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Fraternidade e solidariedade

Autor: Marcus De Mario

Todos sabemos dos problemas que afligem a humanidade, em maior ou menor escala, assim como temos noção dos dramas íntimos que fazem sofrer as pessoas, Dores, aflições e sofrimentos da mais variada ordem acometem os seres humanos em todas as circunstâncias e em todos os tempos, entretanto, não é porque estamos encarnados num mundo de expiações e provas, adequado ao progresso moral que fizemos até o momento, que devemos nos entregar a essas aflições, dores e sofrimentos, como se nada pudesse ser feito para minorá-las, pois Deus, nosso Pai, muito nos ama e, através desse amor, nos entrega um potencial, chamado potencial divino, para colocarmos em ação na busca incessante da felicidade.

Tal é o entendimento dos Espíritos Superiores, como lemos no texto do Espírito Lázaro, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo 11, item 8:

A Lei de Amor substitui a personalidade pela fusão dos seres e extingue as misérias sociais. Feliz aquele que, sobrelevando-se à humanidade, ama com imenso amor os seus irmãos em sofrimento!

O amor é lei divina a reger todo o universo, ou todos os universos, levando em consideração as realidades materiais e espirituais da vida. Com esse entendimento o Espiritismo nos explica que Deus não castiga seus filhos, pelo contrário, dá-nos sempre novas oportunidades de repararmos o mal cometido e fazermos o bem, o que não nos isenta de assumir as responsabilidades pelas consequências do mal realizado, assim como recebermos os louros pelo bem desenvolvido. Tal é a regra: temos sempre de assumir as consequências do que fazemos. Se fizermos o mal, a consequência não pode ser a felicidade, pois esta somente pode ser alcançada pela prática do bem. Se estamos sofrendo, não é por castigo divino, pois a semeadura é livre mas a colheita é obrigatória.

Esse entendimento da Doutrina Espírita é aplicável tanto aos indivíduos, como igualmente às coletividades humanas, pois se temos responsabilidades individuais, temos também responsabilidades sociais. Somos seres de relação e não vivemos isolados, interagindo constantemente com os outros e com a natureza, portanto, somos responsáveis pelo que acontece com os outros e com o meio ambiente, não sendo lícito transferir essa responsabilidade para as autoridades públicas, para os empresários e assim por diante. Para darmos um exemplo, normalmente quem suja as ruas, espalhando detritos os mais diversos, somos nós, individualmente ou em grupo, descartando o lixo sem cerimônia pelas calçadas, quando existem lixeiras, existe o serviço de coleta pública do lixo, quando podemos perfeitamente guardar o lixo e levá-lo para casa, quando for possível, para o descarte correto. E devemos lembrar, nesse exemplo, a necessidade e importância do descarte seletivo do lixo, separando o que é reciclável do que é orgânico. Tudo isso é de nossa responsabilidade individual, refletindo no social.

Lázaro nos diz que a aplicação da lei de amor substitui a personalidade pela fusão dos seres, com a consequente extinção das misérias sociais. Ele não está afirmando que a lei de amor acabará com a individualidade, mas sim com o egoísmo que ainda nos caracteriza, fazendo com que entendamos a necessidade da união, da fraternidade e da solidariedade, na fusão dos indivíduos pelo bem coletivo, para todos, sem nenhuma espécie de distinção. Isso equivale a dizer que a vivência dos ensinos morais de Jesus levará a nós seres humanos, que somos espíritos imortais reencarnados, a extinguir, com o tempo, toda e qualquer miséria social, pois numa verdadeira civilização ninguém deve morrer de fome ou sofrer qualquer tipo de violência.

E Lázaro vai ainda mais longe no seu pensamento: encontra a felicidade, aqui mesmo na Terra, aquele que não se deixa levar pelos sofrimentos, colocando em ação uma resignação ativa, amando seus irmãos e confiando na providência e misericórdia divinas. Portanto, temos um roteiro bem estabelecido para viver melhor, que requer, naturalmente, esforços para implementação da fraternidade e da solidariedade, quando faremos a construção paulatina da justiça social, da paz e da felicidade entre os homens.

O ensinamento espírita, trazido pelos Espíritos Superiores, analisados e comentados por Allan Kardec, destaca a lei de amor, sempre vigente, como luz da nossa vida, afinal, eis aqui a profundeza desse ensino, somos todos irmãos, filhos do mesmo Pai, e irmãos devem se esforçar por se entenderem, ou seja, em se amarem. É a falta do amor uns pelos outros que nos lança na dor e no sofrimento, prevalecendo o egoísmo e o orgulho nas relações, gerando aflições as mais diversas como a guerra, a miséria, a discriminação, o preconceito, a injustiça, os privilégios e assim por diante.

Se queremos estabelecer a felicidade no mundo terreno, e também no mundo espiritual, o único caminho é o amor, começando por fazer da vida um terreno fértil para o cultivo da fraternidade e da solidariedade.

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