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Época de polarizações? É assim que é para ser

Autor: Joelson Pessoa

Mas, uma mudança tão radical como a que se está elaborando não pode realizar-se sem comoções. Há, inevitavelmente, luta de ideias. Desse conflito forçosamente se originarão passageiras perturbações, até que o terreno se ache aplanado e restabelecido o equilíbrio. É, pois, da luta das ideias que surgirão os graves acontecimentos preditos (…)” – Allan Kardec em A Gêsene, Cap 18 (itens 1 a 25)

À medida que evoluímos, os tradicionais costumes deixam de corresponder às novas necessidades, mas essas necessidades não surgem repentinamente de um momento para o outro, para servir-me de um exemplo material, é como um dente que começa a despontar na infância, indica evidentemente um progresso no desenvolvimento do corpo, embora acompanhado de desconforto e dor. Então, no princípio de cada degrau evolutivo que alcançamos, tendemos a sofrer de algum modo com as pressões das novas condições (emocionais / sociais / morais / etc) que enfrentamos.

A Terra é ainda um asilo provisório para os seres humanos em correção, em geral, somos propensos à preguiça (uma satisfação material viciosa e mórbida) . Preguiça para trabalhar, para estudar, para fazer o bem. Enfim, preguiça para se melhorar.

Dada essa preguiça, demoramos, às vezes, demais, para seguir o fluxo natural e espontâneo da caminhada, em todos os aspectos da vida, mas concentraremo-nos no aspecto moral.

Seja por medo do novo (falta de fé), por endurecida convicção aos nosso pontos de vista (orgulho), por apego à sensação confortável do momento (egoísmo), adiamos e adiamos os próximos passos que motivadamente daríamos caso não estivéssemos empacados graças a essas imperfeições.

Essa fase de estacionamento que atravessamos, mais por escolha própria, do que por imposição evolutiva, traz-nos inconvenientes que gradativamente se agravam, até o colapso (e aprenderemos com isso).

Cada indivíduo decidirá quanto suporta sofrer até despertar, pelo autoconhecimento, para novas e indispensáveis atitudes, primeiro elaboradas intimamente, no campo das emoções e das ideias, reformando a visão de si mesmo e consequentemente da sociedade e do mundo. A visão que cada um faz do mundo exterior é reflexo de como percebe-se a si mesmo intimamente, muitas vezes inconscientemente (daí a grande vantagem da terapia para alavancar a consciência).

Se um homem sozinho carrega suas limitações, uma sociedade inteira congrega a extraordinária coleção dessas limitações, e temos o mundo que temos.

ÀS VEZES É NECESSÁRIO QUE O MAL CHEGUE AO EXCESSO PARA SE TORNAR COMPREENSÍVEL A NECESSIDADE DO BEM E DAS REFORMAS  – L.E. 784″

Chocante a afirmação acima feita pelos Espíritos à Kardec (e a todos nós), concorda?

Considerando que seja verdadeira, isso não somente explica os nossos perrengues particulares atuais mas também prevê experiências extremas de dor e problemas desafiadores para quantos entre nós, permaneçam acomodados ou resistentes à mudanças.

Pressões evolutivas desencadeadas pela vagarosa iluminação das consciências, anseiam e reclamam por pensamentos melhores, atitudes melhores, condições melhores, sociedades melhores, um mundo melhor. Melhorar exige reformar. Reformar exige substituições. Substituições se dão em cenários de transições, sensação de desordem, poeira levantada, ruídos, desconforto.

Por longo tempo a maioria de nós aguarda que outros (nossos pais, chefes, cônjuges, governos, Deus) implantem um mundo melhor.

Espera preguiçosa e covarde. Esse mundo melhor não chega com essa espera.

As consciências sofrem, a princípio sem saber porque, para posteriormente compreendem que os preconceitos, as políticas e os sistemas vigentes caducaram e não servem mais. Os mais despertos e conscientes agem, debatem, discutem, sugerem, experimentam, lideram. Os mais inconscientes e por isso mesmo, resistentes, reagem, retrógrados, lutando com todas as forças no sentido de manterem o tal estado de coisas em que se satisfaziam (porcamente), temendo o novo.

Com os debates e os conflitos de idéias, às vezes turbulentos, causando barulho, despertam os mais receptivos entre os resistentes, um a um, depois, multidões a multidões, aos sustos, que, inicialmente chocados e constrangidos pela desilusão, logo abraçam as fileiras mais progressistas, engrossando o coro por sociedades mais humanas, fraternas, justas à medida que menos vozes endossam a conivência com os preconceitos, com as injustiças e as violências  .

Assim é que as senzalas tornaram-se museus, as mulheres emancipam-se, a diversidade sexual começa a ser compreendida, o Direito se refina.

O machismo, as discriminações (todas elas), a degradação do meio ambiente e a desigualdade social são os entulhos insalubres de uma era e serão as próximas a desaparecer nessas próximas gerações, graças as reformas que ora encontram-se em borbulhante ebulição.

Neste contexto de irreversíveis transformações, qual é a sua parcela de contribuição: progressista ou retrógrada? Evite mentir para si mesmo, aqui não existe meio termo. “Aquele que comigo não inclui, segrega” – Jesus / Lucas 11:23

Juventude Espírita 12/04/2019

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