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Marchemos

Autor: Castro Alves (espírito)

*

Há mistérios peregrinos

No mistério dos destinos

Que nos mandam renascer:

Da luz do Criador nascemos,

Múltiplas vidas vivemos,

Para à mesma luz volver.

*

Buscamos na Humanidade

As verdades da Verdade,

Sedentos de paz e amor;

E em meio dos mortos-vivos

Somos míseros cativos

Da iniqüidade e da dor.

*

É a luta eterna e bendita,

Em que o Espírito se agita

Na trama da evolução;

Oficina onde a alma presa

Forja a luz, forja a grandeza

Da sublime perfeição.

*

É a gota d’água caindo

No arbusto que vai subindo,

Pleno de seiva e verdor;

O fragmento do estrume,

Que se transforma em perfume

Na corola de uma flor.

*

A flor que, terna, expirando,

Cai ao solo fecundando

O chão duro que produz,

Deixando um aroma leve

Na aragem que passa breve,

Nas madrugadas de luz.

*

É a rija bigorna, o malho,

Pelas fainas do trabalho,

A enxada fazendo o pão;

O escopro dos escultores

Transformando a pedra em flores,

Em Carraras de eleição.

*

É a dor que através dos anos,

Dos algozes, dos tiranos,

Anjos puríssimos faz,

Transmutando os Neros rudes

Em arautos de virtudes,

Em mensageiros de paz.

*

Tudo evolui, tudo sonha

Na imortal ânsia risonha

De mais subir, mais galgar;

A vida é luz, esplendor,

Deus somente é o seu amor,

O Universo é o seu altar.

*

Na Terra, às vezes se acendem

Radiosos faróis que esplendem

Dentro das trevas mortais;

Suas rútilas passagens

Deixam fulgores, imagens,

Em reflexos perenais.

*

É o sofrimento do Cristo,

Portentoso, jamais visto,

No sacrifício da cruz,

Sintetizando a piedade,

E cujo amor à Verdade

Nenhuma pena traduz.

*

É Sócrates e a cicuta,

É César trazendo a luta,

Tirânico e lutador;

É Cellini com sua arte,

Ou o sabre de Bonaparte,

O grande conquistador.

*

É Anchieta dominando,

A ensinar catequizando

O selvagem infeliz;

É a lição da humildade,

De extremosa caridade

Do pobrezinho de Assis.

*

Oh! bendito quem ensina,

Quem luta, quem ilumina,

Quem o bem e a luz semeia

Nas fainas do evolutir:

Terá a ventura que anseia.

Nas sendas do progredir.

*

Uma excelsa voz ressoa,

No Universo inteiro ecoa:

“Para a frente caminhai!

“O amor é a luz que se alcança,

“Tende fé, tende esperança,

“Para o Infinito marchai!”

Nota

A poesia acima, psicografada por Francisco Cândido Xavier, faz parte do livro Parnaso de Além-Túmulo

Obra completa: https://www.febeditora.com.br/parnaso-de-alem-tumulo

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