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Infância e simplicidade

Autora: Eugênia Pickina

As coisas que não levam a nada têm grande importância 

Manoel de Barros

Nada de excesso, nem pressa, quando simplificamos o mundo da criança, ela tem liberdade para um crescimento saudável, criativo e alegre.

Sem dúvida, e principalmente na primeira infância, nós, os adultos, devemos renunciar à competição, à comparação, à busca incansável pelas atividades para educar as crianças. Os filhos, na infância, necessitam de simplicidade.

Sem dúvida, a forma mais fácil de assegurar a simplicidade à criança é começar com nosso ambiente doméstico. Crianças com poucos brinquedos têm motivo para explorar o mundo – e vão se enriquecer com uma folha outonal, uma pedrinha lisa, uma galho de goiabeira no chão da pracinha…  Além disso, quando simplificamos o cotidiano familiar, permitindo que as crianças não estejam sufocadas com atividades extracurriculares, oferecemos a elas tempo livre para invencionices, experimentos de atenção, frustração, conquistas.

Para a família, o simplificar também é um processo contínuo – reduzir as posses, comprar apenas o necessário, desenvolver novos ritmos vinculados com o mundo natural, atrair espaços para uma rica convivência familiar ajudam, por exemplo, a evitar, para as crianças, os quadros de estresse, depressão, a falta de atenção tão comum em quem, desde cedo, tem que se submeter a uma multidão de atividades complementares…

É um fato: as crianças precisam de poucas coisas, poucos brinquedos, poucas roupas, pouca informação. O mais importante? Permitir que elas simplesmente desfrutem a infância, brinquem, explorem o mundo, mantendo-se naturalmente curiosas, flexíveis e alegres. Afinal, o trabalho mais importante da criança é o brincar…

Repetindo: na infância a vida deve ser vivida sem pressa, sem estar a criança atropelada pelo excesso, pois se leva tempo para amadurecer o que vai ser a base da vida adulta. Em casa, a criança deve ser envolvida por segurança, respeito pelo seu ritmo e alegria, e isso para conseguir vivenciar (com mais plenitude) um mundo bom pertinente à infância, desenvolvendo-se física, emocional e espiritualmente.

O Direito das Crianças, de Ruth Rocha

Toda criança no mundo

Deve ser bem protegida

Contra os rigores do tempo

Contra os rigores da vida.

Criança tem que ter nome

Criança tem que ter lar

Ter saúde e não ter fome

Ter segurança e estudar.

Não é questão de querer

Nem questão de concordar

Os direitos das crianças

Todos têm de respeitar.

* 

Tem direito à atenção

Direito de não ter medos

Direito a livros e a pão

Direito de ter brinquedos.

Mas criança também tem

O direito de sorrir.

Correr na beira do mar,

Ter lápis de colorir…

Ver uma estrela cadente,

Filme que tenha robô,

Ganhar um lindo presente,

Ouvir histórias do avô.

Descer do escorregador,

Fazer bolha de sabão,

Sorvete, se faz calor,

Brincar de adivinhação.

Morango com chantilly,

Ver mágico de cartola,

O canto do bem-te-vi,

Bola, bola, bola, bola!

Lamber fundo da panela

Ser tratada com afeição

Ser alegre e tagarela

Poder também dizer não!

Carrinho, jogos, bonecas,

Montar um jogo de armar,

Amarelinha, petecas,

E uma corda de pular.

O consolador – Ano 16 – N 776 – Cinco-marias

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