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Aos espíritos consoladores

Autora: Cármen Cinira (espírito)

*

Donde éreis vós, ó formas imprecisas

De arcanjos tutelares,

Cujas vozes suaves como brisas

Trouxeram-me nas dores,

No auge do meu sofrer, nos meus penares,

A irradiação de brando refrigério!…

*

Frontes aureoladas de esplendores,

Seres cheios de amor e de mistério,

Cujas mãos compassivas

Ungiram meu coração resignado

Com o bálsamo do olvido do passado,

E com os místicos olores

Das meigas sempre-vivas

Da fé mais luminosa e mais ardente…

*

Seríeis o fantasma imaginário

Da mórbida exaltação d’alma do crente?

Não, porque sois os cireneus piedosos

Dos que vão em demanda do Calvário

Da Redenção, nos sofrimentos rudes;

Vindes das mais remotas altitudes

De sublimados mundos luminosos!…

*

Seres do Amor, jamais traduziria

O cântico de luz

Que trouxestes ao leito da agonia

Que eu transpus,

Cheia de desenganos e gemidos!…

Verto ainda os meus prantos comovidos

Lembrando-me do vosso Stradivárius,

Repetindo as cadências dos hinários

Dos orbes da Ventura e da Harmonia,

Onde habitais, glorificando o Amor

Que d’alma faz um ninho de alegria

E um foco de esplendor!

*

Em que sol deslumbrante, em qual esfera

Viveis a vossa eterna primavera?

Ó irmãos consoladores,

Que vindes confortar os pecadores

Penitentes da vida transitória,

*

Dai-me um pouco de luz da vossa glória,

Estendei-me uma única migalha

Da vossa paz, que nutre e que agasalha

Os corações iguais ao meu!…

*

Tenho sede do amor que enfeita o Céu!

Espíritos da luz radiosa e infinda,

Minhalma é fraca e pobre ainda;

Todavia, imortal,

Quero ter dessa luz resplandecente,

E quero embriagar-me inteiramente

Com os vinhos da alegria celestial.

Nota

A poesia acima, psicografada por Francisco Cândido Xavier, faz parte do livro Parnaso de Além-Túmulo

Obra completa: https://www.febeditora.com.br/parnaso-de-alem-tumulo

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