fbpx

Pílulas do dia seguinte: Algumas considerações

Autor: Jorge Hessen

Muitas vezes por ignorância alguns defendem o uso da “pílula do dia seguinte”(1) e por esse método contraceptivo estão contribuindo (ainda que inconscientemente) para o aborto. Isto porque muitos não têm maiores e mais precisas informações sobre em que momento ocorre o processo de interrupção da concepção. Contudo, uma questão muito simples, mas que confunde muitos pesquisadores, é sobre o começo da vida.
Quando podemos afirmar que o ser humano adquire vida?

O médium Divaldo Franco explica que “A concepção dá-se no momento em que o espermatozóide penetra no óvulo e começa a viagem do ovo na direção da implantação na intimidade uterina da mulher. Qualquer recurso após a fecundação que vise eliminar a vida, para nós, espíritas, é um aborto delituoso. A pílula do dia seguinte, o DIU e outros instrumentos que impedem a continuação do processo da fecundação é um mecanismo de destruição da vida. Portanto: abortivo.”(2)

Portanto, para nós espíritas a vida inicia na fecundação, geralmente na tuba uterina da mulher, quando o corpo perispiritual do Espírito reencarnante fixa-se vigorosamente na célula-ovo, ou zigoto(3). Após o que, na fecundação no terço distal(4) da tuba uterina, o embrião, o novo indivíduo (a tríade hominal – corpo geneticamente estruturado, perispírito e Espírito) deve rumar até o arcabouço uterino, levando cerca de 1 (uma) semana para implantar-se (nidação). Para essa caminhada e nidação, é necessário que todo o aparelho feminino esteja funcionando adequadamente e o útero esteja na fase secretória (adequada para o embrião), sob um controle hormonal natural da mulher. Em qualquer atraso, o embrião “morre de fome”, por falta de nutrientes, e é absorvido pelo próprio organismo da mulher e o Espírito desliga-se para aguardar nova oportunidade reencarnatória(5). Por interferir nos mecanismos hormonais que regulam o ciclo menstrual – maturação do revestimento interno do útero (endométrio) – a “pílula pós-coito” – como também é conhecida – altera o padrão menstrual (antecipando ou adiando a data esperada, aumentando ou diminuindo o volume do fluxo). Por esse motivo, este método não deve ser utilizado, por prudência e lógica.

A questão 358 de O Livro dos Espíritos deixa clara a questão do aborto: é um crime. Destarte, “os médicos das AMEs (Associações Médico-Espíritas) comprometem-se a lutar (…) contra a administração da chamada “pílula do dia seguinte”(6), por ser abortiva. E mais ainda, “quando forçado a receitar a “pílula do dia seguinte”, nos ambulatórios públicos, o médico espírita não o faz, para isso, lança mão de um direito legítimo, reconhecido pelo Código de Ética Médica, que é o de ser fiel à sua própria consciência. Do mesmo modo, o anestesista espírita lança mão desse mesmo direito para não participar das equipes de abortamento legal já existentes em alguns hospitais do país.”(7)

A “pílula do dia seguinte é utilizada para prevenir uma gravidez indesejada após o coito supostamente desprotegido. É administrado livremente ou legalmente em caso de estupro (a lei brasileira é a favor do aborto em caso de estupro). Independente de qualquer reflexão ética, o fato de ser uma alta dose de hormônio sintético, além dos efeitos colaterais imediatos que causa, o uso repetitivo predispõe a diversas doenças na mulher, dentre elas, o câncer de mama. E, mais ainda, “usar ou não usar, qual é o mais ético? Se há a possibilidade do aborto (não conhecemos pesquisas sobre a porcentagem), por menor que seja, a ética e o bom senso, diante da consciência, indicam para não usar, pois é impossível a mulher saber o que realmente está acontecendo e se há um Espírito reencarnante desejoso de ser “embalado” carinhosamente no colo materno, na expectativa de uma nova existência de lutas e realizações, junto de sua mãe.”(8)

Segundo Humberto Costa, ex-ministro da Saúde, “a despeito de muitos argumentos de fundo religioso ou de discussões de cunho moral, a maioria dos brasileiros é favorável a uma política universal – e principalmente eficaz – de planejamento familiar. No Brasil 84,4% são a favor, inclusive, da distribuição de pílulas anticoncepcionais de emergência, as chamadas “pílulas do dia seguinte”(9). O homem pode programar a família que deseja e lhe convém como ter número “x” de filhos, período propício para a maternidade, jamais, porém, se eximirá aos imperiosos resgates a que faz jus, tendo em vista suas experiências do pretérito.

Melhor seria não impedir a volta dos Espíritos ao corpo de carne, já que o espírita não desconhece a seriedade da planificação reencarnatória. Antes de retornarmos às experiências físicas é bem provável que nos tenhamos comprometido a receber, como filhos, um número determinado de Espíritos. Logo, a reprodução humana estava naturalmente acertada numa cota previamente estabelecida, quando ainda nos encontrávamos nos planos espirituais(10).

Existem muitas famílias que deliberadamente esquivam-se de possuir filhos. Em face dessa opção, de que maneira se avaliar a atitude dos casais que evitam os filhos (inclusive muitos casais dignos e respeitáveis, sob todos os pontos de vista), que sistematizam o uso de anticonceptivos? Recorremos ao livro Ação e Reação ditado pelo Espírito André Luiz, que entroniza algumas ponderações de Silas, sobre esta questão, que adverte: – “(…) Se não descambam para a delinqüência do aborto, na maioria das vezes são trabalhadores desprevenidos que preferem poupar o suor, na fome de reconforto imediatista. Infelizmente para eles, porém, apenas adiam realizações sublimes, às quais deverão fatalmente voltar, porque há tarefas e lutas em família que representam o preço inevitável de nossa regeneração. Desfrutam a existência, procurando inutilmente enganar a si mesmos, no entanto, o tempo espera-os, inexorável, dando-lhes a conhecer que a redenção nos pede esforço máximo. Recusando acolhimento a novos filhinhos, quase sempre programados para eles antes da reencarnação, emaranham-se nas futilidade e preconceitos das experiências de subnível, para acordarem, depois do túmulo, sentindo frio no coração… (…)”(11) (grifamos)

Importante também serem lembradas são as conseqüências para o ser abortado. Espíritos esses destinados ao reencontro com aqueles a quem no passado foram ligados por liames desarmônicos, ao se sentirem rejeitados, devolvem na idêntica moeda o amargo fel do ressentimento. Desta forma, permanecem ligados ao centro vital genésico materno, induzindo consciente ou inconscientemente a profundos distúrbios ginecológicos aquela que fora destinada a ser sua mãe. Nessa vampirização energética, tornam-se verdadeiros endoparasitas(12) do organismo perispiritual, aderindo também ao centro vital esplênico, sugando o fluido vital materno.

Cremos que há necessidade urgente de que se tenha consciência do mal que se pratica quando se interrompe o curso da vida de um ser. Não importa se, como no caso, esse curso esteja em sua fase inicial. Não se pode, conscientemente, acobertá-lo com o manto de questionável “legalidade”.

Surge, aqui, uma inferência imediata: a de que a determinação de respeito aos direitos do nascituro acentua a necessidade legal, ética e moral de existir maior e quase absoluta limitação da prática de quaisquer meios que redundem em abortamento. Uma exceção, apenas, há: quando for constado, efetivamente, risco de vida à gestante(13).

Fontes

1 – Criada pelo pesquisador Etienne-Emile Baulieu, médico e cientista francês, diretor da Unidade 33 do Inserm, em Paris, que se tornou famoso como pai da “pílula do dia seguinte”, a RU 486, pílula abortiva, adotada há muitos anos na França e, desde o ano 2000, nos EUA.
2 – Disponível em acessado em 17/9/2005.
3 – Produto diplóide – com 46 cromossomos – da união da célula germinativa masculina e da feminina.
4 – Diz-se da extremidade mais afastada de um órgão, do ponto em que ele se liga ao corpo.
5 – Para maiores detalhes de como ocorre essa ligação, numa bela descrição do Espírito André Luiz, leia “Missionários da Luz”, psicografia de Francisco Cândido Xavier, capítulos XIII e XIV.
6 – Extraído da Revista Cristã de Espiritismo, n.º 26, páginas 06-11.
7 – Idem.
8 – Disponível em acessado em 15/9/2005.
9 – Humberto Costa, 47, médico psiquiatra, ex-ministro da Saúde. Foi deputado federal pelo PT-PE (1995-1998)- In: Lógica do Planejamento Familiar. – publicado na Folha de S. Paulo em 15/5/2005.
10 – Disponível em acessado em 18/9/2005.
11 – XAVIER, Francisco Cândido. Anotações Oportunas. ln:_. Ação e Reação. Ditado pelo Espírito André Luiz. 17. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1996. Pág. 210.
12 – Parasito que vive no interior do organismo de um hospedeiro.
13 – Cf. Questão 359 do Livro dos Espíritos.

O consolador – Ano 1 – N 7

spot_img