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O passe no centro espírita

Autora: Teresinha Olivier

Muitas técnicas foram desenvolvidas e muitos nomes e explicações foram dados à prática de aliviar ou curar com a imposição das mãos, prática que acontece em todos os tempos, na maioria das religiões e fora delas também.

O exemplo de Jesus, que usou desse recurso inúmeras vezes, deixou uma forte impressão quanto ao poder que ele possuía na cura daqueles que o procuravam e, pela falta de entendimento quanto às leis que regem esse fenômeno, as curas que ele efetuou foram consideradas milagres. O Espiritismo veio explicar essas leis.

Kardec explica que os fluidos perispirituais servem de veículo ao pensamento, às sensações e percepções do Espírito, seja encarnado ou desencarnado, e que contém as qualidades dos pensamentos e sentimentos que o Espírito cultiva. Ele comenta:

“A extensão dessa faculdade depende do grau de elevação e purificação do Espírito. É ainda com a ajuda desse fluido que o próprio homem age à distância, sobre certos indivíduos, pelo poder de sua vontade; que modifica, dentro de certos limites, as propriedades da matéria; dá propriedades determinadas a substâncias inativas; repara desordens orgânicas e opera curas pela imposição das mãos.” (A Gênese – capítulo II – item 22)

“Estando (o fluido perispiritual) condensado no perispírito, o agente propulsor é o Espírito, encarnado ou desencarnado, que infiltra num corpo deteriorado uma parte da substância de seu envoltório fluídico.” (A Gênese – capítulo XIV – item 31)

“O princípio é sempre o mesmo: o fluido desempenha o papel de agente terapêutico, cujo efeito está subordinado à sua qualidade e a circunstâncias especiais.” (A Gênese – capítulo XIV – item 32)

No item 33 do mesmo capítulo Kardec explica que:

A ação magnética pode se produzir de várias maneiras:

  1. Pelo próprio fluido do magnetizador; é o magnetismo propriamente dito, ou magnetismo humano, cuja ação está subordinada à potência e, sobretudo, à qualidade do fluido;
  2. Pelo fluido dos Espíritos, agindo sobre um encarnado, diretamente e sem intermediário, para o curar ou acalmar um sofrimento, para provocar o sono sonambúlico espontâneo, ou para exercer qualquer tipo de influência física ou moral. É o magnetismo espiritual, cuja qualidade é proporcional a do Espírito.
  3. Pelos fluidos que os Espíritos derramam sobre o magnetizador, que lhes serve de condutor. É o magnetismo misto, semiespiritual, ou humano-espiritual. O fluido espiritual combinado com o humano dá a este último as qualidades que lhe faltam. O concurso dos Espíritos em semelhantes circunstâncias é, por vezes, espontâneo, mas o mais comum é que o apelo do magnetizador o provoque.

No centro espírita, o mais comum, pelo que conhecemos, é o terceiro tipo. Os médiuns se preparam, fazendo um apelo aos bons Espíritos para que os auxiliem na aplicação do passe. Mas, quem deve tomar o passe? Quando tomar o passe?

Se o passe é um tipo de auxílio para quem está com algum problema e precisa de alívio, a prática deveria ser dirigida a essas pessoas. Mas não é o que está acontecendo nas casas espíritas. Criou-se uma rotina na qual todos ou quase todos que frequentam a reunião pública tomam o passe, precisando ou não. Existem frequentadores que por anos seguidos entram na fila do passe. Será que é essa a finalidade dessa prática? Acreditamos que não.

Os frequentadores da casa espírita precisam ser esclarecidos que o passe não é uma “panaceia” que resolve todos os problemas, mas apenas proporciona um alívio, uma melhora, muitas vezes até a cura, porém, se a pessoa não fizer sua parte que consiste em se modificar quanto aos seus pensamentos, sentimentos e atitudes, voltará a adoecer, porque a causa da maioria dos males está no modo de ser e sentir de cada um.

E precisam ser esclarecidos também que, se estiverem bem, não precisam tomar o passe. Pelo contrário, podem colaborar com a reunião com seus pensamentos e sentimentos voltados para o bem.

Outro esclarecimento importante é que, quando adentramos a casa espírita com a intenção sincera de aprender e de nos modificar para melhor, porque esse é o objetivo principal da doutrina, estaremos recebendo dos Espíritos a inspiração que necessitamos para alcançarmos esses objetivos elevados, e a força necessária para enfrentarmos os desafios que fazem parte do aprendizado que precisamos adquirir. O mais importante de tudo são os conhecimentos que, se bem estudados e vivenciados, promovem a nossa transformação moral.

É todo um trabalho interior. O que vem de fora, como o passe por exemplo, é um estímulo, um auxílio, um reforço para que tenhamos forças para nos trabalharmos interiormente e desenvolvermos o potencial de Espíritos imortais que somos.

Não podemos nos acomodar e esperar que outros, sejam encarnados ou desencarnados, façam por nós o que é da nossa competência, por que isso não vai acontecer. Temos a responsabilidade sobre nós mesmos, somos capazes. Precisamos exercer essa capacidade.

Gostaria de terminar este texto com um trecho do livro de Herculano Pires – Obsessão, O Passe, A Doutrinação – que mostra claramente a responsabilidade que temos conosco mesmos e o quanto nós mesmos podemos fazer pelo nosso próprio bem:

“Você é um ser humano adulto e consciente, responsável pelo seu comportamento.

Controle as suas ideias, rejeite os pensamentos inferiores e perturbadores, estimule as suas tendências boas e repila as más. Tome conta de si mesmo.

Deus concedeu a jurisdição de si mesmo, é você quem manda em você nos caminhos da vida. Não se faça de criança mimada.

Aprenda a se controlar em todos os instantes e em todas as circunstâncias.

Experimente o seu poder e verá que ele é maior do que você pensa.”

OBS: As transcrições que fizemos de A Gênese neste texto, foram tiradas da primeira tradução autêntica da FEAL, versão original escrita por Allan Kardec.

Dica

A autora participa semanalmente dos grupos de estudos online, abaixo. Se tiver interesse em participar também, são abertos para todos os públicos.

Reuniões: Estudo do livro O Céu e o Inferno (primeira edição autêntica)

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