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Filme: O homem aranha (2000)

Autor: Edgar Egawa

O Homem Aranha (2000) é o meu paradigma de filme aparentemente sem relação com a Doutrina Espírita, mas que, sob uma análise mais atenta, revela nuances que eu espero descrever com propriedade neste artigo . O filme é uma salada bem temperada de aspectos fundamentais do Espiritismo: o moral, o fenomênico e o de relações com os espíritos. Tanto a interpretação quanto os feitos especiais ajudam a compreender melhor cada um deles.

A omissão, causa e efeito, o homem de bem Peter é levado por um desejo egoísta após adquirir seus poderes, a usá-lo na obtenção de dinheiro para compra de um carro e facilitar a conquista da garota de seus sonhos (Mary Jane). Ao ser enganado pelo dono da arena de luta-livre, ele tem a oportunidade de deter o ladrão que roubou a féria do dia, mas deixa-o passar. Ao voltar para a biblioteca, onde deveria encontrar seu tio Bem, encontra-o moribundo. Peter, ou o Homem Aranha, como o chamou o locutor da arena, parte em busca do assassino de seu tio, para no final descobrir que era o mesmo ladrão a quem facilitara a fuga. Corroído pela culpa, ele parte para o combate ao crime. Isso remete à questão 642 do Livro dos Espíritos: É suficiente não fazermos o mal para agradarmos a Deus e assegurarmos nosso futuro? E a resposta: Não. É necessário fazermos o bem no limite de nossas forças; porque o homem responderá por todo o mal gerado pelo bem que ele deixou de fazer, o que é traduzido pelo pai adotivo de Peter: “Com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades”. E o Homem Aranha compensa uma atitude impensada e imatura que gerou um desastre observando as características do homem de bem, como descritas no Evangelho Segundo o Espiritismo.

Mediunidade em ação

O sentido de aranha nada mais é do que a clarividência em ação, da maneira como é descrito no filme. Logo após jogar involuntariamente sobre Flash Thompson a bandeja de comida, Parker vai até o armário, onde tem a visão de um punho quando em sua direção em câmera lenta . Ele se desvia, evitando o golpe. Há um outro momento em que fica evidente a clarividência, mas deixo ao espectador o trabalho de descobrir.

Obsessão

Observe atentamente a cena após o atentado na feira (estréia do Duende Verde), em que Norman Osborn se espanta ao descobrir que os diretores de sua empresa – o mesmo grupo que votou pela venda do conglomerado – foi morta durante o evento pelo Duende Verde. O diálogo entre Osborn e o Duende explicitam um dos mecanismos utilizados pelos obsessores: a sedução através dos vícios presentes no caráter do obsedado – no caso, a ânsia pelo poder. Quaisquer obras, analisadas sob a ótica de nossa experiência de vida – o que abrange nossa formação profissional, familiar, moral, religiosa, filosófica – podem servir como exemplos para aquilo que queremos abordar. Para isso, é preciso que sempre estudemos e que tenhamos um olhar atento para o mundo. O próximo filme a ser abordado será Por um fio. Até breve.

Fala MEU! Edição 28, ano 2005

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