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Os dramas sociais e a responsabilidade humana

Autor: Marcus De Mario

Vários países estão sofrendo forte pressão em suas fronteiras face ao processo de grandes levas populacionais de outros países que querem adentrar em seu território, onde sonham conseguir melhor condição de vida. Isso está acontecendo, por exemplo, com os países europeus, com os Estados Unidos e outras nações. Conclama-se a esses países terem políticas públicas claras de acolhimento, albergamento e encaminhamento humanitário para os refugiados de outros países, e isso é justo e necessário, mas não é solução, pois a migração de populações inteiras tem suas causas que precisam ser combatidas. Por que essa massa de migrantes pedindo socorro e correndo risco de morte em travessias muito perigosas? Porque seus países estão mergulhados em guerras civis, em crises econômicas, em perseguições políticas realizadas por governos totalitários, e tudo isso leva à fome, à miséria, à injustiça social, à corrupção, à perseguição por pensar diferente, à falta de educação, de oportunidade de trabalho digno e bem remunerado,à falta de qualidade na saúde pública.

A solução não está simplesmente em destinar verbas públicas emergenciais a esses países, pois pesquisa realizada pela Organização das Nações Unidas mostrou que de cada cinco dólares destinados a programas de ajuda humanitária, dois a três dólares desaparecem por causa da corrupção e enriquecimento ilícito de poucos. Temos, pois, um grave problema de ordem moral a ser resolvido, o que somente pode acontecer com a educação, que normalmente não é prioridade dos governantes dessas nações.

Isso não quer dizer que os países ricos devam paralisar a ajuda humanitária, pois não se pode condenar a população a mais sofrimento, mas que devem fazer pressão sobre esses governos para que os mesmos mudem suas políticas públicas, condicionando o auxílio a realizações práticas nos campos da educação, da saúde, do emprego, do saneamento básico, do desenvolvimento econômico e da garantia dos direitos humanos.

É natural que diante de quadros emergenciais tenhamos a ação humanitária de organizações como a Cruz Vermelha, Médicos sem Fronteiras, Unesco e outras, que realizam trabalho exemplar e merecem todo apoio, entretanto o ideal é a mudança de postura dos governantes dessas nações empobrecidas e mergulhadas em despotismo e guerra civil, para que as causas sejam erradicadas em sua raiz, e que não fiquem perpetuamente dependentes da ajuda humanitária internacional, que nem sempre chega à população.

Já passou a hora de entendermos a necessidade da fraternidade e da solidariedade acima de interesses políticos mesquinhos. O governante, seja ele quem for, seja de qual ideologia for, tem compromisso com o bem estar coletivo, de todos, e comete crime de lesa humanidade quando sanciona privilégios e cerceia a liberdade, liberdade que é direito inalienável do indivíduo.

Os dramas sociais existem, isso é fato, mas a responsabilidade por sua existência não é de Deus, e sim nossa responsabilidade, pois somos nós, os seres humanos, que criamos as diferenças, que alimentamos os preconceitos, que aplaudimos o desgoverno, que mantemos as injustiças e os privilégios, e que fomentamos o monstro devorador implacável da guerra, gerando dor, sofrimento, miséria, destruição e ódios.

Onde a solução para tão grave questão social? A solução está na educação, mas a educação como entendida pelo Espiritismo, ou seja, a educação moral do espírito imortal, aquela que dá ao indivíduo perspectiva transcendente para o viver, aquela que combate as más tendências do caráter e faz desenvolver as virtudes, colocando no mundo homens e mulheres de bem, que não mais admitirão a existência da injustiça e da miséria, e que tudo farão, em nome do amor, para estabelecer a paz, a ética, a cooperação entre as pessoas e entre as nações.

Longe ainda podemos estar dessa nova humanidade, contudo mais próximo dela ficaremos se não mais adiarmos a educação moral numa visão espiritualista, como a que nos entrega a Doutrina Espírita, que revive em espírito e verdade os ensinos morais de Jesus, como os encontramos no Evangelho, a luz imperecível do amor maior que deve iluminar os passos, os corações e as mentes de todos os seres humanos.

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