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Infância e educação financeira

Autora: Eugênia Pickina

Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina

Cora Coralina

Qualquer idade é boa para transmitir os princípios do consumo responsável. No entanto, a infância é a etapa mais recomendada para a educação financeira, porque é nesta fase que se definem as bases de nossa personalidade e de nosso caráter.

O consumo responsável é uma alternativa ao modelo do consumo massivo que presenciamos dia a dia. Ele se norteia em valores como a responsabilidade, a solidariedade, o cuidado com os recursos e o meio ambiente, o papel do cidadão, entre outros.

Se a atual sociedade de consumo incentiva as pessoas constantemente a comprar, sejam adultos ou crianças, educar os filhos segundo um uso racional do dinheiro, para que sejam possuidores responsáveis, é questão vital à segurança das famílias.

As crianças muitas vezes pedem aos pais que lhes comprem coisas que veem na televisão, e o querem de forma imediata. O filho (pequeno ou grande), no entanto, precisa aprender que isso é ilógico, pois não faz sentido realizar gastos desnecessários. A melhor maneira de educar para o consumo racional é falar com os filhos desde tenra idade sobre a incoerência das propostas publicitárias e mostrar o exemplo – se os pais são modelo de consumo irracional e compram coisas desnecessárias, por exemplo, as crianças também o farão.

É fundamental que ensinemos as crianças que vivemos em um mundo em que a publicidade tem um papel central e para que elas aprendam a decodificar as mensagens enganosas que, de maneira incessante, são transmitidas pelas mídias.

De outro lado, a criança desde cedo precisa ser incentivada a economizar luz, água, ter noção sobre os recursos naturais (não desperdiçar comida, reciclar, por exemplo). É valioso também a criança conhecer o benefício da poupança, pois isso tem na vida importância similar a aprender a somar, subtrair e dividir.

Especialistas na área financeira apontam que entre 3 e 5 anos as crianças devem aprender quatro princípios que toda pessoa deve conhecer para ter uma vida financeira inteligente: 1) necessitamos de dinheiro para comprar coisas; 2) ganhamos dinheiro através do trabalho; 3) devemos esperar antes de gastar; e 4) há uma diferença entre o que eu quero e o que eu necessito.

No dia a dia, e conforme a idade, os pais podem envolver a criança nas tarefas domésticas, incentivando-a para que cuide de seu quarto, dos seus brinquedos, tenha respeito por seu material escolar. Consertar o brinquedo que quebra antes de comprar um novo. Cuidar das coisas porque elas têm valor é custoso obtê-las.

Os pais, com persistência, podem ajudar as crianças a desenvolver uma mentalidade resiliente para não se submeterem na adolescência ao consumismo compulsivo. Juntar moedas, na infância, faz portanto todo o sentido!

O consolador – Ano 12 – N 594 – Cinco-marias

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