, poucos confrades têm conhecimento de suas atividades iniciais de vaqueiro, boiadeiro, comerciante e fazendeiro, embora saibam que ele possuía o título de doutor em Filosofia, Matemática, Ciências Naturais e Latim, em virtude de ter frequentado e defendido teses na Universidade Gregoriana, em Roma, capital da Itália.

Quando de sua permanência em Roma, esteve por duas vezes com o Papa Pio X e recebeu a bênção apostólica, tendo mantido conversação em latim e italiano com o ilustre prelado, que lhe prognosticou um grande futuro no seio da Igreja Católica do Brasil!

Sua benemérita atividade política, educacional, literária, filosófica e religiosa, merece biografada, tantos e tais são os magníficos exemplos de sabedoria e bondade que a distinguem. Por seus gestos, atos e palavras, em todos os setores humanos em que militou, Camilo Rodrigues Chaves foi um roteiro seguro para gregos e troianos, o líder experiente, o missionário por excelência. Suas excelsas virtudes morais, espirituais e intelectuais o faziam realmente amado e respeitado por quem dele se acercasse.

Grandes vultos do Clero foram seus companheiros e amigos: o cardeal D. Sebastião Leme, os bispos D. Benedito Paulo Alves de Sousa, D. André Arcoverde, D. José Tupinambá da Frota e monsenhor MeIo e Souza.

O espírita

Sem dúvida, no meio espírita, a existência do Presidente da União Espírita Mineira foi a de um verdadeiro apóstolo do Bem e da Verdade! Ele sentia no âmago do coração e exemplificava, a todo instante, as belas e eternas lições evangélicas! Seu coração, sempre florido dos mais puros sentimentos, não conhecia o espinho da calúnia e nem o veneno do ódio. Amava e perdoava com tanta naturalidade que, muitas vezes, nos fazia lembrar o sândalo, que perfuma o machado que o fere. Não guardava mágoas e ressentimentos.

Não só esquecia, como pedia que esquecessem as restrições que, por vezes, sofreu de confrades imprevidentes.

Graças à fortaleza moral que se refletia em sua personalidade inconfundível, esses próprios confrades respeitavam a sua mansa e austera ação direcional.

Do inesquecível líder espírita se pode, certamente, afirmar que tinha o coração acima do cérebro e o cérebro dentro do coração! Sabia negar sem ferir, agir sem causar atritos, aconselhar sem ostentação, servir com humildade e perdoar sem ofender!

Vivendo ardorosamente as lições da Boa Nova, o querido diretor d’ “O Espírita Mineiro” dava o máximo de si mesmo, diariamente pregando e exemplificando, no exercício da caridade cristã junto aos encarnados e desencarnados. E ninguém jamais o viu em queixas, lástimas ou azedumes, graças à elevação de seu espírito e à nobreza de seu caráter.

Tantas e tais foram as qualidades primorosas do emérito idealizador do Ginásio “O Precursor”, que se torna tarefa deveras complexa destacar uma das outras ou traçar – ainda que modestamente – a sua notável personalidade. Assim, por exemplo, sua humildade. Cristã, essencialmente cristã, essa humildade nunca permitiu que ele rememorasse, entre os confrades, sua ilustre atuação política, os valiosos títulos adquiridos ou sua importante posição nos meios culturais e sociais. Conversava pouco sobre sua pessoa, que, para ele, tinha pouca importância – como dizia. 

A bondade do fundador do Cenáculo Espírita “Tiago Maior” representa outra faceta impressionante de sua grandiosa alma. Sabia dar, acolher, concordar e, até mesmo, discordar, sem causar suscetibilidades.

Quando doutrinava, na presidência das sessões mediúnicas, até os mais renitentes desencarnados se rendiam diante da mansidão, da serenidade de seu verbo evangélico, sempre emoldurado de expressões bondosas.

“O Espírita Mineiro”, que acompanhou de perto, durante alguns anos, a magnífica atuação do inesquecível promotor do Segundo Congresso Espírita Mineiro, sente-se à vontade para declarar que a brilhante gestão do Dr. Camilo Chaves, à frente dos destinos da Casa Máter do Espiritismo em Minas, o aponta, inegavelmente, como o maior Presidente que já teve a União Espírita Mineira, em todos os tempos! Eleito, pela primeira vez, presidente, em 1946, vinha sendo reeleito pelo Conselho Deliberativo, quer em virtude dos reconhecidos méritos que lhe exornavam a figura de varão eminente, quer em face de sua profunda sabedoria.

Esta, abrangia quase todos os ramos do saber humano e permanentemente estava enfeitada por gestos de justiça e bondade!

E Camilo Chaves – o maior dos presidentes –  sabia corrigir, dirigir e até negar, sem ferir o amor- -próprio do semelhante. Sua proverbial tolerância desarmava os de mãos fechadas, que nada dão, não produzem e são os que mais reclamam e sempre enxergam o argueiro no olho alheio.

Com a sua encantadora velhice aureolada de simpatia irresistível, dessa simpatia que irradia dos simples e dos bons, dos verdadeiros sábios e dos escolhidos do Cristo Amado, ele ia pondo e dispondo, superiormente auxiliado por uma equipe de trabalhadores de sua imediata confiança.

E, neste ponto, fazemos um parêntese. Ocorre-nos que, durante sua vida, nunca permitiu que “O Espírita Mineiro” lhe tecesse louvores. Os poucos que saíram, o foram sem a sua permissão. Mas, eis chegado o momento de descrever, ainda que ligeiramente, a vida do extraordinário Presidente Nato do Abrigo Jesus, de Belo Horizonte.

Nos últimos anos, vinha ele dedicando sua existência à Doutrina e aos estudos. Locomovendo-se com dificuldade, em consequência de consolidação defeituosa de fratura na bacia ilíaca esquerda, ele se amparava para meditação e estudo, entre os responsáveis pela direção das Sociedades estaduais.

A tal ponto a personalidade do Dr. Camilo Chaves se destacava, apesar de sua natural simplicidade, que – embora não entrevistado a respeito do nosso valoroso biografado – o venerável e também saudoso Dr. Carlos Lomba, então 19 Secretário da Federação Espírita Brasileira, fêz questão de salientar, durante o Segundo Congresso Espírita Mineiro: “Finalizo as suas perguntas, caro jornalista, rendendo espontaneamente à figura brilhante, veneranda e patriarcal do Dr. Camilo Rodrigues Chaves, digníssimo Presidente da União Espírita Mineira, e à sua prodigiosa cultura e angelical bondade, a minha reverenciosa homenagem de profunda e gratíssima admiração e o faço com o que em mim possa haver de sentimentos mais delicados e atenciosos. “Faço-o, também, em nome da Diretoria da Federação Espírita Brasileira, saudando com elevado apreço a brilhante e iluminada Diretoria da União Espírita Mineira.”

Nos últimos meses, além dos problemas ligados ao Ginásio “O Precursor”, o extinto estava trabalhando em benefício da execução do programa de unificação no Estado, por intermédio de um Conselho Federativo Estadual, fato que se consumaria pouco depois. A par de outras atividades, o exímio escritor terminara a primeira revisão de sua extraordinária obra “Semíramis “, que trata da fulgurante vida da célebre rainha da Assíria e da Babilônia. Nesse livro valioso, o romancista Camilo Chaves descreve os costumes e faz a história dos vários povos que, então, habitavam o continente africano e o Oriente Médio.

Além dos cargos mencionados, era o Dr. Camilo Chaves presidente de honra do Centro Espírita “Amor e Caridade”, um dos fundadores da “Sopa dos Pobres”, conselheiro, sócio e irmão benemérito de várias Sociedades espíritas e leigas. *

Em 16 de Novembro de 1954, por ocasião da inauguração do Ginásio “O Precursor”, em Belo Horizonte, o Dr. Camilo Chaves pronunciou um longo e substancioso discurso, do qual extraímos este pequeno trecho, que bem demonstra a larga e profunda visão do saudoso confrade:

“O Espiritismo, no Brasil, segue as normativas da política ou da administração. Divide-se em províncias, encabeçadas pelas federações regionais. Por destinação original e por força de um pacto federativo, a União Espírita Mineira dirige a seção deste Estado. As federações, por sua vez, são adensas a um Conselho Federativo Nacional, ou melhor, à Federação Espírita Brasileira, que se prestigia em uma preferência sagrada por reais serviços à Causa. Tão grandes são esses serviços, que a colocam na vanguarda de todas as organizações espíritas do mundo.

Todos nós quase tudo lhe devemos, quanto a conhecimentos doutrinários, por meio da leitura dos compêndios editados em suas oficinas tipográficas. Essa Editora inunda o Brasil de imensas tiragens de livros doutrinários e já os propaga nos meios intelectuais do Velho Mundo, em diversos idiomas. Estejais certos, caríssimos irmãos, de que o Brasil, como vanguardeiro do Espiritismo, alcançou tal situação, em grande parte graças ao esforço e devotamento da Federação Espírita Brasileira, onde exemplificaram grandes apóstolos, entre os quais o nosso venerado Bezerra de Menezes.

Como prova do êxito alcançado, a hierarquia da FEB, neste venturoso País, recebe o beneplácito de Jesus que a destina a maiores realizações de caráter material e moral.

Unamo-nos em torno da Federação Espírita Brasileira, que encabeça a hierarquia kardecista e reconheçamos-lhe a autoridade de Casa Máter de todos; cerremos fileiras ao lado da União Espírita Mineira, que enfeixa os poderes de orientação da família espírita de Minas.”

Homenagem da Academia Mineira de Letras

A Academia Mineira de Letras, prestigiosa Sociedade composta de expoentes da cultura montanhesa, em sessão realizada no dia 17 de fevereiro de 1955, por proposta do acadêmico Augusto de Lima Júnior inseriu em ata um voto de profundo pesar pelo falecimento do escritor e intelectual Dr. Camilo Rodrigues Chaves.

O elogio ao emérito romancista falecido foi feito pelo citado membro da Academia. Referindo-se ao consagrado romance folclórico “Caiapônia”, o orador teve palavras de exaltação a essa obra e deu conhecimento à Casa da breve publicação de “Semíramis”, novo livro do Dr. Camilo Chaves.

Homenagem da Assembleia Legislativa Na Primeira Reunião Ordinária da Assembleia Legislativa do Estado, ocorrida no dia 7 de fevereiro, todas as bancadas políticas manifestaram o seu pesar e o do Estado de Minas Gerais, por motivo da desencarnação do Dr. Camilo Chaves.

Transcrevemos, em seguida, do “Diário da Assembleia” do dia 8, as homenagens prestadas ao ínclito e valoroso companheiro.

Primeira reunião ordinária

O Sr. Ornar Diniz – Sr. Presidente, Srs. deputados.

Cumpro o doloroso dever de comunicar a esta augusta Assembleia o falecimento do ex-deputado e ex- senador Camilo Rodrigues Chaves, ocorrido nesta Capital, no dia 3 do corrente.

O ex-senador Camilo Chaves nasceu em Campo Belo do Prata, hoje Campina Verde, em 28 de julho de 1884, no Triângulo Mineiro. Era filho de João Evangelista Rodrigues Chaves e de dona Maria Matilde do Amaral Chaves. Pequeno ainda, aos 9 anos de idade, seguiu para Roma, onde fez o curso de Humanidades, Matemática e Filosofia superiores, respectivamente, no Colégio Pio Americano e na Universidade Gregoriana. Regressando ao Brasil, fixou residência em Ituiutaba. Casou-se em Uberlândia com dona Damartina Teixeira Chaves, filha do Coronel Arlindo Teixeira e de dona Filomena Augusta Teixeira. Desse consórcio teve três filhos: Dr. Hélio Chaves, advogado e gerente da Caixa Econômica Federal de Ituiutaba; Dr. Camilo Chaves Júnior, advogado e presidente do Partido Social Democrático de Ituiutaba e ex-prefeito daquele Município; Dr. Fábio Teixeira Rodrigues Chaves, advogado e promotor público de Ituiutaba.

Iniciando sua carreira política, foi eleito várias vezes vereador à Câmara Municipal de Ituiutaba. Em 1923 foi eleito deputado federal, pelo 59 Distrito Eleitoral, compreendendo todo o Triângulo Mineiro.

Em sua passagem pela Câmara dos Deputados, teve ocasião de apresentar inúmeros trabalhos de real importância para o Triângulo, Minas e o Brasil. Foi o autor da ideia de se fundar em Minas, durante o governo Antônio Carlos, a primeira escola de aviação do Brasil, ideia transformada em lei, porém nunca executada. 

Com o seu memorável discurso que correu o País: “Viação no Triângulo”, conseguiu despertar o interesse do mundo capitalista e meios ferroviários, no sentido de dotar o Triângulo de uma ferrovia que, partindo de Uberabinha, hoje Uberlândia, margeasse o rio das Velhas e, penetrando o vale do Paranaíba, fosse até Porto Feliz, com um ramal de Cachoeira Dourada a Ituiutaba, até Colômbia, Estado de São Paulo, na linha terminal da Estrada de Ferro Paulista.

Por seu intermédio foi organizada a Companhia, levantado o capital em Londres e iniciados os estudos preliminares. Mas, com a revolução de 1930, não se concretizou a realização, dado o descrédito por que atravessou o ‘País, caducando-se assim o privilégio. 

Ainda a atestar o seu profícuo trabalho como deputado, estão o Ginásio Mineiro Estadual de Uberlândia, a Estação Experimental de Sementes do mesmo município, o Grupo Escolar “João Pinheiro”, o edifício do Fórum, a ponte “Raul Soares”, sobre o rio Tejuco, e a criação da Comarca de Ituiutaba.

Eleito senador ao Congresso Mineiro, em 1927, continuou a prestar relevantes serviços ao Estado, tendo destacada atuação na revolução de 1930. 

Reintegrado o País na ordem legal, continuou a militar na política como membro da Comissão Executiva do Partido Republicano Mineiro.

Em 1937, desligado das hostes partidárias, passou a dedicar-se exclusivamente ao estudo e cultivo das letras. Escreveu “Caiapônia”, romance da terra e do homem do Brasil central, já em segunda edição, que é um repositório dos seus conhecimentos auferidos no sertão, nos exercícios de suas profissões de fazendeiro, professor, comerciante, jornalista, advogado, político e parlamentar.

Já se encontra no prelo a sua segunda obra intitulada “Semíramis”, editada pela Companhia Editora Piratininga, de São Paulo. 

Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, proferiu memorável conferência sugerindo a transferência da Capital da República para o Pontal do Triângulo Mineiro, próximo às portentosas quedas d’água dos rios Grande e Paranaíba, formadores do Paraná. Dada a repercussão, logrou ver a sua conferência transcrita nos Anais do Congresso Nacional, por solicitação do deputado Campos Vergal, da bancada de São Paulo.

Como presidente da União Espírita Mineira, reeleito por várias vezes, prestou relevantes serviços materiais e espirituais àquela casa máter do Espiritualismo em Minas Gerais. Devido ao seu espírito empreendedor e tenaz, está sendo edificada à rua Guarani, nesta Capital, a nova sede da União Espírita Mineira. 

Não faltou com a sua colaboração ao “Abrigo Jesus” e à “Sopa dos Pobres”, desta Capital. Idealizou e fundou um grande ginásio, “O Precursor”, em funcionamento em Belo Horizonte.

Faleceu aos 70 anos de idade, nesta Capital, no dia 3 do corrente mês, às 11 horas da noite, no Hotel Sul-Americano, onde residiu por mais de 10 anos.

O extinto, membro da numerosa família Chaves, do Oeste de Minas, Triângulo e Goiás, era sobrinho trineto do alferes José Joaquim da Silva Xavier, o Tiradentes, preto-mártir da Independência. 

São seus irmãos: dona Cândida Chaves Teixeira, falecida, casada com o Sr. Tito Teixeira, industrial em Uberlândia; dona Isaura Chaves Costa, falecida, casada com o Sr. Adalberto Costa; Sr. Hilarião Rodrigues Chaves, industrial em ltuiutaba; Sr. Jonas Rodrigues Chaves, falecido; Sr. Antônio Rodrigues Chaves Sobrinho, comerciante em Ituiutaba; dona Maria Chaves Ferreira, casada com o Sr. Antônio Ferreira, fazendeiro no Município do ‘Prata; Sr. João Chaves Júnior, tesoureiro da Imprensa Oficial; dona Rosa Chaves Correa, esposa do Sr. Pedro Correa da Silva, fazendeiro em Camapoã; D. Orlando Chaves, Bispo de Corumbá, Estado de Mato Grosso; dona Aurora Chaves Vasconcelos, professora, casada com o Sr. Bernardo Vasconcelos, proprietário nesta Capital; dona Cármen Chaves de Sousa, esposa do Sr. Antônio Sousa Martins, tabelião do Segundo Ofício, e atualmente Prefeito do Município de Ituiutaba.

Encaminho, Sr. Presidente, à Mesa, o seguinte requerimento: (lê)

Requerimento

Exmo. Sr. Presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais.

O deputado infra-assinado requer, ouvida a Casa, seja consignado em Ata um voto de pesar pelo falecimento do ex-deputado e ex-senador Camilo Rodrigues Chaves, bem como suspensos  os trabalhos de hoje em homenagem àquele grande cidadão.

Sala das Reuniões, 7 de fevereiro de 1955.

  • Ornar Diniz.

Requerimento – Suspensão da reunião

O Sr. Presidente – O Sr. Ornar Diniz requereu um voto de pesar pelo falecimento do exsenador Camilo Chaves, pedindo a suspensão dos trabalhos desta Casa, no dia de hoje. Em discussão. (Pausa.) Encerro a discussão e vou submete – Ia a votos.

O Sr. Oscar Moreira – Peço a palavra, Sr. Presidente, para encaminhar a votação do requerimento do Sr. Ornar Diniz.

O Sr. Presidente – Tem a palavra o Sr. Oscar Moreira.

O Sr. Oscar Moreira profere discurso que será publicado depois.

O Sr. Olavo Drumond (Para encaminhar a votação (lê) – Sr. Presidente e Srs. Deputados: O falecimento de Camilo Chaves teve a mais sentida repercussão nesta Casa. Era ele um mineiro ilustre, que soube cumprir, com dignidade e perseverança, os mandatos que lhe confiaram a confiança do povo triangulino.

Na política foi um astro radioso que, com altivez, bom-senso e patriotismo, fulgurou na constelação de nossa história política. Como grande escritor foi outra estrela brilhante do sistema literário nacional.

Camilo Chaves foi um grande amigo de minha terra natal, Araxá, e as suas ligações de estima, apreço e amizade ao nosso estimado senador João Jacques Montandon indicam que também ela está presente à tradição histórica de nossa estância.

A verdade, Sr. Presidente, é que o povo de todo o Triângulo Mineiro chora hoje, com saudade, o desaparecimento do mineiro ilustre. Daí a justiça da manifestação de pesar desta Casa, em homenagem ao grande Camilo Chaves.

O Sr. Gregoriano Canedo (Para encaminhar a votação) – Sr. Presidente, Srs. Deputados: a morte do Sr. Camilo Chaves acaba de retirar do convívio social um cidadão prestante.

Deixou ele, Sr. Presidente, como exemplos nobilitantes, os traços vivos do seu caráter ilibado e da sua inteligência privilegiada, sempre postos a serviço do bem e da justiça. 

Nunca lhe faltou a indômita coragem em toda a sua longa existência, na realização de seus ideais, não só na esfera de suas atividades particulares, como também no exercício de suas atividades públicas.

Na administração e na política do Triângulo Mineiro, serviu bem à sua terra natal, em largo trecho de sua radiosa mocidade.

Mais tarde, na esfera estadual, não foi menor a soma de benefícios que prestou a Minas . Primeiramente, como deputado a várias legislaturas e, depois, como senador. Em todos esses postos foi Camilo Chaves um idealista, um batalhador, um espírito sempre alerta às causas justas de Minas e do País.

Desaparecendo agora o ilustre mineiro, deixo a esta Assembleia, na hora em que ela rende homenagens à sua memória, a solidariedade da bancada republicana. 

O Sr. Tubal Vilela (Para encaminhar a votação) (lê): – Sr. Presidente e Srs. Deputados : Cumprindo determinações de disciplina partidária, fazendo, ainda, minhas, as palavras de meus ilustres colegas, aqui já proferidas, sobre o passamento deste ilustre homem que foi Camilo Chaves, trago em nome do Partido Social Democrático, do povo de Uberlândia, e em especial do Triângulo Mineiro, o pesar pelo infausto acontecimento, que em uma biografia rápida foi o mesmo de nosso maior respeito, pelo muito que fez pela nossa região.

O Sr. Lourival Brasil (Para encaminhar a votação) – Sr. Presidente e Srs. Deputados: Em meu nome pessoal e no dos municípios do Triângulo Mineiro que tenho a honra de representar nesta Casa, associo-me às justas homenagens de pesar que esta Assembleia tributa à memória de Camilo Chaves.

Homem público dos mais dignos e dos mais sinceros, escritor, ex-deputado e ex-senador, prestou Camilo Chaves os mais assinalados e os mais relevantes serviços à região triangulina e a toda a Minas Gerais.

Por todas estas razões, o seu desaparecimento foi profundamente sentido em toda a região do Triângulo Mineiro. Justas, portanto, por todos estes títulos, são as homenagens que a Assembleia Legislativa presta, neste momento, à memória daquele grande homem que foi Camilo Chaves.

O Sr. João Herculino (Para encaminhar a votação) – Sr. Presidente e Srs. Deputados: Em nome do P. T .B ., eu me associo à proposição do Sr. Omar Diniz, de homenagem póstuma ao senador Camilo Chaves, na qual este deputado pede a suspensão dos nossos  trabalhos.

Nós, moços de Minas, nós, políticos militantes, evidentemente temos de render as nossas homenagens àqueles que nos serviram de exemplo, pelo seu amor à terra, pelo carinho com que sempre- trataram as coisas do povo.

No caso em tela, o do senador Camilo Chaves, devo salientar que S. Excia. foi um grande humanista, um homem de letras, que dedicou toda a sua vida à cultura e à política de nossa terra. Nós, que nos sentimos realmente chocados pelo desaparecimento desse senador, aqui estamos para nos solidarizar com estas homenagens que lhe são prestadas, reiterando o pedido feito, para que se comunique à família enlutada as homenagens nesta Casa prestadas ao Dr. Camilo Chaves. 

Esperam os também que o seu nome sirva de exemplo à mocidade de nossa terra, para que ela se sinta sempre disposta a trabalhar pela grandeza de Minas e do Brasil.

O Sr. Machado Coelho (Para encaminhar a votação) – Sr. Presidente e Srs. Deputados: Tendo em vista as peregrinas virtudes do senador Camilo Chaves na sua luminosa vida pública, a bancada do iP.D.C. se associa, com o coração enlutado, às justas homenagens que esta Casa. agora presta a esta figura da política mineira.

Estou plenamente de acordo com a suspensão de nossos trabalhos, como homenagem justa a este grande homem.

O Sr. Presidente – Em votação. Os Srs. deputados que aprovam o requerimento do Sr. amar Diniz, que pede a suspensão da reunião, queiram permanecer assentados. (Pausa.) Foi aprovado. 

A Imprensa

O órgão oficial do Estado – “Minas Gerais”, em sua edição de 8/2/955, assim se expressou:

“Teve sentida repercussão, em nossa sociedade, a notícia do falecimento ocorrido no dia 3 deste, nesta Capital, do Dr. Camilo Chaves, antigo e ilustre parlamentar mineiro.

Senador pela antiga Constituinte Mineira, projetou- se entre as figuras de maior relevo de sua época. Além de político, possuía o extinto acentuado gosto pela literatura, tendo publicado o romance “Caíapônia”, inspirado nos costumes sertanejos.

Era militante das atividades espíritas e ocupava o cargo de presidente da União Espírita Mineira.”

A seguir, essa importante folha mineira traça a biografia do ilustre extinto e apresenta amplo noticiário sobre o sepultamento.

Igualmente, todos os grandes jornais de Belo Horizonte renderam homenagens ao querido Dr. Camilo, o idealista, o virtuoso, o abnegado espírita do Estado de Minas Gerais. 

Cerca de seis meses depois, o então Governador de Minas, Dr. Clóvis Salgado, criou o terceiro Grupo Escolar da progressista cidade de Ituiutaba, onde residira por certo tempo o nosso biografado, dando àquele Grupo o nome de “Senador Camilo Chaves”.

Eis, em ligeiras notas, o homem bom cuja elevada personalidade deixou marcos imperecíveis em quase todos os setores da laboriosa oficina humana: no campo, no comércio, na cátedra, no jornalismo, na política, nas letras, na ciência e na religião! 

Fonte: Grandes espíritas do Brasil.  

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