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Aborto: Uma conversa sincera

Autor: Denis Gleyce

Quero falar com você que está pensando em abortar.

Momento difícil, muitas dúvidas, poucas certezas.

Sei do medo que você está sentindo e da culpa que lhe ronda a consciência, pronta para instalar-se, por tempo indeterminado, no lugar da paz. Vontade de chorar, de gritar, de voltar o tempo. Duas opções: vida ou morte para seu filho(a).

Falar para quem está fora é bem mais fácil, confortável. Difícil mesmo é vivenciar o problema. Quero lhe contar uma história verídica.

Certo dia, um amigo meu foi procurado por um rapaz que mora em sua rua.
O rapaz estava extremamente desesperado. Sua namorada estava grávida. Ele desempregado e ela recém-empregada. Pobres, sem amparo da família, não tinham como sustentar uma criança.

Não apenas isso, os pais da jovem já haviam-na ameaçado com expulsão de casa, caso engravidasse.

O cenário seria os dois desempregados, sem terem onde morar, com uma criança pequena. Por isso, o rapaz estava profundamente angustiado e chorava como menino. Meu amigo ouviu-lhe o desabafo e ao final o pedido. O vizinho queria R$ 50,00 (cinqüenta reais) para pagar a um médico, que se disponibilizou a fazer um aborto clandestino.

Meu amigo era espírita e tinha convicção de que a espiritualidade amiga tinha conduzido aquele rapaz até sua casa para ser melhor orientado.

– Dou R$ 50,00 com a condição de que você peça ao médico que minta para sua namorada.

– Como?!

– Sim, pague a ele para que diga que ela corre risco de vida, caso tente o aborto.

– Mas o médico não vai aceitar – redargüiu o jovem vizinho.

– Vai. Ele quer apenas seu dinheiro – insistiu meu amigo.

– E como vamos criar esta criança?

– Deus proverá!

Assim foi feito. O rapaz pagou ao médico que, sem hesitação, mentiu para a então namorada do vizinho, que desistiu de abortar.

Depois que a criança nasceu, o rapaz contou-lhe tudo. A jovem chorou bastante e abraçou-o emocionadamente. Diante de sua filha, não sabia como a idéia do aborto havia se infiltrado na cabeça. Aquele bebê frágil, dócil, sorridente à sua frente, era seu tesouro maior, sua razão de viver.

De fato, teve dias difíceis, mas nada como pensava. Seus pais reagiram num primeiro momento, mas não foi expulsa de casa e meses depois a única briga entre a mãe e os avós era para que a criança passasse mais tempo com estes.

Ela não fora demitida do trabalho. Gozou licença, teve um parto tranqüilo, os amigos ajudaram e meses depois casou com o rapaz. Ele, algum tempo depois, conseguiu um emprego, onde continua até hoje, e tornou-se um pai dedicado e amável.

A menina completou 8 anos em 2007. Está linda, cheia de vida, é o orgulho e alegria de toda família.

Este é um caso real e não uma história de conto de fadas. Como disse, o rapaz e a jovem passaram por dificuldades, mas as superaram. Pergunte a eles se estão arrependidos da escolha que fizeram?

Não conheço um único caso em que alguém que desistiu do aborto tenha se arrependido. Ao contrário, não conheço um único caso de quem praticou aborto que não tenha ficado com marcas profundas, com traumas pungentes, que às vezes jamais cicatrizam.

Deus conhece seus filhos e dá a cada um apenas o que podem suportar.

Você tem todas as condições de ter um filho, ainda que hoje isso pareça irreal, difícil. Mãe solteira, pai problemático, criança doente, falta de dinheiro, mudanças no corpo, no trabalho, na vida, tudo tem solução, absolutamente tudo. Quantas vezes você já superou dificuldades que pareciam invencíveis? Quantas vezes você conseguiu se sair bem de uma encruzilhada assustadora?

Quando as condições são adversas, é verdade que ter um filho assusta. Mas a vida é isso, é correr riscos que valem a pena, como ter um filho. É estar aberto para mudanças e aprender com elas. É se deixar conduzir por Deus, confiando nele, como um Pai amoroso e sábio. A vida é isso, é tentar, é ousar fazer o bem, ser bom.

Ter um filho é muito mais do que ter despesas, trabalho, preocupações. É bem mais do que isso. Um filho é um mundo novo, maravilhoso, que se abre. É provar o amor incondicional, é degustar beijos e abraços sinceros, afáveis, apertados. É voltar a assistir a desenhos, a andar descalço, a pintar e se rolar no chão, a rir das coisas simples.

Ter um filho é se redescobrir como pessoa, dotada de inocência e pureza. É gozar o prazer de ser recebido após o trabalho com pulos, gargalhadas e muitas histórias. É tornar-se sábio e professor, mesmo com tantas dúvidas sobre a vida. É tornar-se herói, mesmo cheio de medos. É virar rei e rainha, sem trono. Só um filho nos faz compreender o verdadeiro sentido da saudade, do amor pleno, da entrega total. Onde havia tristezas, haverá alegria, festas, amiguinhos. Onde havia solidão, haverá novas amizades e compromissos. Onde havia egoísmo, penetrará a humildade. Onde havia trevas, uma luz radiante a tudo iluminará. Onde havia dúvidas sobre o filho, haverá a certeza de que valeu muito a pena.

Filhos são mestres, amigos, futuro.

O que está crescendo aí na sua barriga, já se alojou em seu coração. Ouça-o. Lá no fundinho você escutará seu chamado amável e carinhoso.

– Pai, mãe, eu te amo. Cuida de mim!

O que está crescendo aí na sua barriga não é apenas um conjunto de células sem vida, um zigoto, um embrião: é a felicidade de seu futuro.

Não tenha medo, Deus proverá!

O consolador – Ano 1 – N 3 – Artigos

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